Premier League

Eleito melhor diretor do futebol europeu, Edu Gaspar colheu o que plantou: confiança no processo

Símbolo da reconstrução do Arsenal, Edu Gaspar vence premiação no evento Golden Boy 2023

Nesta sexta-feira (17), Edu Gaspar recebeu prêmio de melhor diretor do futebol europeu, no evento do Golden Boy, premiação organizada desde 2003 pelo renomado jornal italiano “Tuttosport”. Dirigente do Arsenal desde 2019, o ex-volante iniciou no clube londrino como coordenador técnico, função que desempenhou até novembro de 2022, quando foi promovido a diretor esportivo, cargo inédito na história dos Gunners.

Ex-volante de clubes como Corinthians, Valencia e do próprio Arsenal, Edu Gaspar foi coordenador técnico de Tite na Seleção Brasileira entre 2016 e 2019. Após o título da Copa América, aceitou a proposta dos Gunners e iniciou sua empreitada como dirigente no futebol europeu. Homem forte do futebol do time londrino, Edu é responsável diretamente pelas contratações da equipe.

O vice-campeonato da Premier League na temporada passada deu destaque ao trabalho de Edu Gaspar. Mas engana-se quem acha que a vida do dirigente brasileiro no futebol inglês foi fácil desde sua chegada em Londres.

Edu Gaspar roeu o osso e amargou começo desanimador no Arsenal

Edu Gaspar chegou ao Arsenal ciente da enorme responsabilidade que teria pela frente. Mas será que ele tinha noção que gerir uma seleção é completamente diferente de gerir um clube. Dia a dia, trato com comissão técnica e jogadores, perfil do torcedor. Tudo mudaria na rotina de trabalho do dirigente brasileiro, que se mostrou, desde o início, convicto da mudança de ares.

Apesar de todo otimismo, gana e vontade de mostrar serviço, Edu Gaspar não teve começo positivo no Arsenal. Pelo contrário. Logo na primeira temporada (2019/2020), um desastre completo, com o clube terminando apenas na oitava colocação. No ano seguinte (2020/2021), o roteiro se repetiu e os Gunners mantiveram o mesmo status na tabela. Mais do que a classificação, o que mais incomodava a torcida do Arsenal era a gastança exorbitante em jogadores que não rendiam o esperado.

No começo da temporada 2021/22, a batata de Edu Gaspar começou a assar para valer. O dirigente brasileiro era apontado por boa parte da torcida do Arsenal como o principal responsável pelo péssimo momento do clube em campo. Além das críticas por gastar demais em contratações pouco eficientes, Edu passou a ser responsabilizado pelo crescimento do abismo entre os Gunners e outros grandes times da Premier League, como Liverpool e Manchester City. Naquele ano, o time londrino foi quinto colocado e se classificou para a Liga Europa. Não era o suficiente, sobretudo se olharmos com atenção a história do Arsenal, 13 vezes campeão inglês.

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Volta por cima e vice-campeonato da Premier League

Cerca de um ano e meio depois do auge da crise que tomou conta do Arsenal, os Gunners iniciaram a colheita dos frutos. Colheita dos frutos? Sim. O clube não cedeu a pressão das arquibancadas, manteve Edu Gaspar, confiou no processo encabeçado pelo cartola brasileiro e Mikel Arteta e melhorou significativamente seu desempenho em campo.

Edu Gaspar, que recentemente era acusado de “fracassado” e “incompetente”, passou a ser tratado como o homem que conseguiu recolocar o Arsenal no caminho do sucesso. Afinal, a reconstrução do elenco dos Gunners, que se livraram de vários medalhões nos últimos anos (como Mesut Özil, Pierre-Emerick Aubameyang e Alexandre Lacazette) em detrimento da chegada jogadores jovens e promissores, foi um projeto pessoal do diretor esportivo, abraçado também por Arteta, com quem Edu tem ótima relação.

Edu Gaspar ao lado de Mikel Arteta, técnico do Arsenal (Foto: Icon Sport)

Antes mesmo do início da temporada 2022/2023, Edu Gaspar já ‘colocava fé' no salto que o Arsenal teria em relação ao ano anterior. O ex-dirigente do Corinthians e da Seleção Brasileira acreditava fielmente na evolução de jogadores ainda muito novos, mas com grande potencial para começarem a explodir na principal liga do mundo. E ele estava certo.

Pegando três exemplos claros de tal evolução, temos: Martin Odegaard, que se tornou um dos melhores meio-campistas da Premier League, e os pontas Gabriel Martinelli e Bukayo Saka, que parecem dois experientes dentro de campo e resolvem partidas em quase todas as semanas. Além do trio, Gabriel Magalhães é outro que também merece destaque. O zagueiro brasileiro evoluiu muito nos últimos meses e, hoje, é considerado o principal pilar da defesa dos Gunners.

Em 2022/2023, o Arsenal liderou a Premier League durante boa parte da competição e chegou a colocar oito pontos de diferença em relação ao segundo colocado, o Manchester City. Mas o time de Pep Guardiola é experimentado e especialista em pontos corridos. Os Citizens correram atrás, embalaram sequência impressionante de vitórias, contaram com tropeços dos Gunners na reta final e ficaram com o título. A frustração tomou conta do lado londrino, mas o vice-campeonato não apagou os feitos de Edu Gaspar, Arteta e companhia.

Plantel estruturado e Arsenal estabelecido como candidato

O inesperado vice-campeonato doeu. O título de fato estava nas mãos do Arsenal, que deixou escapar por detalhes. Dito isso, os Gunners tiveram de juntar os cacos e olhar o copo meio cheio. Para quem há duas temporadas derrapava na Premier League e suava para conquistar uma vaga na Liga Europa, brigar pelo troféu até a última gota de suor contra a dinastia do City de Guardiola é um feito que merece e precisa ser valorizado.

Hoje pode-se dizer que o Arsenal é um time organizado e destinado a grandes feitos na Premier League. A concorrência é pesada e, como já citado, desbancar o atual tricampeão inglês Manchester City não é tarefa fácil. Mas o time de Edu Gaspar e Arteta espera ter aprendido as lições das últimas temporadas, para que na atual Premier League ou em um futuro próximo, possa voltar a erguer o troféu mais cobiçado da Inglaterra, feito que os Gunners não alcançam desde 2003/2004.

Foto de Guilherme Calvano

Guilherme CalvanoRedator

Jornalista pela UNESA, nascido e criado no Rio de Janeiro. Cobriu o Flamengo no Coluna do Fla e o Chelsea no Blues of Stamford. Na Trivela, é redator e escreve sobre futebol brasileiro e internacional.
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