Premier League

Paquetá desequilibrou, Ward-Prowse decidiu e o West Ham derrotou o Chelsea

O West Ham conseguiu uma vitória imensa no Estádio Olímpico, com as bolas paradas de Ward-Prowse resolvendo e Paquetá chamando o jogo para si

Numa janela de transferências tão movimentada, as primeiras rodadas da Premier League oferecem várias estreias. O Chelsea trouxe Moisés Caicedo por um valor recorde e colocou o volante em campo neste domingo, durante o segundo tempo. Porém, não foi ele o estreante a fazer a diferença no Estádio Olímpico de Londres. Depois de anos de grandes serviços prestados ao Southampton, James Ward-Prowse chegou ao West Ham como um excelente negócio. E decidiu em sua primeira partida. Num duelo em altíssimo nível, o meio-campista ofereceu duas assistências para garantir o triunfo dos Hammers por 3 a 1. Caicedo, infeliz pela derrota, ainda cometeu um pênalti no fim. Lucas Paquetá teve uma boa atuação no segundo tempo e fechou o placar, mesmo depois da semana cheia de problemas fora de campo, após a acusação de ter feito apostas ilegais.

O Chelsea ainda ofereceu um ótimo primeiro tempo. Depois que o West Ham abriu o placar na bola parada, os Blues amassaram os adversários e buscaram o empate. Até poderiam ter virado antes do intervalo, não fosse um pênalti perdido por Enzo Fernández. Contudo, os Hammers deram a volta por cima no segundo tempo. Aproveitaram as brechas da defesa para retomar a vantagem e se seguraram mesmo com uma expulsão. Foi uma apresentação aguerrida e inteligente do time de David Moyes, que soube administrar a vantagem a seu favor. Enquanto isso, o Chelsea não conseguiu pressionar da melhor forma quando precisava.

A grande atração na escalação do West Ham era Lucas Paquetá. Apesar da investigação por apostas ilegais, que o tirou da convocação da Seleção e atravancou as negociações com o Manchester City, o camisa 10 começou como titular. Outra novidade era James Ward-Prowse, já escalado na condução do meio por David Moyes, ao lado de Tomas Soucek. Mauricio Pochettino, por sua vez, alinhava o Chelsea com vários dos novatos do elenco. Robert Sánchez, Axel Disasi, Levi Colwill, Malo Gusto e Nicolas Jackson pintavam no renovado 11 inicial. Thiago Silva e Raheem Sterling eram os mais veteranos.

Primeiro tempo em intensidade máxima

O efeito de Ward-Prowse no West Ham se tornou notável logo nos primeiros minutos. O bom começo dos Hammers contavam com a qualidade do meio-campista nas bolas paradas. Em seu primeiro escanteio, Jarrod Bowen forçou a defesa de Robert Sánchez. No segundo, a bola terminou nas redes, aos sete minutos. O volante levantou a bola na área e mandou na cabeça de Nayef Aguerd, que também contou com a marcação frouxa no segundo pau. O zagueiro acertou uma testada de manual, queixo no peito, no canto da meta.

O Chelsea ficou na expectativa de ganhar um pênalti na sequência. A falta sobre Nicolas Jackson só não foi marcada porque houve impedimento anterior. Os Blues cresceram e passaram a sufocar em busca do empate, numa atuação de muita força ofensiva e posse de bola. Jackson aparecia, com uma cabeçada por cima e depois um chute sem direção. Ben Chilwell também assustou. Nessa crescente, o empate se esboçava e saiu aos 28 minutos, graças ao talento de Carney Chukwuemeka. O garoto encarou a marcação na área e gingou para cima. Abriu o caminho com a finta e mandou um lindo tiro cruzado no alto da meta.

O momento era todo do Chelsea, que mantinha o controle da partida e não dava muito respiro ao West Ham. Os Hammers passaram 20 minutos sem uma finalização sequer, mas quase retomaram a vantagem aos 37. Num lance de insistência de Paquetá, o meia conseguiu fazer a batida rasteira e acertou a trave de Robert Sánchez. Os anfitriões estavam vivos. Porém, precisariam sobreviver ao pênalti sofrido por Sterling, numa falta de Soucek no limite da grande área. Enzo Fernández cobrou e não acertou um bom chute, em defesa de Alphonse Aréola para manter o empate. Sterling liderava as ações dos Blues e ainda criou boa chance no intervalo, em lance no qual Soucek travou a tentativa de Chilwell.

West Ham encontra a brecha

O Chelsea voltou para o segundo tempo sem Chukwuemeka, que se lesionou no final da primeira etapa. Mykhaylo Mudryk entrou no lugar. O problema é que os Blues não conseguiram imprimir o mesmo ritmo e os espaços começaram a surgir nas costas da defesa. Um aviso surgiu aos cinco minutos, quando Saïd Benrahma escapou sozinho pela esquerda e bateu para fora, num lance em que estava impedido. O segundo gol pintou logo depois, aos oito minutos. Num passe errado de Disasi, Ward-Prowse acionou o ataque com um lançamento de primeira. Michail Antonio avançou e chegou até a entrada da área, onde desferiu um excelente chute cruzado, no cantinho de Robert Sánchez.

O gol fez o Chelsea se mexer. Moisés Caicedo entrou no lugar de Ben Chilwell, no que também mudava o esquema. A pressão dos Blues voltou a crescer. Os primeiros arremates foram travados e Caicedo teria sua primeira tentativa para fora. O West Ham ainda via algum escape nos contra-ataques, mas a situação se tornou mais difícil aos 22, quando Aguerd tomou o segundo amarelo por uma falta desnecessária. Angelo Ogbonna entrou na vaga de Benrahma. O abafa se tornaria maior e o interesse dos Hammers era gastar o máximo de tempo possível. Noni Madueke deixou o Chelsea mais ofensivo aos 30, no lugar de Connor Gallagher. Já o West Ham promoveu inclusive a estreia de Edson Álvarez na vaga de Soucek.

A resposta de Paquetá

O Chelsea tentava ocupar os lados do campo e insistia nos cruzamentos. O West Ham resistia e trancava o miolo da área. Faltava bem mais contundência aos Blues, com Mudryk mal nas suas tentativas. Enquanto isso, os Hammers conseguiam até gastar o tempo no ataque, com Paquetá aproveitando para deixar os nervos dos adversários mais aflorados. No início dos acréscimos, Fornals teve a chance do terceiro numa bobeira de Caicedo. O espanhol insistiu e chutou para uma defesa difícil de Sánchez com o pé. E não que o jogo tivesse morto. Do outro lado, Aréola operou um milagre em chute desviado de Madueke, que tinha endereço.

O final da partida era de Lucas Paquetá. O camisa 10 chamava o jogo para si e ia para cima dos jogadores do Chelsea. Conseguia desestabilizar os adversários, que não pareciam concentrados o suficiente para a reação. E o brasileiro anotaria seu gol no apagar das luzes, para confirmar o triunfo. Num lance pela esquerda, Emerson Palmieri recebeu a devolução de calcanhar de Paquetá e sofreu o pênalti de Caicedo. Paquetá assumiu a cobrança e balançou as redes. Na comemoração, o meia pôde extravasar, diante da semana dura que enfrentou. Liderou um resultadaço dos Hammers, ao lado de Ward-Prowse.

O West Ham chega aos quatro pontos na Premier League, depois do empate na estreia contra o Bournemouth. O próximo compromisso é duro, com a visita ao embalado Brighton. Já o Chelsea permanece sem vencer, apenas com o empate na estreia contra o Liverpool. As chances de triunfo são maiores na próxima rodada, em Stamford Bridge, contra o recém-promovido Luton Town.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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