Tuchel e Rodgers endossam coro de críticas ao calendário da Premier League em meio ao surto de covid-19
Técnicos do Chelsea e do Leicester manifestaram desagrado em relação ao acúmulo de jogos e desfalques de equipes

O roteiro você já sabe: praticamente todos os times da Premier League sofreram desfalques por conta da covid-19 nesta temporada. E nessa toada, várias partidas sofreram adiamentos por impossibilidade de escalação do número mínimo de atletas. No último domingo, quando mais uma vez a covid-19 ocupou os noticiários esportivos mundiais, Thomas Tuchel, técnico do Chelsea, e Brendan Rodgers, do Leicester, resolveram se posicionar a respeito do calendário da Premier League neste fim de ano.
O Chelsea teve alguma dificuldade para vencer o Aston Villa por 3 a 1, e se algum jogador obteve protagonismo na partida, foi Romelu Lukaku, que ainda não se recuperou completamente após ter contraído covid-19, mas entrou na segunda etapa para marcar um gol e sofrer um pênalti. Visivelmente longe de sua forma ideal, o belga é o retrato ideal de um campeonato que acumula desfalques e agora coleciona adiamentos por conta de um protocolo pouco rígido e da falta de obrigatoriedade de vacinação entre os jogadores.
Embora não estivesse tão arrasado por ausências como outras equipes, o Chelsea não conseguiu se preparar para as rodadas como gostaria, segundo Tuchel, que apontou outras questões críticas no enfrentamento da Liga à pandemia.
“Não é justo. Ficamos de cama por 10 dias e temos de jogar contra equipes que tiveram partidas adiadas e tempo suficiente para se preparar. Eles (Premier League) fazem a gente jogar o tempo todo, mesmo se tivermos covid. Temos novas lesões e isso nunca vai parar. Pessoas nos escritórios estão tomando essas decisões. Estamos sofrendo, pressionando nossos atletas. Tenho muito respeito pelo que meus jogadores fizeram aqui. Mas infelizmente mudamos apenas por contusões, não podemos mais fazer trocas por questões táticas. Estou impressionado com meu elenco, mas também me preocupo. Talvez estejamos cometendo um grande erro ao deixar que atletas retornando do isolamento possam jogar após um ou dois treinos. Mas obviamente a Liga quer que nós joguemos, então nós fazemos isso. Não estamos protegendo os atletas, até porque somos a única das grandes ligas a não possuir cinco trocas por jogo”, criticou o treinador dos Blues.
Rodgers também não poupou críticas à insanidade de jogos
O Leicester apanhou do Manchester City por 6 a 3 no domingo, mas nenhum torcedor deve ter ficado irritado com o resultado. Afinal, os Foxes, que diminuíram o placar em três gols na segunda etapa, mas caíram exaustos, vinham de um jogo duro com penalidades contra o Liverpool, pela Copa da Liga, e sofriam com um número expressivo de baixas por lesões. Jamie Vardy e Wilfried Ndidi, que estavam lesionados, acabaram relacionados para o banco de reservas para evitar que o Leicester tivesse de dar W.O. A defesa tinha quatro baixas por lesão Jonny Evans, Caglar Soyuncu, Ricardo Pereira e James Justin, além dos atacantes Patson Daka e Harvey Barnes.
O próximo jogo da desfigurada equipe, inclusive, será na terça-feira (28), contra o Liverpool, menos de 48 horas após a visita ao Etihad Stadium. Essa loucura de datas também provocou uma reação de Brendan Rodgers, que apontou a falta de isonomia na forma como os times estão se preparando semanalmente.
“É um calendário ridículo! Nós sabemos que os jogadores não estão plenamente recuperados mesmo com 72 horas depois de um jogo. Vamos jogar na terça contra o Liverpool mesmo assim. Temos de estar lá, então teoricamente não haverá preparação física, apenas descanso e exibição de vídeos”, apontou Rodgers. O técnico do Leicester usou o Liverpool para provar seu ponto, uma vez que os Reds tiveram sete dias de descanso desde o confronto com o próprio Leicester pela Copa da Liga e a partida marcada com o Leeds, no último domingo, foi uma das adiadas por conta de um surto de covid-19 no elenco dos Whites. O Manchester City também teve uma semana livre antes do confronto com o Leicester no domingo.
“Esse período de folga para os dois times (City e Liverpool) é uma grande vantagem, claramente. É apenas coincidência que o contexto desses jogos seja a primeira ocasião em que o City teve dias de descanso, então eles vieram prontos e inteiros. Agora teremos o Liverpool, que também descansou e pôde recuperar outros jogadores para a terça-feira. É isso que estamos tendo de lidar. É um grande desafio, mas seguiremos lutando e trabalhando.
Enquanto isso, a Premier League segue um tanto imprevisível no que se diz sobre planejamento de agenda. A partida entre Arsenal x Wolverhampton marcada para a terça-feira (28) foi adiada, bem como o confronto entre Leeds x Aston Villa. O Leeds fez um pedido de adiamento para duas de suas partidas desta semana, sendo a de domingo contra o Liverpool e a de amanhã diante do Villa, alegando não ter o número mínimo de atletas (13) para relacionar no confronto. Os casos de covid-19 no elenco comandado por Marcelo Bielsa também preocupam. Até agora, uma paralisação total da Liga, ainda que por uma semana, está fora de cogitação.
A sorte está lançada: o campo desportivo foi atravessado pela aleatoriedade de infectados pela covid-19. Quem tiver menos jogadores infectados, terá mais chance de chegar inteiro ao fim do campeonato. Os dados seguem rolando na mesa. Isso certamente não aconteceria se a Liga fosse mais rígida no trato aos atletas que optaram por não se vacinar. Mas vão dizer que é só mais uma terrível coincidência em meio à maior crise sanitária da história da humanidade.