Premier League

Vitória categórica do Palace mostra como o poço do Arsenal ainda pode ser fundo

Arsène Wenger nunca havia perdido um jogo de Premier League para o Crystal Palace. Vencera Sam Allardyce quinze vezes. O Arsenal não sofria pelo menos três gols em quatro jogos seguidos fora de casa pela primeira divisão desde 1929. Números que não significam nada para a atual fase do clube do norte de Londres. Em um Selhurst Park que cantou ironicamente a favor permanência de Wenger no comando dos Gunners, os donos da casa venceram categoricamente os visitantes por 3 a 0, gols de Townsend, Cabaye e Milivojevic.

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Foi a quinta vitória em seis jogos do Crystal Palace e a segunda contra um time grande, depois de ganhar do Chelsea, em Stamford Bridge. O clube segue em busca da salvação na Premier League e ainda está em 16º lugar porque só ganhou dois jogos da liga inglesa entre setembro e fevereiro, antes da atual sequência. De qualquer forma, a arrancada já vale seis pontos de distância para a zona de rebaixamento, com um jogo a menos que o Swansea.

Foi um confronto direto entre tabus. Enquanto Sam Allardyce nunca foi rebaixado da primeira divisão inglesa, uma marca que tende a ser mantida, Wenger conseguiu classificar o Arsenal à Champions League nas últimas 18 temporadas, mas a situação atual está muito difícil. Ocupa o sexto lugar, com 54 pontos em 30 rodadas, contra 57 do Manchester United, com o mesmo número de jogos, e 61 em 31 rodadas do Manchester City, o quarto colocado. O Liverpool, terceiro, tem 63 em 32 partidas.

E o pior de tudo foi a maneira como perdeu seu quarto jogo seguido fora de casa pela Premier League, sofrendo três gols em todos eles. O Arsenal nunca pareceu confortável em campo ou no controle da partida. Era esperado que tivesse dificuldades defensivas, sem Koscielny e com o terceiro goleiro debaixo das traves, mas o ataque também não funcionou. Muita posse de bola (72,4%) sem urgência. Muitos passes (627) sem criar muitas chances (apenas três finalizações certas).

Sánchez até que tentou no primeiro tempo, com duas oportunidades pouco depois de Townsend abrir o placar, em jogada que envolveu Benteke e Zaha, dupla de ataque que encaixou perfeitamente nos últimos jogos do Crystal Palace. Benteke controlou um lançamento do goleiro Hennessey e deixou com Townsend, que abriu para Cabaye. O francês lançou Zaha, que, mesmo escorregando, cruzou rasteiro para Townsend fazer 1 a 0, aos 17 minutos do primeiro tempo. Emiliano Martínez, titular graças aos desfalques de Cech e Ospina, evitou que o placar fosse ampliado antes do intervalo, ao defender um chute de Benteke.

Mesut Özil fez uma rara aparição no começo do segundo tempo, dando o passe que quase resultou em um gol de Danny Welbeck, mas quem decidiu novamente foi Cabaye. Na ponta direita, Zaha escorregou mais uma vez. Mas mais uma vez acertou o passe para o volante francês, que bateu de primeira da entrada da área, encobrindo Martínez. O goleirão ainda fez pênalti em Townsend, bem cobrado por Milivojevic. O Arsenal pressionou para tentar reduzir o prejuízo, sem muito sucesso. Hannessey não fez nenhuma defesa no segundo tempo.

 

A temporada do Arsenal saiu dos trilhos no final de janeiro, quando perdeu em casa para o Watford. Desde então, foram 11 jogos, por todas as competições, com apenas quatro vitórias – e duas delas foram contra o Sutton United e o Lincoln City, da quinta divisão, pela Copa da Inglaterra. O período também envolveu as duas goleadas por 5 a 1 impostas pelo Bayern de Munique. Pela Premier League, tem apenas dois triunfos em sete rodadas.

Em outras épocas, os Gunners também foram eliminados da Champions League, mas conseguiram manter o ritmo no Campeonato Inglês e terminaram dentro da zona de classificação para a próxima edição do torneio europeu. A crítica era ao marasmo, ao filme repetido, ao patamar inexorável, para o bem e para o mal, do time de um treinador que está no cargo há 20 anos. O Arsenal não conseguia dar um passo à frente, mas também não dava nenhum para trás, como parece estar dando agora, no momento em que a Era Wenger parece mais próxima do fim do que nunca. O torcedor não quer descobrir o quão fundo esse poço pode ser.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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