Premier League
Tendência

João Félix foi do céu ao inferno em sua estreia e o Fulham, confiante, fez o Chelsea amargar nova derrota

João Félix era um dos melhores em campo até ser expulso, e isso contribuiu ao triunfo do Fulham, que já fazia uma partida mais efetiva e emendou a quarta vitória seguida para ampliar a crise do Chelsea

João Félix precisou de um dia desde o anúncio de seu empréstimo ao Chelsea para entrar em campo. E o português estava animado para fazer a diferença no novo clube. Logo escalado como titular, apareceu bastante nesta quinta-feira, em duelo atrasado pela Premier League contra o Fulham. Movimentou-se, deu opções ao ataque, finalizou seis vezes em quase 60 minutos em campo. Mesmo assim, sua estreia seria desastrosa. Uma expulsão infantil facilitou a vitória dos oponentes por 2 a 1 em Craven Cottage. O Fulham, que já fazia uma boa apresentação desde o primeiro tempo, sacramentou o resultado com um a mais e se consolidou à frente dos rivais na tabela. Os anfitriões resistiram ao assédio constante dos Blues na etapa inicial e, com confiança, abriram o placar graças a Willian. Já no segundo tempo, quando o Chelsea empatou, a expulsão de João Félix freou a reação. Os brasileiros de novo resolveriam, com assistência de Andreas Pereira para o gol decisivo de Carlos Vinícius. O resultado aumenta os questionamentos sobre Graham Potter, que não engrena, enquanto o time de Marco Silva emenda a quarta vitória consecutiva na liga.

João Félix se mostrou disposto a um impacto imediato. Logo em um de seus primeiros lances, deu uma caneta na marcação e criou uma jogada que rendeu um chute bloqueado de Kai Havertz, antes de Lewis Hall parar em Bernd Leno no mano a mano. O começo animado dos Blues, no entanto, logo teria resposta do Fulham. Os Cottagers ameaçaram a primeira vez com Carlos Vinícius para fora, antes que João Félix também registrasse sua primeira finalização, sem direção. O Chelsea tinha boa fluidez e não encontrava problemas para arriscar, mas faltava precisão. Foi assim também aos 17, numa cabeçada de Thiago Silva para fora após escanteio.

Após resistir, o Fulham ganhou mais confiança para avançar. Um aviso aconteceu aos 23, num míssil de Bobby Decordova-Reid que explodiu no travessão, após falha clamorosa de Trevoh Chalobah. E o gol surgiu na sequência, dois minutos depois. Os Cottagers roubaram a bola na borda da grande área e Willian recebeu a inversão de Decordova-Reid. O brasileiro chutou com desvio em Chalobah e fez imperar a Lei do Ex para abrir o placar. O veterano preferiu não comemorar. E se o resultado não correspondia ao volume ofensivo dos Bleus, ele também sinalizava certa fragilidade atrás.

O Chelsea continuou martelando no ataque. João Félix aparecia, mas Leno era sempre muito seguro em suas intervenções. E o goleiro realizou uma defesaça aos 34, num chute desviado de Hall que exigiu um excelente tempo de reação do alemão. Os Blues terminaram o primeiro tempo com 14 finalizações, cinco defendidas por Leno, que trabalhou novamente numa batida de João Félix aos 40. O Fulham, de qualquer forma, precisava só de uma brecha. O segundo quase veio antes do intervalo, mas Kepa Arrizabalaga parou a cabeçada de Carlos Vinícius e Thiago Silva limpou a sobra.

O Chelsea conseguiu o empate, enfim, logo em seu primeiro ataque na etapa final. Numa falta lateral, Mason Mount cobrou fechado e acertou a trave. O rebote ficou com Kalidou Koulibaly, que fuzilou na pequena área. Pouco depois, João Félix bateu de fora e parou em Leno. Apesar da lesão de Denis Zakaria, logo os Blues ganharam Jorginho em campo. E perderam João Félix, num lance imprudente aos 13 minutos. O novato ergueu demais a sola numa dividida na intermediária, de forma desnecessária, e recebeu o vermelho direto. Estragou o que era uma boa estreia até então, mesmo sem o gol. Pior, o vermelho direto significa uma suspensão de três jogos, que só o permitirá voltar pela Premier League em fevereiro.

De início, o Chelsea não sentiu a desvantagem numérica e até pareceu dar mais gás. A virada ficou a um triz de acontecer num ótimo lance de Havertz, mas Leno saiu no tempo certo para bloquear o caminho. Porém, as alterações fizeram efeito do outro lado e o Fulham melhorou depois dos 20 minutos. Passou a rondar mais o ataque e retomou a dianteira aos 28. Andreas Pereira cruzou da direita e, mesmo que Kepa tenha saído mal, as dificuldades de Trevoh Chalobah na noite foram ainda mais prejudiciais aos Blues. Diante do impasse, Carlos Vinícius aproveitou a cortesia e subiu com liberdade para a definição de cabeça.

Graham Potter fez quatro mudanças pouco depois, com as entradas de Hakim Ziyech, Marc Cucurella, Connor Gallagher e Carney Chukwuemeka. Parecia tarde demais para tamanho impacto e o Fulham sabia como cozinhar o resultado. Os Blues teriam alguns espasmos em meio ao desespero para tentar o empate. O melhor lance aconteceu aos 40, mesmo depois anulado por impedimento, quando Havertz tentou de bicicleta e logo na sequência Cesar Azpilicueta emendou com perigo. Contudo, os Cottagers se defendiam com consistência e ainda contavam com Leno sempre atento para manter o resultado. Era um triunfo merecido dos anfitriões.

O Chelsea acumula quatro partidas sem vencer, três delas pela Premier League. Considerando apenas jogos da liga, os Blues ganharam somente um de seus últimos nove compromissos – o pior desempenho entre os 20 participantes do campeonato desde então. Em outros tempos, não surpreenderia se Graham Potter já estivesse demitido. Por enquanto resiste, e vê seu time num modestíssimo décimo lugar, com 25 pontos, dez abaixo do G-4. Já o Fulham é quem sonha com as copas europeias, graças às quatro vitórias consecutivas desde o Boxing Day. Os Cottagers ocupam o sexto lugar, com 31 pontos, a dois de descolar pelo menos uma vaga na Liga Europa.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
Botão Voltar ao topo