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Áudio do VAR só deixa anulação de gol legal do Liverpool ainda mais bizarra

A Associação de Arbitragem da Inglaterra divulgou o áudio do gol mal anulado de Luis Díaz contra o Tottenham e que prova a trapalhada na cabine do VAR

O gol mal anulado de Luis Díaz na derrota do Liverpool por 2 a 1 para o Tottenham, no sábado (30), ainda está dando o que falar. Depois de admitir o erro crasso horas depois da partida, a Associação de Arbitragem da Inglaterra (PGMOL) divulgou nesta terça-feira (3) o áudio da cabine do VAR no lance. Por mais que tenha ficado comprovado que o grave equívoco foi mesmo uma falha de comunicação, para tristeza dos fãs de teorias da conspiração, a invalidação do tento só ficou ainda mais bizarra.

Aos 34 minutos do primeiro tempo, quando o Liverpool já tinha um jogador a menos e o Tottenham vencia por 1 a 0, Mohamed Salah avançou com a bola e fez um belo passe em profundidade para Luis Díaz, que chutou para vencer o goleiro Guglielmo Vicario e balançar a rede. O assistente Adrian Holmes, então, assinalou impedimento. Como ocorre em toda situação de gol, tenha ele sido validado em campo ou não, o lance foi revisado pelo VAR. O procedimento de revisão foi feito corretamente e constatou que o colombiano estava em condição legal no momento do passe. Acontece que Darren England, responsável pela arbitragem de vídeo, não passou a informação ao árbitro principal como deveria.

Ao fim do procedimento, Darren England disse apenas que a checagem estava completa. Por ter entendido que não havia sido assinalado impedimento pelo assistente, ele não comunicou a decisão final. Quem percebeu o mal-entendido foi o operador de replay, mas quando o árbitro Simon Hooper já havia reiniciado a partida.

A partir daí, a cabine do VAR vira um caos. Darren England fica surpreso e solta um palavrão, aquele tradicional da língua inglesa e que começa com “F”. O operador de replay diz para segurar a partida, dizendo que Michael Oliver, o quarto árbitro do confronto, está pedindo o mesmo. O responsável pelo VAR lembra que não pode voltar atrás já que a bola já estava rolando novamente, e solta outro palavrão antes de seguir seu trabalho, sabendo que havia cometido um erro grave.

O áudio da cabine do VAR

— Checagem completa, checagem completa. Tudo bem. Perfeito — disse Darren England, responsável pelo VAR.

— Jogando — comunicou o assistente Adrian Holmes.

— Bom trabalho, pessoal. Bom processo — disse o árbitro Simon Hooper, sem saber do erro de comunicação.

— Espera, espera, espera, espera. A decisão do campo foi impedimento. Você está satisfeito com isso? — indagou o operador de replay.

— Impedido. Gol. Sim. Está errado — concordou Dan Cook, assistente do VAR.

— O que? — Darren England.

— A decisão de campo foi impedimento. A imagem mostrou a condição legal — operador de replay.

— Ele deu condição — Dan Cook.

— Palavrão — Darren England.

Luis Díaz teve seu gol incorretamente anulado na vitória do Tottenham sobre o Liverpool (Foto: Icon sport)

— Segura, segura. Oli (quarto árbitro) está dizendo para segurar. Oli está dizendo para segurar. Oli está ligando para pedir que segure o jogo. A decisão é que foi legal — operador de replay.

— Não posso fazer nada. Eles recomeçaram o jogo. Não posso fazer nada, não posso fazer nada — Darren England.

— Sim, eles reiniciaram — Dan Cook.

— Não posso fazer nada. Não posso fazer nada. Palavrão — concluiu Darren England.

Explicação da PGMOL e providências tomadas

Junto com a divulgação do áudio, a Associação de Arbitragem da Inglaterra deu a sua explicação sobre o corrido. Além do que é perceptível entender pelos diálogos que se tornaram públicos, a entidade também informou que em nenhum momento a equipe de arbitragem de campo soube do ocorrido durante o jogo.

— A imagem criada mostrou que Luis Díaz estava claramente em jogo, sem necessidade de inserção de segunda linha. Num lapso de concentração e perda de foco naquele momento, o VAR perdeu de vista a decisão em campo e ele comunicou incorretamente “verificação concluída”, confirmando inadvertidamente a decisão em campo, sem qualquer diálogo com o AVAR (Assistente de VAR) — comunicou a PGMOL.

— A partida recomeçou imediatamente. Após alguns segundos, o Operador de Replay e depois o AVAR questionaram o resultado da verificação completa com o VAR e pediram que ele revisasse a imagem que havia sido criada, ressaltando que a decisão original em campo havia esteve impedido, mas isso não foi comunicado à equipe em campo em nenhum momento da partida. A equipe do VAR então considerou se o jogo poderia ser interrompido naquele momento, porém o VAR e o AVAR concluíram que o protocolo do VAR dentro das Leis do Jogo não permitiria que isso acontecesse, e decidiram que a intervenção não era possível, pois o jogo recomeçou — completou.

Segundo a entidade, foi realizada uma revisão das circunstâncias que levaram ao grave equívoco e “os aprendizados subsequentes serão implementados para reduzir o risco de ocorrência de erros no futuro”, além de reconhecer que “os padrões ficaram aquém das expectativas”.

Sendo assim, três providências foram tomadas. A primeira é reiterar que a rapidez nunca deve vir à frente da precisão. A segunda é o desenvolvimento de um novo protocolo de comunicação do VAR que aumente a clareza na transmissão de decisões entre árbitro e equipe do VAR. Por fim, o processo de revisão dos lances passará a ter uma nova etapa de confirmação entre o árbitro de vídeo e seu assistente antes da decisão ser passada ao campo.

A Associação de Arbitragem da Inglaterra também removeu Darren England e Dan Cook dos jogos restantes da sétima rodada da Premier League aos quais foram assinalados e removeu ambos da escala para a oitava rodada. Os demais membros da arbitragem envolvidos no duelo entre Tottenham e Liverpool não foram punidos.

Foto de Felipe Novis

Felipe NovisRedator

Felipe Novis nasceu em São Paulo (SP) e cursa jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Antes de escrever para a Trivela, passou pela Gazeta Esportiva.
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