Premier League

Son virou ‘Sonaldo Nazário’, num gol tão espetacular que Mourinho comparou ao de Ronaldo contra o Compostela

Alguns gols se impregnam de maneira tão potente na memória que, mesmo anos depois, qualquer torcedor saberá descrever exatamente onde estava quando o presenciou. São tão absurdos que, afinal, nem é preciso ser torcedor do próprio clube em questão para ficar com essa lembrança inapagável. O que Son Heung-min fez neste sábado, certamente, terá este efeito sobre os seguidores do Tottenham. O tento do sul-coreano em Londres, o terceiro na vitória por 5 a 0 sobre o Burnley, será recontado por gerações de torcedores dos Spurs.

A pintura mais parece reproduzir o espírito do conjunto do Tottenham, não só de Son. Se Daniel Levy resolvesse manter Mauricio Pochettino e optasse por trocar o elenco inteiro, o time dificilmente corresponderia tão bem quanto se nota agora. Os Spurs se transformaram nas últimas semanas. E até parecem novos jogadores sob as ordens de José Mourinho. Apesar da derrota para o Manchester United no meio da semana, os londrinos não levaram tempo para se recuperar. Trucidaram o Burnley no novo White Hart Lane, em tarde na qual tudo parecia dar certo. E deu, especialmente a Son, mas também a Harry Kane.

Eu sei que o gol de Son foi o terceiro do Tottenham, aos 32 minutos. O sul-coreano já tinha participado dos dois primeiros tentos, com Kane e Lucas Moura balançando as redes antes dos 10 – enquanto Moussa Sissoko e Robbie Brady ainda carimbaram as traves até os 20. Ainda assim, o gol do sul-coreano precisa de um destaque especial. Não é um gol que se vê todos os dias, mas sim uma ou outra vez na década. Uma pintura para ficar guardada para sempre entre os torcedores dos Spurs.

Sonny se tornou supersônico na arrancada que começou na beirada de sua própria área. Seguiu em frente sem vacilar nem por um milésimo de segundo. A defesa do Burnley não chegou firme? Pode até ser. Mas não tem como colocar poréns no golaço do atacante, vencendo oito adversários que, em algum momento, ousaram apostar corrida com ele. Com dois cortes secos e passadas incessantes, o camisa 7 tornou o caminho às redes muito mais curto, antes de bater na saída do goleiro Nick Pope. Fantástico.

Depois do jogo, Mourinho fez a comparação: “Meu filho o chama de Sonaldo. Sonaldo Nazário. E hoje ele foi Sonaldo Nazário, porque a única coisa que veio à minha mente foi um gol que tive a honra de ver ao lado de Sir Bobby Robson, no Barcelona x Compostela em 1996, quando Ronaldo Nazário pegou a bola antes do meio-campo e anotou um gol muito similar ao de Son”. Ronaldo não partiu de tão longe, embora tenha encadeado dribles bem mais impressionantes que o sul-coreano. Não deixa de ser uma honra, de qualquer forma.

Mas se os segundos de Son valeram por uma carreira, em atuação que foi bem mais do que isso, não se pode menosprezar também os 90 minutos de Kane. O centroavante estava numa tarde iluminada. Primeiro, anotou uma pintura para abrir o placar, ao arriscar do meio da rua após passe do camisa 7. Depois de outra arrancada espetacular do sul-coreano, prévia ao golaço, seria espectador no gol brigado de Lucas aos nove. Já no segundo tempo, o matador voltou a aparecer. Fez o quarto aos nove minutos, ao encarar a marcador e descolar a bomba no meio de três. Por fim, serviu o quinto, numa tabela com Moussa Sissoko, que fechou a conta aos 29.

Os craques voltam a brilhar. E há também um sorriso que vale muito ao Tottenham. O time de José Mourinho, com três vitórias nas últimas quatro rodadas, assume provisoriamente a quinta colocação. Pode até perder posições na sequência da rodada, mas parece ter gás para brigar por objetivos maiores na metade final da campanha. Já o Burnley, mero sparring, é o 13° colocado. São três derrotas seguidas, mas nenhuma tão acachapante. Serão coadjuvantes na memória recorrente da torcida londrina.

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Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.

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