Premier League

Sem direção, decepcionado e na zona de rebaixamento, Everton demite Koeman

Foi recorrente nas análises da imprensa inglesa que o único ponto positivo da goleada que o Everton sofreu do Arsenal, por 5 a 2, foi o pouco número de torcedores que permaneceram no Goodison Park até o apito final para vaiar o time e o treinador Ronald Koeman. Muitos já haviam ido embora, resignados, frustrados com uma temporada que prometia voos altos e até agora não foi além do um metro e oitenta e cinco centímetros do goleiro Pickford, a única contratação do mercado de quase € 160 milhões dos Toffees que tem realmente feito o seu trabalho. Sem direção, a diretoria do clube decidiu trocar o capitão: Ronald Koeman foi demitido após 16 meses no cargo de treinador.

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A saída de Koeman não surpreende ninguém. Os resultados são terríveis. A expectativa do Everton, depois de um excelente sétimo lugar na última temporada, era incomodar o grupo de elite, esboçar uma briga pelas quatro primeiras posições. Realidade: a zona de rebaixamento, acima de Bournemouth e Crystal Palace, com o terceiro pior ataque e a terceira pior defesa. Duas vitórias, dois empates – um deles, com o Manchester City, com um homem a mais durante a maioria do jogo – e cinco derrotas.

A tabela não ajudou, e quatro desses revezes foram contra o grupo de elite: Chelsea, Tottenham, Manchester United e Arsenal. No entanto, a evolução natural do trabalho de Koeman, depois de tanto dinheiro investido, era pelo menos competir com essas equipes, e o Everton passou longe disso. Não foi páreo para nenhum deles, e ainda encontrou dificuldades contra adversários mais modestos, como o Burnley e o Brighton.

Há também a campanha terrível na Liga Europa, uma competição que pode dar ao Everton um raro título europeu e uma vaga na Champions League. Passou pelas fases preliminares na conta do chá, dando a impressão de que estava apenas jogando para o gasto. Mas já era sinal do desempenho sofrível que viria a seguir: após três rodadas do grupo, o Everton é lanterna, sem nenhuma vitória, com menos pontos que o Apollon, do Chipre.

Resumo da ópera: seis vitórias em 17 jogos na temporada, sendo duas contra o Ruzomberok, da Eslováquia. Nas últimas 18 rodadas da Premier League, contando o fim da temporada passada, o Everton saiu de campo com os três pontos apenas cinco vezes. São números que poderiam até ser justificados pela revolução aplicada ao elenco se estivesse claro que Koeman está guiando o time em direção a algum lugar, se houvesse pontos positivos para serem destacados. Com exceção de Pickford, porém, não há.

O Everton não defende bem e levar um gol de cabeça de Mesut Özil foi a prova definitiva. O ataque também não funciona: apenas Rooney, Oumar Niasse – que estava encostado há um ano e foi recuperado no desespero por Koeman – e o jovem Calvert-Lewin marcaram mais de uma vez nesta temporada. O treinador não tem conseguido definir a sua escalação e já usou 24 jogadores em 17 partidas. Há uma espinha dorsal, com Pickford, Baines, Keane, Williams, Rooney, Davies e Calvert Lewin. Ninguém sabe o resto: nem nomes, nem a formação ideal.

E a cada jogo que passa fica mais claro o erro de não ter usado parte dos € 160 milhões investidos para contratar um centroavante que suprisse a saída de Lukaku. O único jogador trazido para a posição foi Sandro Ramírez – 11 jogos, 0 gols. Por outro lado, foram comprados três jogadores para a função de camisa 10: Rooney, que também pode atuar no comando do ataque, Klaassen e Sigurdsson. Steve Walsh, o olheiro famoso por garimpar algumas peças centrais do título inglês do Leicester, divide essa responsabilidade com Koeman como chefe de recrutamento do Everton.

Koeman segue uma carreira que oscila entre bons e decepcionantes trabalhos. Foi campeão pelo Ajax e não foi bem no Benfica. Começou com tudo no PSV, mas quase perdeu um título certo. Demitido do Valencia dias depois de ganhar a Copa do Rei por causa da campanha ruim no Campeonato Espanhol. Parecia ter ganhando consistência, com um trabalho sólido no Southampton seguido por uma ótima temporada no Everton, pavimentando o seu sonho de um dia virar treinador do Barcelona. Chegou a ser especulado como sucessor de Luis Enrique. Sonho que agora parece mais distante.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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