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Sob o brilho de suas estrelas, o United também começa a se acertar como time

O Manchester United precisou esperar a pausa internacional para comemorar sua primeira vitória na temporada. Para, enfim, ver o seu time galáctico em formação entrar em campo. O Old Trafford contou com um desfile de reforços neste domingo, e eles corresponderam as expectativas criadas sobre o time de Louis van Gaal. Com uma ótima exibição, os Red Devils golearam o Queens Park Rangers por 4 a 0. Um triunfo importante principalmente para tirar desconfianças sobre o técnico e reforçar a alta capacidade da equipe.

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Como se esperava, as individualidades fizeram a diferença para o United. Porém, mais importante foi perceber que o time foi bem além disso, funcionando coletivamente. Pela primeira vez, Van Gaal abriu mão do 3-5-2 que não vinha dando certo. Optou pelo 4-1-3-2, o que contribuiu demais para a fluidez do meio-campo. Enquanto o estreante Daley Blind foi o único volante, o trio formado por Ander Herrera, Juan Mata e Ander Di María bagunçou a defesa adversária.

É certo que o QPR não é dos rivais mais temíveis. Mesmo assim, o time londrino se fechou na defesa, como nos outros confrontos em que o United teve dificuldades nessa temporada. O que foi importante para a vitória, desta vez, foi a excelente movimentação dos Red Devils. Mesmo Rooney e Van Persie voltavam do ataque para o meio de campo, abrindo espaço para a infiltração dos meias. E, aproveitando essas brechas como não tinham feito nos outros jogos, algo importantíssimo neste domingo, os anfitriões consolidaram a goleada em Old Trafford – foram oito chutes no alvo, contra apenas dez nas primeiras três rodadas da Premier League.

Di María foi quem mais impressionou pela atuação. O camisa 7 mostrou o porquê do United ter pagado tão caro por seu passe e da torcida do Real Madrid continuar lamentando a sua saída. O argentino é um jogador com características únicas no futebol atual, e fez questão de demonstrar isso em seu segundo jogo pelo novo clube. As suas arrancadas pelo lado esquerdo ajudaram a desfazer a retranca do QPR, assim como sua visão de jogo criou ótimas oportunidades. O primeiro gol foi dele, em uma cobrança de falta cruzada para área que ninguém completou, enquanto ainda deu o passe para Mata fazer o quarto.

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Um pouco mais recuado que Di María, mas fazendo o contrapeso ao argentino no lado direito, quem também saiu com moral da partida foi Ander Herrera. Dono de excelente passe, o espanhol esteve bastante solto em campo, ajudando as subidas de Rafael pela lateral. Também aproveitou bem as brechas em suas subidas ao ataque, marcando o segundo gol em chute da entrada da área e dando grande contribuição para o terceiro, em envolvente troca de passes que acabou com o arremate de Rooney para as redes. A jogada do tento, aliás, é a que melhor simboliza a capacidade técnica que o United pode ter.

A movimentação de Di María e Herrera na partida (Fonte: Squawka)
A movimentação de Di María e Herrera na partida (Fonte: Squawka)

Na cabeça de área, Daley Blind foi essencial para essa liberdade de Di María e Ander Herrera. Mesmo estreando, o holandês mostrou uma capacidade tática imensa, dominando os espaços no meio de campo. Também foi bastante seguro na saída de bola, completando 112 passes – já a quinta maior marca nesta Premier League. Teve uma oportunidade de marcar em chute de longe e não aproveitou tanto de seus passes longos, característica que poderá ser útil ao time no futuro.

Já no ataque, Rooney se destacou, cada vez mais empenhado na armação. Van Persie, por sua vez, apareceu menos letal do que de costume, mas ajudou ao buscar o jogo para os companheiros resolverem. No segundo tempo, a torcida em Old Trafford pôde contar com outro de seus presentes para esta temporada: deixado no banco, Radamel Falcao García fez sua estreia pelos Red Devils aos 22 minutos do segundo tempo, quando a goleada já estava consolidada. Com o time mais relaxado, não teve muitas chances para aparecer.

Foram 90 minutos muito animadores para o Manchester United. Não só pela boa atuação coletiva ou pela boa aparição das novas estrelas, mas também pela abertura demonstrada por Louis van Gaal. A dinâmica do time depende do encaixe das novas peças e também do trabalho do treinador – por isso mesmo, a mudança tática pareceu tão importante. Ainda assim, o sistema defensivo segue causando desconfianças, mesmo com a estreia de Marcos Rojo. Em alguns momentos, De Gea ficou exposto demais e o goleiro também falhou em um lance, salvo por Jonny Evans. Contra um adversário fraco, tudo bem. A questão será em testes maiores. E, sem tantos nomes confiáveis no setor, Van Gaal terá que se virar com o que tem.

Com a vitória, o Manchester United chega aos cinco pontos na Premier League, assumindo a quinta posição. Ao longo do próximo mês, terá uma tabela relativamente tranquila: Leicester, West Ham, Everton e West Brom. Considerando ainda que o elenco não terá que se preocupar com as competições continentais, os Red Devils têm tempo de sobra para trabalhar e se entrosar, consolidando os ótimos nomes à disposição. Para, a partir do fim de outubro, pegar Chelsea, Manchester City, Crystal Palace e Arsenal. Uma sequência para demonstrar as reais pretensões e capacidades de um time que, no papel, é tão forte.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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