Itália endurece contra não-vacinados e exigirá passaporte de vacina para entrar em locais públicos, como estádios
Quem não se vacinar terá mais restrições para evitar que todo o país precise de medidas restritivas de circulação
As infeções por COVID-19 estão aumentando na Europa e as autoridades estão estudando novas medidas para conter o avanço da doença. A questão mais importante detectada por diversos países é a resistência de parte da população para se vacinar. Por isso, o governo italiano deve aumentar a rigidez dos protocolos para incentivar a vacinação, segundo o Corriere della Sera. Um dos afetados será o futebol: a ideia é que só pessoas vacinadas possam entrar nos estádios. Este é só um dos locais que as pessoas que não querem se vacinar não poderão fabricar.
Segundo informado pelo Corriere della Sera, o governo italiano prepara um novo decreto que impedirá que as pessoas que não tenham se vacinado possam entrar em cinemas, teatros, estádios, casas noturnas, estações de ski, academias e piscinas. Há 7,6 milhões de pessoas na Itália que não se vacinaram, segundo estimativa do governo italiano.
A média móvel italiana chegou a mais de 9,5 mil casos neste dia 22. Está longe dos piores momentos da pandemia, mas há um crescimento constante desde o começo de novembro que tem preocupado autoridades. Em outros países, como a Áustria, o aumento dos casos já levou a novas medidas restritivas fechando diversos locais. Os dados de vacinação da Itália indicam que 73,6% da população já tomou duas doses da vacina no país.
Em conjunto com os governos dos estados, a ideia é que haja um Super Passaporte Verde, de forma a impedir que as pessoas sem vacina circulem em espaços públicos e possam ser vetores de uma nova onda. A ideia é evitar a necessidade de novos lockdowns. “São momentos delicados, estamos avaliando mais opções em interesse do país dentro dessa batalha que ainda está aberta contra o vírus”, afirmou Roberto Speranza, Ministro da Saúde da Itália. “Não podemos esperar que o vírus dite as regras”, afirmou Attilio Fontana, governador da Lombardia, região que foi a mais afetada pela pandemia, especialmente na primeira onda.
O atual passaporte de vacina italiano, chamado por lá de Passaporte Verde, poderia ser obtido tanto pela vacina quanto pelo teste negativo de COVID-19 ou que comprovem que tenham se recuperado da doença em um prazo de últimos seis meses. A ideia do Super Passaporte Verde é que os testes negativos não sejam mais suficientes: será necessária a vacina ou ter se infectado recentemente.
A duração do passaporte será reduzido. Em vez dos atuais 12 meses, ele passaria a valer por nove meses. Se a pessoa não tomar a terceira dose – ou a vacina, em caso de pessoas que tenham se infectado em meses anteriores -, o documento deixará de ser válido. Os Centros de Saúde propuseram que o tempo seja até reduzido ainda mais, para seis meses.
Além disso, o governo estudar retornar a obrigatoriedade de máscaras em ambientes públicos para todos. Deverá antecipar também a terceira dose de vacina para cinco meses depois da segunda dose, algo que já aconteceu em algumas regiões do Brasil, como São Paulo, por exemplo.
A reunião entre os governadores definiu que os imunizados (vacinados e recuperados da doença recentemente) teriam menos restrições do que aqueles que decidiram não se vacinar, porque eles representam menos risco à população geral. O Ministro da Saúde é favorável inclusive a ter obrigatoriedade de apresentação do Super Passaporte Verde para transporte de ônibus e metrô, mas não há consenso no governo italiano sobre isso e a medida não deve ser adotada por enquanto.
A decisão será tomada nesta quarta-feira, dia 24, na reunião do conselho de ministros. Segundo o Corriere della Sera, o líder da oposição atual na Itália, o ex-primeiro-ministro Matteo Salvini, não irá se opor à ideia. Foi decidido também que o decreto incluirá a obrigação de tomar a terceira dose para os profissionais de saúde e trabalhadores essenciais, como de asilos. Ainda se discute se a obrigação será estendida a profissionais de escolas, forças de segurança e trabalhadores da administração pública, mas é um tópico que está em pauta.
Com isso, se o decreto for aprovado, como tudo indica, o público só poderá entrar nos estádios vacinados ou caso tenham contraído a doença há poucos meses. Como os estádios podem ter 100% de capacidade na Itália neste momento, os clubes precisarão que seus torcedores tomem a vacina para evitar que fiquem impedidos de entrar nos estádios.
Vacinas reduzem significativamente chance de infecção
Embora a vacina não impeça a infecção pela COVID-19, ela reduz significativamente a chance de acontecer. Um estudo feito em Israel com 9,1 mil profissionais de saúde, que estão muito expostos ao vírus e que foram vacinados pela Pfizer, a vacina reduziu as infecções em 75%. Outros dois estudos, da Clínica Mayo e do Reino Unido, incluíram mais de 85 mil profissionais de saúde, testados rotineiramente que foram totalmente vacinados com a vacina da Pfizer-BionTech, e mostraram que as infecções reduziram entre 85% a 89%, segundo divulgado pela National Geographic.
Foram feitos estudos no Brasil também. Em agosto, pesquisadores das Universidades Federais da Bahia e Ouro Preto, da Universidade de Brasília (UnB), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e da London School of Hygiene & Tropical Medicine e da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) analisaram a eficácia da vacina também em termos de evitar a infecção. A redução é bastante significativa e ajuda a explicar como o número de casos caíram no Brasil.
Entre os que tomaram as duas doses da Coronavac, 54,2% menos risco de infecção, além das já sabidas reduções de contrair a doença grave e mais ainda de morte. Quem tomou uma só dose reduziu o risco de infecção pela metade. Com a AstraZeneca, os que tomaram duas doses apresentaram 70% menos risco de infecção. Os estudos foram divulgados pela própria Agência Brasil, a agência estatal de notícias brasileira.
Segundo dados do consórcio de veículos de imprensa, 60,8% da população brasileira estão completamente imunizados (duas doses da vacina ou dose única), enquanto 74,09% de toda população recebeu ao menos uma dose da vacina. No Brasil, a média móvel de novos casos está em 8.52, segundo dados do Our World in Data.
A vacinação é crucial para podermos vencer a pandemia e é uma estratégia coletiva. Só será possível vencer a pandemia e o vírus com todos se vacinando. Vacine-se!