Núñez está em visível recuperação e merece os elogios de Klopp

O Liverpool tomou uma decisão arriscada quando decidiu contratar Darwin Núñez. Apenas por ser uma reposição à venda de Sadio Mané, uma lenda do clube, a pressão seria imensa. Tinha 23 anos e uma única temporada em alto nível na primeira divisão de uma liga relevante, além da natural necessidade de adaptação a um novo país, uma nova liga, uma nova língua. Às vezes, nada disso importa e o cara chega arrebentando. Às vezes, importa. O uruguaio está na segunda categoria.

A sua primeira temporada em Anfield foi frustrante. Até teve um começo promissor, marcando na Supercopa da Inglaterra contra o Manchester City e na primeira rodada da Premier League contra o Fulham. Um claro divisor de águas foi a expulsão infantil contra o Crystal Palace, após dar uma cabeçada em Joachim Andersen. Foi suspenso por três jogos e, quando voltou, pareceu com confiança em baixa, perdendo chances claras, frequentemente de maneira bizarra. Parecia reiniciar sua relação com a bola.

O Liverpool não lhe deu as melhores condições para se recuperar. A temporada foi inteira acidentada, entre o envelhecimento do meio-campo, excesso de lesões e uma queda brusca de rendimento e organização do time de Jürgen Klopp. Núñez perdeu espaço após a contratação de Cody Gakpo em janeiro e foi praticamente reserva em abril. Muitas vezes entrou pela ponta esquerda, onde poderia usar a sua velocidade, correndo menos riscos de repentinamente aparecer na cara do goleiro e minar sua confiança com mais um erro bizarro.

Apesar dos problemas, o Liverpool não tem o hábito de desistir tão rápido de jovens talentos e nem sonhou em fazê-lo com um jogador que custou € 80 milhões. Klopp o preservou preferindo Diogo Jota ou Cody Gakpo para começar no comando de ataque, flanqueados por Luis Díaz e Mohamed Salah, e outro aparente divisor de águas chegou na terceira rodada da Premier League. Núñez saiu do banco de reservas aos 32 minutos do segundo tempo, com o Liverpool perdendo do Newcastle e com um jogador a menos. Marcou aos 36 e aos 48 para arrancar uma vitória épica por 2 a 1.

Está mais leve desde então e parece estar recuperando a confiança. Ainda alternando entre o time titular e o banco de reservas, deu mais três assistências e marcou dois gols em seis partidas pela Premier League, foi muito bem pela seleção uruguaia contra o Brasil e na última quarta-feira anotou uma pintura para tirar o Liverpool do sufoco contra o Bournemouth. Klopp está feliz com a evolução de Núñez e explicou que ela não acontece por acaso.

Mais adaptado

Klopp tem um histórico extenso e positivo de desenvolver jovens jogadores. Embora ninguém possa acertar todas, raramente comete um erro grotesco no mercado de transferências, como seria um atacante de € 80 milhões que não consegue mais descobrir onde ficam as traves. Em entrevista coletiva antes de enfrentar o Luton Town no próximo domingo, afirmou que a evolução de Núñez foi desacelerado por causa da barreira da língua. Ele não falava absolutamente nada de inglês.

– O primeiro ano foi difícil para ele e difícil para mim também porque você vê esse incrível talento, potencial enorme, mas é difícil liberá-lo. Eu obviamente sou um treinador que pode ajudar um jogador, mas eu preciso de contato para isso. Em um mundo ideal, você pode acelerar o processo conversando bastante com o jogador. Eu não consegui fazer isso porque eu não falo espanhol, mas o inglês dele está muito melhor agora e o meu espanhol ainda não está. O inglês do futebol não é complicado, não precisamos falar sobre tudo da vida, mas a comunicação do futebol agora é possível, o que absolutamente ajuda – disse.

Outro empecilho é que Alisson estava sobrecarregado no cargo de tradutor, e Luis Díaz, além de perder a maior parte da última temporada por lesão, também não era craque em inglês. Mas agora há mais um general que fala espanhol em campo quase todas as partidas e isso também está sendo favorável para o desenvolvimento de Núñez.

– Agora temos mais um jogador de campo. Antes, era sempre Alisson o tradutor, agora temos Mac Allister, e eles são muito próximos. Macca é um jogador de futebol muito inteligente, então se eu esqueço de lhe dizer alguma coisa, Macca diz para ele de qualquer jeito. Os atacantes precisam saber para onde ir quando os meias têm a bola e é sobre essas coisas que você conversa com os jogadores. Em um mundo ideal, os jogadores conversariam entre si sobre isso também, e Macca é muito útil. O inglês de Lucho (Díaz) também está melhorando e eles são muito próximos também. Não há uma quantidade de tempo específica. Cada indivíduo é diferente – afirmou.

Klopp acrescentou que agora Núñez está em um bom momento, tanto dentro quanto fora de campo, e parece muito mais adaptado à vida na Inglaterra.

– Ele está adaptado no time, quando você o vê no prédio aqui, tudo é diferente. Ele está em um momento muito bom e ainda é apenas o começo para ele. Está em um bom momento e que ele continue, espero que continue assim para sempre. Tenho um pouco de medo do que ele pode atingir porque tem muita coisa ali, é maluquice. Agora encontramos o ponto de partida verdadeiro e vamos trabalhar em cima disso – encerrou.

Núñez foi titular contra o Nottingham Forest no último fim de semana e ficou no banco contra o Bournemouth, pela Copa da Liga Inglesa na quarta-feira, o que indica que pode começar jogando no próximo domingo contra o Luton Town. O Liverpool é o quarto colocado, com 23 pontos, um atrás de Manchester City e Arsenal, e a três do líder Tottenham.