Thiago, sobre a ausência de torcida: “Falta aquele empurrão do público nos momentos finais da partida”

Os problemas do Liverpool derivam de vários fatores. Há o excesso de lesões, o abalo da pandemia e uma queda geral de rendimento em diversos jogadores importantes. Há também, claro, a ausência de torcedores em Anfield. Mesmo com todas as circunstâncias, não pode ser coincidência que uma sequência de 68 partidas de invencibilidade como mandante pela Premier League se transformou em oito jogos sem vitória, com seis derrotas seguidas, a pior sequência da história do clube em seu estádio.
Em entrevista ao jornal AS, Thiago admitiu o quanto as arquibancadas vazias afetam o psicológico dos jogadores e disse que eles tiveram que praticamente reaprender a jogar futebol. Segundo o jogador de 29 anos, os jogadores, quando pequenos, estavam acostumados a jogar em campos sem torcida, apenas com os pais gritando. Sabiam como fazê-lo. Depois, acostumaram-se aos estádios com torcedores, a favor ou contra, e agora tiveram que voltar à primeira situação.
“Para jogadores como nós, o futebol perde muito da sua essência sem o povo nas arquibancadas”, afirmou. “Mais que a questão física o que pesa é o psicológico. Falta aquele empurrão do público nos momentos finais da partida, que dá um pouco mais para o físico. É algo psicológico. Como poder fazer pouca coisa com sua família no dia a dia da cidade. Ainda mais que é uma cidade nova. Vai de casa ao treino, do treino para casa e entra em uma dinâmica que é apenas isso”.
“O futebol é muito mais, tem que viver o dia a dia, a proximidade com os torcedores. Tenho um filho que é fanático pelo futebol, com quatro anos, e não posso levá-lo ao estádio. É frustrante para mim e para ele. Quando tudo for aberto, será melhor para todos”, completou.
Contratado do Bayern de Munique no começo da temporada, Thiago nunca teve a experiência de jogar em Anfield com torcida. Mesmo no breve período em que cerca de 2 mil torcedores foram permitidos, ele estava machucado.
Com a vacinação avançada, o Reino Unido deve começar a aliviar as restrições contra o coronavírus a partir de maio, com a possibilidade de haver 10.000 torcedores para a última rodada da Premier League.
“Foi uma mudança de país, de clube, de estádio, e tenho a expectativa não apenas de ver o público do seu estádio, de que será lindo ver Anfield cheio, mas também da vivência de aprender o dia a dia deste país novo”, disse.
Segundo o meia, um dos melhores jogadores do Bayern na conquista da Tríplice Coroa na última temporada, a decisão por se transferir para o Liverpool se baseou na busca por uma nova experiência. “Uma liga muito competitiva. Quando recebi a ligação do treinador e do clube, foi uma decisão fácil escolher o destino, mas foi difícil decidir se realmente queria sair do Bayern. No final das contas, aconteceu e estou muito feliz”, disse.
“Na Premier League, o tempo da bola em jogo é maior que em outras competições. E também mudam os duelos. Você vive constantemente em um duelo e essa é a diferença com outras ligas”, encerrou, sobre as características especiais da nova liga em que Thiago atua, após ser formado pelo Barcelona e ter tido uma passagem muito vencedora na Alemanha.
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