Premier League

Hart: “Quando Guardiola me descartou, agradeci por ter sido muito honesto comigo”

Joe Hart foi parte essencial nos sucessos do Manchester City ao longo desta década. O goleiro levado pelos celestes ainda na adolescência foi um raro contratado no período pré-milionário do clube que permaneceu como protagonista nas conquistas da Premier League em 2011/12 e 2013/14. Mais do que isso, ainda se tornou fundamental na campanha dos Citizens rumo às semifinais da Liga dos Campeões em 2015/16, até entrar em rota de colisão com Pep Guardiola. Por não ter uma pretensa qualidade para jogar com os pés, o líder do elenco foi prontamente descartado pelo novo treinador. Precisou rodar emprestado por Torino e West Ham, até se transferir ao Burnley na atual temporada.

Em entrevista à Sky Sports, Hart falou sobre a relação com Guardiola. E diferentemente do que poderia se pensar, não demonstrou qualquer rancor. Pelo contrário, apontou que ambos se dão relativamente bem, justamente por conta da honestidade do comandante em sua posição quando chegou ao Estádio Etihad. Conforme o inglês, sempre se trataram bem quando precisaram se reencontrar nos corredores do Manchester City.

“Eu faço o que o técnico pede para mim, com o melhor da minha habilidade. Não estou dizendo que sou brilhante ou sou perfeito. Essa é coisa mais importante que aconteceu comigo ao longo dos últimos anos. Eu me dou bem com Guardiola, ele é um dos melhores técnicos. Pep chegou e foi muito honesto comigo. Olhei nos olhos dele e apertei sua mão, agradeci pela honestidade. Eu não agradeci por sua opinião, mas a honestidade dele foi incomparável. Tentou fazer o melhor em uma situação ruim para nós dois. Assim que aconteceu. Eu segui em frente, trabalhei duro, treinei com o City, fui bem recebido nas últimas pré-temporadas. Poderia ser constrangedor, mas não foi”, declarou Hart.

O goleiro também apontou que o clube o liberou amigavelmente na última janela de transferências, ao assinar com o Burnley: “Eu deixei claro para o City que eu não gostaria ser emprestado novamente, eu tinha um ano de contrato. Como eu disse antes, foi uma situação estranha para mim. Eu sei das qualidades que eu agrego, sei o que fiz e o que ainda posso fazer, mas as pessoas não estavam batendo à porta por mim. Essa é a verdade. Na minha opinião, empréstimos são para jovens tentando melhorar, para aqueles que têm o mundo todo pela frente. Sou grato por estar no Burnley e estou curtindo o momento”.

Outro tema espinhoso para Hart é a seleção inglesa, depois de ter ficado de fora na última Copa do Mundo. O goleiro assegurou que permanece disponível, mesmo dando a entender que Gareth Southgate não o quer: “Se fosse perguntado para defender a Inglaterra amanhã, eu estaria pronto. Mas no momento, os técnicos sempre terão suas opiniões. Eu só posso fazer minha parte, no mais alto nível, então o resto fica a critério das outras pessoas. As coisas estão fora das minhas mãos. Eu continuarei a me esforçar, o Burnley é obviamente a minha prioridade e qualquer coisa que acontecer, acontecerá”.

“Eu poderia ter vivido um longo verão onde lamentei por mim, mas eu amo desafios. A campanha na Copa do Mundo foi incrível, eu estava arrasado por não estar no elenco, mas você precisa fazer o seu melhor. Tive boas férias, aproveitei isso. Fiz a pré-temporada e estou pronto a me recuperar. Amei ver os meus companheiros, sou um grande fã deles, não podia estar mais orgulhoso. Eles fizeram as pessoas felizes, eu incluído entre elas. Continuarei apoiando a seleção não importa o que aconteça”, complementou.

Diante das lesões de Tom Heaton e Nick Pope, Hart se tornou titular do Burnley na atual temporada. Embora os riscos do clube neste começo de Premier League sejam inegáveis, sem embalar nas primeiras rodadas, o arqueiro demonstra recuperar a sua forma depois de momentos em que não impressionou tanto no Torino e no West Ham. Aos 31 anos, dar a volta por cima em Turf Moor parece mesmo o objetivo imediato de sua carreira.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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