Nkunku se prepara para (finalmente) estrear pelo Chelsea e Pochettino tem a famosa dor de cabeça boa
Nkunku foi contratado para ser a grande estrela do novo Chelsea pós-Abramovich, mas como tudo tem dado errado para os Blues, se lesionou sério na pré-temporada; agora, já treinando, é questão de tempo para que estreie e traga boas opções a Pochettino
Mauricio Pochettino chegou ao Chelsea em meio a uma grande tormenta, inegável. Pegou o time no que pode ser facilmente considerada sua pior fase desde que fora comprado por Roman Abramovich no começo dos anos 2000 — o fato do russo ser obrigado a vender o time em 2022, inclusive, é o claro gatilho desse mau momento. Como problemas nunca são de menos, além de um time longe de Champions League e até Liga Europa, o argentino deu de cara com uma reformulação da qual não teve praticamente nenhuma participação na maioria das contratações e, além disso, ainda viu o que era para ser a principal nova estrela da companhia se machucar. Falamos de Christopher Nkunku.
O versátil atacante ou meio-campista francês foi comprado ainda em janeiro de 2023, vindo do RB Leipzig, com a promessa de ser o cara e a cara desse novo Chelsea pós-Abramovich. Credenciais não faltavam, já que ele havia se provado muito bom em muitas funções ofensivas tanto pelo clube alemão quanto jogando pela França. Mas, novamente, desgraça pouca é bobagem e um lance na pré-temporada mudou os planos de Nkunku, do Chelsea e de Pochettino. Foi no amistoso contra o Borussia Dortmund, ainda em julho, que ele sofreu uma lesão no joelho que ainda o mantém afastado dos gramados. Mas essa via crucis de recuperação vai chegando ao fim. E finalmente Pochettino parece ter uma dor de cabeça boa para chamar de sua.
Nkunku volta ao Chelsea em meio à fase menos pior do time na temporada — e isso é bom
Das várias dores de cabeça que Pochettino teve na temporada, inclusa aí, e talvez principalmente, a lesão de Nkunku, uma das maiores foi o começo de Premier League do Chelsea, que reflete até hoje na instável campanha dos Blues, atualmente apenas o décimo colocado da liga — quatro vitórias, quatro empates e quatro derrotas em 12 jogos. Nos primeiros seis duelos que a equipe fez pelo Campeonato Inglês, somou apenas uma mísera vitória, na terceira rodada, diante do caçula Luton Town, o que, convenhamos, é muito mais que muito pouco.
Houve o empate com o Liverpool, muito mais candidato a qualquer coisa boa que o Chelsea, logo na estreia, mas ele mais pareceu um tropeço dos Reds do que uma boa atuação dos Blues. Mas nada parecia dar certo e Pochettino teve que mudar, mudar e mudar até achar o mais próximo de um time ideal, que é o que tem hoje. Isso passou muito pela entrada de Cole Palmer, vindo do Manchester City nos últimos dias de janela. Um jogador que nem chegou a atuar com Nkunku, já que a pré-temporada do Chelsea acabou sendo marcada por vários atletas que nem ficaram, foram emprestados, e outros vários que hoje são titulares e nem haviam chegado.
Faltou equilíbrio ao Chelsea não apenas dentro de campo: a situação fora de campo, como podemos notas, era ou ainda é terrível. E, claro, isso afeta resultados. Mas Pochettino achou um 4-2-3-1, desistiu de Enzo Fernandez como um camisa 10, o recuou e o fez duplar com Moises Caicedo, outro que não participou da pré-temporada. Abriu Raheem Sterling na esquerda, Palmer na direita e centralizou como meia-armador Conor Gallagher, que parece ter se encontrado na posição. Nos seis últimos jogos, desempenho bem diferente dos seis primeiros: perdeu apenas uma vez, para o Brentford, empatou em duas oportunidades e venceu em outras três. O grande detalhe são os adversários dessa jornada: vitória maiúscula por 4 a 1 diante do Tottenham e empates contra o atual vice-campeão, Arsenal em 2 a 2, e contra o atual campeão, Manchester City, em 4 a 4, em um dos grandes jogos da temporada até agora.
Ou seja, Nkunku começa a desenhar sua estreia no momento mais propício possível da temporada.
Onde Nkunku encaixa nesse Chelsea? Versátil, em qualquer lugar no ataque
O retorno de Nkunku oferece algo que Pochettino precisa bastante atualmente: versatilidade. No 4-2-3-1 que ele encontrou e fez seu time se encontrar, o treinador argentino pode contar com o meia-atacante francês em qualquer posição nesse 3 e nesse 1, e isso é excelente para o atual momento que o Chelsea vive, de juntar cacos e mirar a classificação para qualquer liga europeia — seria feio e, mais do que isso, financeiramente dolorido, ficar dois anos seguidos longe da Europa.
Nkunku já atuou como atacante, o que faz com que brilhe os olhos a possibilidade dele poder substituir um ainda inconstante Nicolas Jackson como camisa 9. O francês sabe fazer gols e, quando joga no comando de ataque, oferece uma possibilidade bem interessante de, em vários momentos, recuar e permitir que os pontas, ou até mesmo o meia-atacante, invadam a área como artilheiros, sendo municiados pelo próprio Nkunku. Boa notícia para Gallagher, Palmer e Sterling, caso a opção de Pochettino seja sacar Jackson para dar lugar ao francês.
Caso não seja, ainda assim Nkunku se apresenta como um versátil canivete suíço e pode dar mais opções ao treinador. Pode, por exemplo, usar sua extrema capacidade de pensar o jogo e armar para ser um meia bem mais ofensivo que Gallagher, tirando talvez algumas características defensivas que o inglês dá ao time jogando de camisa 10, mas trazendo muito mais agressividade, criatividade e variação de posição com seus companheiros na linha de 3, Palmer e Sterling. É uma opção bem interessante, claro, mas os Blues enfrentam (muitos) problemas com sua defesa e, por isso, a saída de Gallagher é, digamos, improvável nesse momento em que o time se acha.
E temos a posição original de Nkunku, aquela na qual, inclusive, ele fez seus jogos na pré-temporada: pelas pontas. Sobraria para Sterling ou Palmer, com mais chances de o primeiro dançar, já que Palmer parece ser o grande nome do Chelsea nessa arrancada tardia. Acontece que Sterling parece viver sua melhor fase em algum tempo e, por isso, tirá-lo do time pode ser problemático também. Como volta de lesão, Nkunku deve voltar aos poucos ao time, o que dá a Pochettino tempo e chances de testá-lo e achar sua melhor posição. Na pré-temporada, não se saiu tão bem como 10 ou 9 da equipe, mas era um Chelsea (muito) diferente, com peças que nem estão mais lá, que contou com importantes, chegadas, enfim, um cenário bem diferente. A verdade é que a versatilidade de Nkunku dá ao time a profundidade que hoje parece ser raríssima, o que é um alento para uma equipe em formação.
E quando Nkunku volta ao Chelsea?
O Chelsea ainda não divulgou oficialmente quando Nkunku poderá fazer sua esperada estreia oficial pelo clube. Mas o que sabemos é que esse dia está cada vez mais próximo: ele já treina normalment com seus companheiros e está naquela fase de recuperar ritmo, se entrosar, ganhar confiança no joelho machucado. Ou seja, se tudo correr bem, está basicamente pronto e deve estrear em breve. Uma dor de cabeça boa para um Pochettino que, em quatro meses de temporada, viveu crises de enxaquecas negativas por mais tempo do que qualquer um gostaria. Um alívio, afinal.