Premier League

Completaram-se 20 anos da última vez que um clube da Premier League escalou 11 ingleses

O Boxing Day de 1999 costuma ser considerado um marco ao futebol inglês. Naquele 26 de dezembro, pela primeira vez na história da competição, um clube entrou em campo com 11 jogadores estrangeiros. A vitória do Chelsea por 2 a 1 sobre o Southampton evidenciava os efeitos da Lei Bosman na competição e os reflexos de um esporte cada vez mais globalizado, na liga nacional que se confirmou como a mais poderosa do mundo. No entanto, há também o outro lado da moeda, em uma data menos lembrada. E nesta semana completaram-se 20 anos da última vez que um time da primeira divisão inglesa escalou 11 atletas ingleses. Dez meses antes do Boxing Day, o Aston Villa iniciou o longo hiato.

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Naquele 27 de fevereiro de 1999, o Aston Villa encarava o Coventry City em Birmingham. Treinados por John Gregory, os Villans lideraram parte do primeiro turno, mas caíram de rendimento na metade final do campeonato. O encontro com os celestes aconteceu justamente durante a queda da equipe, que deixava a zona de classificação à Liga dos Campeões e sequer se classificou à Copa da Uefa. Não à toa, os visitantes castigaram os anfitriões no Villa Park. Golearam por 4 a 1, com dois gols do australiano John Aloisi e outros dois do holandês George Boateng. Dion Dublin descontou à “formação inglesa”, que tinha jogadores como Gareth Southgate e Paul Merson em sua escalação – além de Gareth Barry e Stan Collymore saindo do banco. Todos os três substitutos utilizados naquele dia também eram ingleses.

Não que aquele Aston Villa fosse imune à presença estrangeira. Ao longo da temporada, o elenco contou com as presenças do australiano Mark Bosnich, do galês Mark Delaney, do escocês Colin Calderwood e do trinitino (já vendido ao Manchester United em fevereiro) Dwight Yorke. A coincidência eternizou a ocasião. Em maio de 2006, o Middlesbrough poderia ter batido a marca. O Boro utilizou contra o Fulham 11 titulares que nasceram na Inglaterra. Contudo, James Morrison, apesar de ter crescido também por lá, optou pela nacionalidade escocesa e não permitiu que os alvirrubros entrassem para as estatísticas. Não deixa de ser um intervalo abissal, de qualquer forma.

Em interessante levantamento de dados, o @OptaJoe também apontou que nunca um jogo da Premier League contou com 22 jogadores ingleses. O recorde foi de 21 no QPR x Newcastle de janeiro de 1994. A exceção ficou para o goleiro Tony Roberts, galês. Além disso, o Arsenal foi o clube que mais vezes utilizou escalações sem ingleses, 173 no total. É seguido por Wigan (42) e Chelsea (30). Enquanto isso, o Manchester United só se valeu do expediente uma vez, no dérbi de maio de 2009.

Cabe ponderar ainda que a presença de outros jogadores do Reino Unido é natural desde os primórdios do Campeonato Inglês. O profissionalismo foi adotado em 1885, em partes, a Premier League ampliou o fenômeno, impulsionada pela Lei Bosman. E mesmo que o investimento nas categorias de base gerem frutos aos jovens ingleses, reverter o caminho parece impossível. A não ser que um clube se proponha a se limitar a apenas ingleses, a tendência é que a marca do Aston Villa de 1999 siga intacta.



Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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