Hodgson anuncia saída do Crystal Palace e adeus aos “rigores da Premier League” depois de 45 anos de carreira
Técnico veterano não descarta assumir novo posto no futebol, mas garante que não será como técnico da primeira divisão inglesa

Aos 73 anos, Roy Hodgson decidiu que chegou a hora de deixar para trás a pressão do futebol de elite e aproveitar mais a sua família. O Crystal Palace anunciou que o treinador deixa o clube que assumiu em setembro de 2017 ao fim desta temporada, dando fim a uma parceria de sucesso, que manteve o clube confortavelmente na Premier League por quatro temporadas.
Hodgson destacou a longevidade de sua carreira para explicar que era o momento de dar um passo para trás. O técnico não descartou assumir um outro clube ou outro posto no futebol, mas deu a entender que seus dias no comando técnico de uma equipe na primeira divisão chegaram ao fim.
“Depois de mais de 45 anos treinando, decidi que é a hora certa de me afastar dos rigores do futebol de elite da Premier League, então nossas duas partidas finais serão minhas últimas como treinador do Crystal Palace”, afirmou o treinador.
“Foi um período particularmente gratificante da minha vida e carreira no futebol, poder passar essas últimas quatro temporadas com o Palace. Sinto que agora, no fim de outra temporada bem-sucedida, em que garantimos a permanência na Premier League, o momento é certo para eu me afastar de minhas responsabilidades de treinador em tempo integral.”
Hodgson indicou que a decisão tem a ver também com sua vida particular. Reconhecendo os sacrifícios de sua família, fala em “levá-los em consideração” daqui pra frente. “Tive muito apoio da minha mulher e da minha família ao longo da minha carreira e tenho contemplado esta decisão há algum tempo. Acredito que agora é a hora certa de levá-los em consideração e ver o que o futuro reserva para mim.”
Hodgson começou sua carreira como treinador em 1976 no Halmstad, na Suécia, onde conquistou o campeonato nacional duas vezes, em 1976 e 1979. Entre 1985 e 1989, foi pentacampeão sueco pelo Malmö e, mais tarde, teve sucesso no futebol de seleções, levando a Suíça para a Copa do Mundo de 1994 e a Eurocopa de 1996, pondo fim a um período de ausência dos suíços em grandes competições desde o Mundial de 1966.
De 1995 a 1997, Hodgson liderou um projeto de reconstrução da Internazionale, na Itália, que vinha de colocações medianas na Serie A, levando o clube ao terceiro lugar da liga em 1997, alcançando no mesmo ano a final da Copa da Uefa. O treinador assumiu o comando do Blackburn em 1997/98 e só em 2007 voltaria ao futebol inglês, à frente do Fulham. Nos Cottagers, construiu uma boa reputação nacional, com destaque para o vice-campeonato da Liga Europa em 2010. O trabalho em Londres o levou ao Liverpool em 2010/11, mas Hodgson não teve sucesso nos Reds, deixando o cargo na metade de temporada e sendo substituído por Kenny Dalglish.
Ao garantir a permanência do West Bromwich na Premier League em 2011/12, ocupando a 10ª colocação, Hodgson se colocou em boa posição na Inglaterra e assumiu o comando da seleção. Em 2012, chegou às quartas de final da Eurocopa, o que o credenciou a permanecer no posto. No entanto, a eliminação na fase de grupos da Copa do Mundo de 2014 mudou a percepção de seu trabalho nos Three Lions, e seu destino foi selado mais tarde com a eliminação vista como vexatória para a Islândia na Euro 2016.
À frente do Crystal Palace, Hodgson restabeleceu parte de seu prestígio ao garantir quatro temporadas de sucesso aos Eagles – no caso, de permanência e estabilidade na Premier League. Com campanhas relativamente confortáveis, terminando em 11º, 12º e 14º e, agora, a caminho de mais uma colocação intermediária, deixa no clube um sentimento de gratidão. “Ele é o único treinador do Palace a garantir quatro anos na Premier League e nos ajudou a dar estabilidade durante um momento dos mais turbulentos”, destacou Steve Parish, presidente do clube.
Com a saída de Hodgson ao fim da temporada já decretada, o Crystal Palace se volta para o mercado, e três nomes tomam a frente entre as especulações: Eddie Howe, ex-Bournemouth, Sean Dyche, do Burnley, e Frank Lampard, demitido do Chelsea em janeiro deste ano. Independentemente de quem seja escolhido, o sucessor deverá dar sequência ao trabalho regular de Hodgson e, segundo a imprensa inglesa, aproveitar bem o grande talento das categorias de base do clube do sul de Londres.