Premier League

Em duelo pelo G4, Tottenham e Aston Villa reunem técnicos em luas de mel (merecidíssimas) com torcida

Tottenham x Aston Villa acontece neste domingo (26) e coloca ótimos trabalhos frente a frente

Quem poderia imaginar que após 12 rodadas da Premier League, o Tottenham estaria em quarto (após ter liderado entre a oitava e a décima partida), a frente de Manchester United e Newcastle. E o Aston Villa, quinto, apenas um ponto atrás dos Spurs, com vantagem sobre os rivais citados e o segundo melhor ataque da competição – tudo isso conciliando com a Conference League. Se há algo de comum entre as equipes é o trabalho tático e de mobilização de seus técnicos, aclamados pelas respectivas torcidas.

“Angeball” pegou no Tottenham

O impacto de Ange Postecoglou nos Spurs é inegável e até difícil de explicar. O australiano foi uma verdadeira aposta. Aos 58 anos, ele nunca havia assumido um desafio tão grande na carreira. Pior, em cinco meses, parece que o elenco do clube londrino assimilou quase que completamente suas ideias táticas, que, inclusive, vão na contramão do que vinha sendo construído pelos técnicos anteriores (Antônio Conte e José Mourinho).

Na atual Premier League, o Tottenham soma, em média, 60.1% de posse de bola por jogo (a quarta maior da liga), ante 49.9% na temporada passada. Para além dos números, hoje é ótimo assistir ao time do Norte de Londres. Protagonista no jogo, a equipe é intensa, extremamente ofensiva, utiliza um ataque posicional e aposta numa saída de bola diferenciada. Os dois laterais, Pedro Porro (direito) e Destiny Udogie (esquerdo) se posicionam por dentro para atrair os marcadores, enquanto o volante Yves Bissouma fica bem na frente dos dois zagueiros para somar na qualidade no passe. Os pontas, normalmente Richarlison (agora lesionado, substituído por Brennan Johnson) e Dejan Kulosevski ficam bem abertos nos lados do campo, e o meia James Maddison (também machucado nesse momento) tem liberdade para flutuar em todos os setores do campo e aparecer para dar opção na saída.

A linha de defesa extremamente alta é de lei, independente de quantos jogadores estejam em campo. A postura com dois a menos na goleada sofrida para o Chelsea chamou atenção de torcedores e imprensa. Os Spurs não abriram mão de seu jogo, tiveram coragem mesmo com inferioridade numérica e acabaram punidos por isso (4 x 1 para os Blues), mas Angie não pareceu se importar.

Em números, o início de Postecoglou com 26 pontos só não é melhor do que o de Guardiola (27) no mesmo período, comparando os primeiros 12 jogos de todos os técnicos atuais da Premier League.

A postura ofensiva do time agrada a torcida do Tottenham, cansada do que construíram os sucessores de Postecoglou. Tanto que o australiano ganhou uma música, no ritmo de Angels, de Robbie Williams, que exalta o estilo de jogo do técnico (o “Angeball”) e alfineta Mourinho, Conte, Mauricio Pochettino e até Christian Gross, treinador dos anos 90.

E apesar de tudo, jogaremos da maneira que quisermos, com o grande Ange Postecoglou, esteja eu certo ou errado.
É um grande ‘Angeball', então você pode ficar com seu Pochettino, Conte e Mourinho, e até mesmo Christian Gross.
Onde quer que vamos, estamos amando a grande Ange.

Para o jogo com o Villa neste domingo (26), porém, o Angeball terá que lidar com os enormes desfalques da equipe. Além dos citados Maddison e Richarlison, Udogie ainda é dúvida e a dupla de zaga titular está fora (Van der Veen lesionado e Cristian Romero suspenso). De menor importância, mas ainda sim revelantes nesse momento de prova ao elenco, estão fora Ryan Sessegnon, Ivan Perisic e Manor Solomon.

Com mais tempo no cargo, Unai Emery traz consistência ao Villa

Quando assumiu o time na temporada passada, o técnico espanhol Unai Emery encontrou o Villa em 13º colocado em 15 rodadas disputadas, apenas quatro pontos da zona de rebaixamento e um elenco desacreditado. Ao fim da Premier League 2022/23, a equipe não apenas evoluiu, como venceu jogos gigantes em cima de Manchester United, Newcastle, Brighton e Tottenham, terminando em sétimo e garantindo vaga em competição europeia.

Os 12 primeiros jogos dessa temporada mantém o nível de trabalho do ano anterior, ganhando os importantes reforços de Moussa Diaby e Nicolò Zaniolo. O Aston Villa de Emery é um time corajoso, que aposta em uma transição veloz quase que o tempo todo. Isso é recompensado com os 27 gols nessa edição da Premier League, segundo melhor sistema ofensivo só atrás do Manchester City (29), e potencializou o brasileiro Douglas Luiz, autor de cinco desses gols.

Como na temporada passada, o clube de Birmingham tem resultados expressivos, como as goleadas em cima de Everton (4 x 0), Brighton (6 x 1) e West Ham (4 x 1). No total, são 25 pontos somados, um a menos que o Tottenham, em oito vitórias e um empate, além de três derrotas.

Claro que uma vaga na Champions League via Premier League deve ser prioridade pela equipe pela receita vinda de bilheteria, TV e tudo que vem junto da principal competição europeia, mas seria muito interessante, importante para o trabalho de Unai e, mais do que tudo, ao clube, conquistar a Conference League – como aconteceu com o West Ham, na temporada passada.

O Aston Villa não sabe o que é levantar uma taça desde a temporada 1995/96, quando levou a Copa da Liga Inglesa. Seria a torcida sofrida de uns dos maiores clubes ingleses historicamente, sete vezes campeão nacional e uma da Champions League. Nesse momento, o time da segunda maior cidade da Inglaterra lidera o grupo E da Conference com nove pontos e está praticamente classificado faltando duas rodadas.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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