Southgate credita a teorias conspiratórias o fato de alguns jogadores ainda não terem se vacinado
Treinador da Inglaterra cita movimentos em redes sociais como responsáveis pela onda anti-vacina
Enquanto a humanidade se prepara para o terceiro ano de pandemia do covid-19, alguns atletas profissionais e de grande projeção internacional ainda não se manifestaram abertamente para apoiar a campanha de vacinação. Para o técnico da Inglaterra, Gareth Southgate, é compreensível que os jogadores não se sintam à vontade para manifestar suas opiniões sobre a vacina, mas credita a teorias conspiratórias das redes sociais o fato de que ainda haja relutância a respeito da imunização.
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O tema, que obviamente não é tão simples, tem sido debatido mundialmente na mídia esportiva, sobretudo após recentes comentários de jogadores da NBA como Kyrie Irving, Lebron James e Draymond Green. Destes três, é sabido que apenas Kyrie não se vacinou, oficialmente. Enquanto Lebron, que afirmou ter recebido doses da vacina, confundiu os fãs do basquete deixando implícito que considera legítimo o ato de não se imunizar. Esse tipo de fala tem sido comum no mundo da NBA, reforçando dúvidas a respeito da eficiência dos imunizantes distribuídos em grande parte do planeta.
Por questões sanitárias e de saúde pública, muitas das entidades que comandam o esporte, de maneira ampla, obrigaram jogadores a receber pelo menos uma dose de vacina, considerando que há o claro risco de que eles, caso infectados, transmitam o covid-19 a colegas, familiares e profissionais envolvidos. Campanhas internacionais, no entanto, parecem não ter atingido o apoio integral de um grupo crucial para a conscientização da população: os próprios atletas.
Nesse contexto, Southgate preferiu adotar um discurso cauteloso, embora pendendo para o lado favorável à vacinação: “Eles [os jogadores] estão mais suscetíveis a posts nas redes sociais, ou mesmo compartilhar questões em seus perfis, e sabemos quantas teorias estão circulando por aí. Eu estou disposto a falar sobre isso, mas consigo dizer com 100% de certeza que o programa de vacinação é seguro? Bem, eu não consigo, pois não sou médico e nem cientista. Creio que não estaríamos nessa posição de agora [com grande parte da população vacinada] se o programa do governo tivesse sido feito sem pesquisa ou sem a convicção de que ele é realmente efetivo. Por isso, estou confortável em correr esse risco. Mas entendo que outros se sintam menos à vontade sobre isso e que haja alguma ansiedade em torno do tema. Por isso é mais complicado para que os atletas se posicionem a respeito”, comentou.
O próprio Southgate foi alvo de críticas e ofensas pesadas por ter participado de uma campanha da NHS a favor da vacinação, em 2020, o que explica o silêncio da classe dos atletas. Evidentemente, a reação do público anti-vacina também nos mostra o ponto em que ainda estamos no contexto da humanidade no século XXI.
“Recebi mensagens dizendo que, por apoiar a campanha de vacinação, poderia ser julgado nos tribunais de Nuremberg em 10 anos. As pessoas foram bastante agressivas nos comentários, o que te faz pensar duas vezes antes de emitir qualquer opinião. Porque, pensando assim, e se você estiver do lado errado? Eu sei, agora, que estou do lado certo, que tomei a vacina. E também sei que fiz a coisa certa quando gravei aquele vídeo para a NHS. Mas também preciso entender que outros não se sintam dispostos a se colocar na mesma situação”, explicou Gareth.
Enquanto a vacinação não for uma condicional para que atletas sigam praticando esportes de alto rendimento, a questão vai sempre parecer como opcional. Nunca antes na história da humanidade o conceito de liberdade foi tão amplamente confundido com o direito de ser idiota.