Premier League

Como o trauma na Copa ajudou Paquetá no título do West Ham na Conference League

Destaque do West Ham, Lucas Paquetá contou como o dramático final contra a Croácia na Copa do Mundo ajudou na mentalidade dos minutos finais da final da Conference League

Faltavam quatro minutos. Os torcedores brasileiros ainda sentem um misto de frustração e raiva ao lembrar que o Brasil tomar um gol da Croácia, na prorrogação das quartas de final, a quatro minutos do fim. Esse cenário marcou também os jogadores, como Lucas Paquetá. O meia do West Ham levou a experiência para o clube e, segundo ele mesmo, foi importante na conquista do título da Conference League.

A conquista dos Hammers foi a primeira em muitos anos. O último grande título do West Ham tinha sido a Copa da Liga, na temporada 1980/81, 42 anos antes. E o título veio com um gol nos minutos finais da partida, quando o time conseguiu fazer 2 a 1. Precisou segurar os últimos minutos diante da Fiorentina para garantir a taça.

Faltavam quatro minutos…

“O futebol te dá sempre uma nova chance de fazer melhor. Serviu como aprendizado. Quando fizemos o 2 a 1 na final da Conference League, faltavam pouquíssimos minutos. Na hora, veio na minha cabeça a Copa do Mundo. Pude chegar para os meus companheiros e falar – Olha só, não tem mais jogo. Faltam 3 minutos. Vamos chutar a bola pra fora, pra longe, não interessa, mas eles não podem mais jogar”, afirmou Lucas Paquetá, em entrevista à Betway.

Paquetá foi crucial naquela final. Foi dele o passe para Jarrod Bowen, que finalizou para marcar aquele 2 a 1 que ficará na memória dos torcedores por muitos anos. “Eu estava muito cansado. E estava todo mundo com receio de se expor e tomar o gol. Mas eu passo o jogo inteiro esperando uma bola daquela sobrar no meu pé, de frente, com espaço para colocar meu companheiro na cara do gol. Hoje em dia, tenho confiança no meu futebol pra arriscar nesse tipo de lance”, continuou o jogador.

“Relembrar os momentos da Copa me deixa triste. Mas realizei meu sonho de criança, de vestir a camisa da seleção no mundial. E contra a Croácia, talvez tenha sido um pouco de excesso de vontade no momento, de querer marcar, recuperar a bola. Depois de 120 minutos, é difícil ter essa lucidez. Mas, como eu disse, aprendi muito com isso, e já sou um jogador melhor por causa daquele lance”, continuou o meia brasileiro.

A dimensão de um título pelo West Ham

Foi o primeiro título de Lucas Paquetá no futebol europeu, mesmo já tendo passado por Milan e Lyon. O último título dele tinha sido a Copa América de 2019, pela seleção brasileira. Por clubes, ele só conquistou um título carioca pelo Flamengo, antes de deixar o Brasil. Ele sabia que o título era importante para o clube, claro, pelo tempo que não conquistava uma taça importante, mas só teve a dimensão disso quando voltou a Londres, depois de levantar a taça em Praga, na Tchéquia.

“A gente comemorou quando ganhou, mas ainda não tínhamos a dimensão do que esse título significou para os torcedores. Quando chegamos em Londres e fizemos a carreta, aí sim caiu a ficha do feito que conquistamos. Os torcedores emocionados, comemorando demais, cheios de energia”, disse Paquetá.

Lucas Paquetá, de 25 anos, chegou ao West Ham em agosto de 2022, contratado ao Lyon por £51 milhões (€60 milhões). Sua adaptação não foi fácil e seus primeiros jogos não tiveram o desempenho esperado. Pouco a pouco, ele cresceu de rendimento e terminou a temporada em alta, com o passe para o gol do título.

“No final da temporada, os jogadores de frente já haviam conseguido entender que quando eu pego a bola livre de marcação, tenho a capacidade de dar esse tipo de passe. Então eles começaram a fazer esse movimento”, descreveu o jogador.

Elogio ao companheiro da Seleção, Thiago Silva, como adversário

A temporada na Inglaterra fez Lucas Paquetá enfrentar muitos grandes jogadores. Quando perguntado sobre qual o defensor mais difícil que enfrentou nesses tempos de Inglaterra. Ele respondeu citando um companheiro de seleção brasileira.

“Thiago Silva. Ele é um cara que lê muito bem as jogadas. E apesar da idade mais avançada, continua jogando em um nível muito alto. Não sei como explicar, mas ele corta muito o caminho, entende muito do movimento do adversário. Sem dúvida é um baita defensor”, respondeu o jogador.

Outros jogadores também impressionaram Paquetá. Aliás, outro clube: o Manchester City. E não só pelo que fizeram em campo. Quando perguntaram qual estádio mais gostou de conhecer nessa primeira temporada na Inglaterra, o jogador não teve dúvidas. “Gostei muito do estádio do Manchester City. Achei muito irada a atmosfera, as cores. Bem bonito mesmo”, afirmou.

Além do estádio, os jogadores do Manchester City também foram citados quando ele falou sobre quais jogadores mais impressionaram. “Bernardo Silva e De Bruyne. Pela maneira como eles enxergam e entendem o jogo. A inteligência dos passes, de saber a hora de acelerar o jogo e de segurar mais. A facilidade em achar os passes. Acho que me identifico com eles”.

A temporada de Lucas Paquetá no West Ham:

  • 43 jogos
  • 5 gols
  • 7 assistências
  • Título da Conference League

Lucas Paquetá assume a camisa 10 do West Ham

Quando contratado, Lucas Paquetá vestiu a camisa 11, que estava disponível. Com a saída de Manuel Lanzini ao final da temporada, sem contrato, o brasileiro assumiu o número que prefere, a camisa 10. É com ela que o meia tem atuado já na pré-temporada. Quem assumiu a camisa 11 foi Gianluca Scamacca, atacante que antes vestia a 7.

Será o oitavo brasileiro a vestir a camisa 10 de um clube inglês. Veja os outros:

  • Juninho Paulista no Middlesbrough (1996/97 e depois 2002/03 a 2003/04)
  • Fábio Rochemback no Middlesbrough (2005/06 até 2007/08)
  • Geovanni no Hull City (2008/09 a 2009/10)
  • Robinho no Manchester City (2008/09 a 2009/10)
  • Coutinho no Liverpool (2012/13 até 2017/18)
  • João Pedro no Watford (2021/22)
  • Raphinha no Leeds United (2021/22)
Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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