Alonso foi o brilho individual. Mas o trunfo do Chelsea foi o coletivo funcionando novamente
Mudanças são sempre perigosas, principalmente quando você abandona o que vinha dando certo. Pode ser para melhor ou para pior. O Tottenham ficou invicto na última temporada atuando no White Hart Lane, mas já começa a nova campanha com uma derrota como mandante. Mas em Wembley, enquanto seu estádio é remodelado. O Chelsea saiu vitorioso do clássico londrino, por 2 a 1, com dois gols de Marcos Alonso. O grande destaque, no entanto, foi o coletivo voltando a funcionar, depois de uma estreia muito ruim contra o Burnley, no último fim de semana.
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Em Stamford Bridge, na casa do Chelsea, o Burnley chegou a abrir 3 a 0. Os anfitriões tiveram um jogador expulso ainda no primeiro tempo e demonstraram falhas defensivas pouco características de uma equipe que foi campeã inglesa na temporada passada com base justamente nessa solidez. Contra o Tottenham, porém, o bloqueio funcionou perfeitamente. Conte promoveu algumas alterações: David Luiz foi volante ao lado de Bakayoko e Kanté, Azpilicueta fez o trio de defesa com Christensen e Rüdiger.
E o Chelsea pareceu novamente a equipe da temporada passada. Sem ceder nenhum espaço para o Tottenham e turista no campo de ataque, mas um turista barulhento: aparecia de vez em quando e sempre levava perigo para Lloris. Faltaram a contundência de Diego Costa liderando a linha ofensiva e a habilidade de Hazard para ameaçar mais. Morata ainda se encontra no futebol inglês. Perdeu uma ótima chance no começo do primeiro tempo e não mostrou a mesma capacidade de incomodar a defesa adversária que o seu antecessor tinha.
Abrindo mão de um jogador de ataque – Conte geralmente atua com três – para reforçar o meio-campo contra o talentoso time do Tottenham, o Chelsea recorreu a Marcos Alonso para marcar os seus gols. O lateral espanhol acertou uma cobrança de falta perfeita no ângulo, aos 23 minutos do primeiro tempo, e colocou o seu time em vantagem. Os Spurs, com dificuldades para entrar na área, tiveram uma chance de ouro com Harry Kane. Tirada da cartola pelo atacante: recebeu na área, achou o espaço e mandou no pé da trave.
A dinâmica da partida acentuou-se no segundo tempo. O Tottenham encurralou o Chelsea em seu campo de defesa. Teve mais de 60% de posse de bola e deu 18 chutes a gol, apenas seis certas. Somente Kane finalizou oito vezes, uma a menos que todo o time do Chelsea. Mas não conseguiu criar muitas chances claras de gol. Mauricio Pochettino foi ousado ao tirar Dier, um dos seus zagueiros, e colocar Son, retornando para o 4-2-3-1. O jogo ficou bem mais aberto depois disso.
E Pochettino quase sofreu imediatamente com as consequências de suas decisões quando Willian acertou a trave. Mas o futebol tem essa ironia muito fina e bela. A substituição que mexeu efetivamente no placar foi a de Antonio Conte. Entrou Batshuayi no lugar de Morata e, quatro minutos depois, o belga marcou, em cobrança de falta de… Eriksen. Batshuayi fez um movimento de centroavante, dentro da sua própria área, tentando cortar o cruzamento, e enganou Courtois.
O gol da vitória foi a evidência mais clara do Chelsea atuando como time novamente. Uma distração crucial de Wanyama no meio-campo permitiu que David Luiz desse o bote e começasse o ataque dos visitantes. A bola chegou a Marcos Alonso, dentro da área, e o chute, embora forte, não foi tão bom assim. Mas Lloris também não foi muito bem no lance e deixou a bola passar por baixo do seu corpo.
O campeonato por pontos corridos tem os jogos em que você não pode perder os pontos e aqueles em que qualquer coisa que você conseguir é lucro. O Chelsea perdeu um da primeira categoria e venceu um da segunda, equilibrando a sua situação. E o Tottenham, que ganhou apenas um dos últimos dez jogos que disputou em Wembley – usou o estádio na Champions League da última temporada – ainda precisa se sentir um pouco mais em casa.