Jogaço, chuva, oito gols e lei do ex: Chelsea arranca empate em um épico contra o Manchester City
Naquele que é um dos melhores jogos da temporada europeia, Chelsea e Manchester City fizeram uma partidaça em Stamford Bridge
Quem esteve no Estádio Stamford Bridge, em Londres, presenciou um jogaço neste domingo (12). O Chelsea recebeu o Manchester City e os dois times fizeram jus às expectativas criadas. Dá para dizer que foram até além. Por vezes empates como esse, com tantos gols, são grandes peladas cheios de erros. Não foi o caso.
Os dois times fizeram partidas excelentes e as defesas sofreram com times que criaram muito. Foi um jogo de nível altíssimo e com muita, muita batalha dos dois lados. Pelo que os dois times jogaram de futebol e batalharam em campo, um ponto até parece pouco. Os dois times fizeram por merecer três pontos e acabaram com um.
O Chelsea tem se especializado em jogos dramáticos. O duelo com o Tottenham, na última rodada, foi um desses, com os Blues vencendo no fim por um placar até maior do que pareceu inicialmente. O Manchester City também vinha de vitória, mas uma bem menos movimentada contra o Bournemouth.
Alguns jogadores brilharam demais. Um deles foi Raheem Sterling. Ex-Manchester City, ele não deixou dúvida da sua vontade em campo, brigando pela bola e disputando o máximo possível cada lance e foi premiado com um gol. Grande jogo também de Haaland, que foi preciso, assim como Rodri, outro que conseguiu brilhar no momento decisivo — o que não é uma novidade.
Se o Chelsea tomar quatro gols não é exatamente uma novidade, o Manchester City tomar quatro gols é. E os dois times jogaram um futebol de encher os olhos. Cole Palmer, outro que fez jus à lei do ex, foi outro a se destacar.
Escalações
Mauricio Pochettino escalou um time com Reece James, enfim, de volta ao time titular na lateral direita. Ao contrário da temporada passada, desta vez em uma linha de quatro na defesa, com Axel Disasi e Thiago Silva como zagueiros e Marc Cucurella na lateral esquerda, além de Robert Sánchez no gol.
No meio-campo, dois jogadores que custaram mais de 100 milhões de libras: Enzo Fernández e Moisés Caicedo. O ataque tinha um jogador ex-Manchester City: Cole Palmer, na direita, com Conor Gallagher mais pelo meio, Raheem Sterling na esquerda e Nicolas Jackson como centroavante.
O Manchester City foi a campo em uma formação parecida, a princípio também no 4-2-3-1. Ederson no gol, com Kyle Walker, Rúben Dias, Manuel Akanji e Josko Gvardiol na lateral esquerda. Rodri no meio-campo, sendo o jogador mais recuado, com Bernardo Silva também pelo centro. Phil Foden mais à direita, Jéremy Doku na esquerda e Julián Álvarez pelo meio, com Erling Haaland no ataque.
Primeiro tempo eletrizante com quatro gols
O jogo começou bastante equilibrado. Os dois times são conhecidos por manterem muita posse de bola, então a batalha pela bola era grande.
Em um lance bastante polêmico, Doku pareceu ter feito falta em Caicedo, que se chocou com Disasi e os dois ficaram no chão. O lance continuou e a bola foi cruzada para Erling Haaland, que se enroscava com Marc Cucurella. O atacante segurou primeiro, o lateral segurou depois e o norueguês caiu pedindo pênalti. O árbitro Anthony Taylor não marcou nada, mas o VAR revisou o lance e considerou pênalti, que foi então marcado. O próprio Haaland bateu bem e marcou: 1 a 0, aos 24 minutos.
No banco, o técnico Mauricio Pochettino reclamava do pênalti, depois de ver o lance no tablet do assistente. A torcida do Chelsea fazia cantos xingando o árbitro pelo pênalti. Só que não deu tempo de xingar muito.
Aos 26 minutos, o árbitro marcou falta em Enzo Fernández. Reece James cobrou bem e obrigou Ederson a fazer uma defesa espetacular, mandando para escanteio. No tiro de canto, não teve jeito: Conor Gallagher cobrou para a área, vários jogadores fizeram a parede para abrir espaços e foi Thiago Silva que correu em direção à bola e tocou de leve de cabeça, para colocar no canto e tirar de Ederson: 1 a 1.
Aos 36 minutos, veio a virada. Em uma bola lançada pela direita, Cole Palmer tocou para Reece James, Gvardiol se atrapalhou, James ficou com a bola e cruzou rasteiro para a segunda trave. Na pequena área, Sterling só tocou para o gol vazio: 2 a 1. A tal da Lei do Ex se fez presente em Stamford Bridge.
O City ficou muito perto do empate aos 41 minutos. Bernardo Silva fez um bom passe para Haaland, que se antecipa a Thiago Silva e ficou com espaço, dentro da área, com a bola no pé esquerdo. Parecia um gol inevitável. Ele chutou, mas o goleiro Robert Sánchez defendeu muito bem. Grande defesa. A finalização não foi das mais precisas, mas foi uma defesa bastante difícil e fundamental do goleiro espanhol.
Só que o empate sairia antes do fim do primeiro tempo. Cobrança de escanteio do lado esquerdo de Julián Álvarez em jogada ensaiada. Ele tocou para trás, para Bernardo Silva e este sim fez o cruzamento para a área. Akanji subiu de cabeça livre e tocou no canto direito alto de Sánchez, sem chance de defesa: 2 a 2 no placar, aos 46 minutos.
Vira 2 a 2, acaba 4 a 4
O Manchester City virou o jogo logo no começo do segundo tempo. Jogada que começa quase na linha de fundo de defesa do City com Bernardo Silva, que encontrou Haaland no círculo central. Ele tocou para Julián Álvarez, que avançou, tocou para Phil Foden. Ele devolveu para Julián Álvarez na linha de fundo e ele cruzou para o meio e Haaland deu um carrinho para entrar com bola e tudo: 3 a 2, aos dois minutos da etapa final.
O jogo não tinha períodos de tranquilidade. O ritmo era alto. A primeira mudança veio aos 13 minutos, quando Doku saiu para a entrada de Jack Grealish. Não demoraria para o Chelsea também mexer: saíram Enzo Fernández e Reece James para as entradas de Mykhaylo Mudrik e Malo Gusto.
Aos 21 minutos, veio o gol de empate. Gallagher fez o lançamento para Mudrk na esquerda, ele tocou para o meio para Caicedo, que rolou para Gallagher encher o pé. Ederson conseguiu defender o chute forte, mas a bola sobrou para Nicolas Jackson, que colocou na rede: 3 a 3.
O momento se inverteu e passou a ser do Chelsea. Eram 30 minutos e Sterling, em boa jogada, atraiu a marcação e tocou para Gusto, que bateu de esquerda, livre, e mandou por cima do gol. Uma grande chance desperdiçada.
A chuva em Londres ajudava a desgastar mais ainda os jogadores e foi isso que diminuiu o ritmo do jogo. Aos poucos, o ímpeto do Chelsea foi perdendo para o desgaste físico e o Manchester City foi controlando a partida com a posse de bola. E em um lance de alguma dose de sorte, o time de Guardiola voltou a ficar em vantagem.
Troca de passes pelo meio, Phil Foden tocou para Kovacic, que acionou Haaland e o norueguês devolveu de primeira. Kovacic soltou o pé, mas o chute foi bloqueado e sobrou para Rodri. O espanhol chutou de primeira, Thiago Silva desviou a bola, que entrou: 4 a 3 para os Citizens.
Só que ainda tinha jogo. O Chelsea perdeu um pouco da organização, mas foi para cima com muito coração. Pochettino tinha colocado Armando Broja no jogo aos 45 minutos, no lugar de Moises Caicedo, em uma tentativa desesperada. E deu certo: em um ataque pela direita, Broja foi lançado dentro da área, fez a finta de corpo e foi derrubado por Rúben Dias. Pênalti claro, que o árbitro não titubeou em marcar.
A história da cobrança é daquelas: Cole Palmer, que começou a temporada pelo Manchester City, foi quem assumiu a responsabilidade. Aos 21 anos, ele tem mostrado muita personalidade. Eram 49 minutos do segundo tempo. Ele cobrou com força e categoria ao mesmo tempo: forte, no alto, e não deu chance para Ederson: 4 a 4. Bela cobrança do meia. Cobrança firme, segura e de quem estava louco para balançar as redes. Um empate espetacular.
O jogo terminou com o Chelsea com a sensação que poderia ter feito mais e até Mauricio Pochettino foi reclamar com o árbitro por isso. O Manchester City também pode sair com a sensação que poderia ter vencido. Os dois times jogaram para isso. O 4 a 4 será um desses jogos épicos e lembrados por anos. Quem esteve em Stamford Bridge poderá contar para sempre que esteve em um jogo desses que são tão raros neste esporte.
Disputa apertada na ponta da tabela
O empate fez com que a liderança continuasse com o Manchester City, mas apertada: o time tem 28 pontos, um a mais que Liverpool e Arsenal, segundo e terceiro colocados, respectivamente. Em quarto, o Tottenham tem 26 pontos, também muito perto. Por fim, o Aston Villa é o quinto com 25 pontos, também bastante perto.
O Chelsea ainda tenta se recuperar em termos de pontos e é o 10º colocado, com 16 pontos, mesma pontuação do Brentford e um ponto a menos que o West Ham, nono colocado.
Na próxima rodada, o Chelsea vai até o St. James’ Park enfrentar o Newcastle, que vem de tropeço. Enquanto isso, o Manchester City recebe no Etihad Stadium justamente o vice-líder, Liverpool, naquele que deve ser o jogo mais importante da Premier League na próxima rodada. Tudo isso só no dia 25 de novembro, após a data Fifa.