Arsenal deve ignorar Suprema Corte do Reino Unido e manter parceria comercial com Ruanda

O polêmico patrocínio de turismo do Arsenal deve continuar estampando a manga das camisas dos times masculino, feminino e juvenil. Isso porque os Gunners não pretendem encerrar a parceria de “Visit Rwanda” mesmo após a decisão da Suprema Corte Britânica na política de asilo.

Na última quarta-feira (15), foi definido que o plano de imigração do governo para Ruanda é “ilegal”. Quando entregou seu veredito, o presidente da corte, Lord Robert Reed, disse que o país africano tem um “péssimo histórico de direitos humanos”, citando evidências da agência de refugiados da ONU.

Além disso, Lord Reed declarou que existia um “risco real” de que os requerentes de asilo serem enviados de Ruanda diretamente para os países de eles fugiram. A decisão escrita declarou que “a maioria das violações dos direitos humanos estaria ligada a críticas ao governo ruandês”, com “restrições à liberdade dos meios de comunicação e às atividades políticas”.

Isso sem falar dos questionamentos sobre o comprometimento do país do leste da África com os acordos internacionais de direitos humanos. Tudo começou em abril de 2022, quando a então Secretária do Interior, liderou o plano que faria o Reino Unido mandar os requerentes de asilo das suas costas para Ruanda, onde seriam processados no âmbito do sistema de asilo do país africano.

Em meio a esse cenário, a Suprema Corte invalidou o Acordo de Parceria para o Asilo entre os governos do Reino Unido e Ruanda após as constantes constatações legais de órgãos humanitários. As informações são do The Atletic. Mas, afinal, onde entra o Arsenal nessa história?

O que Arsenal e “Visit Rwanda” têm a ver com tudo isso?

Com toda essa polêmica sobre a política de asilo e imigração acontecendo no Reino Unido, o Arsenal afirma que seu acordo visa promover o turismo em um país em desenvolvimento, e não apoiar a liderança política do país do leste da África. Entretanto, “Visit Rwanda” é um braço do Conselho de Desenvolvimento de Ruanda. Ou seja, um departamento do governo.

Segundo a BBC, um comunicado do governo ruandês “contesta a decisão que Ruanda não é um país de terceiro mundo seguro para requerentes de asilo e refugiados”, além de estar “comprometido com suas obrigações internacionais”.

O acordo de patrocínio de turismo dos Gunners com Ruanda começou em maio de 2018, quando as partes assinaram um contrato de três anos. Em 2021, o Arsenal fechou outro vínculo com “Visit Rwanda”, cujos valores para estampar o logo na manga da camisa por mais quatro temporadas são de £ 10 milhões (cerca de R$ 60 milhões) por ano.

Vale ressaltar que o acordo firmado pelos Gunners foi alvo de críticas, tendo em vista que o governo ruandês é acusado por vários grupos de direitos humanos de abusos em séries. A ONG Human Rights Watch alega que a tortura no país africano é comum, assim como a falha na condução das investigações em “mortes suspeitas”.

A Anistia Internacional diz que os “desaparecimentos de anos anteriores permanecem sem solução” em Ruanda. Em 2022, o Arsenal declarou ao The Atletic que realizou “extensas pesquisas” antes de fechar a parceria com “Visit Rwanda”, que se concentra em impulsionar o turismo em um país em desenvolvimento.

No ano anterior, o governo do Reino Unido criticou o país do leste da África no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas por “assassinatos extrajudiciais, mortes sob custódia, desaparecimentos forçados e tortura”. Apesar de tudo isso, o Arsenal vai manter seu contrato com Ruanda.