Premier League

Alexander-Arnold estuda Stones, Rodri e lendas do passado para aprender nova função

Desde o fim da temporada passada, Alexander-Arnold é mais meio-campista do que lateral quando o Liverpool tem a bola

O Liverpool está no meio de um processo de reformulação e, além de novos jogadores, também apresenta mudanças táticas. A principal delas, desde a arrancada no fim da última Premier League, é o posicionamento de Trent Alexander-Arnold como meio-campista quando o seu time tem a posse de bola, o que levou o lateral direito inglês a estudar algumas das lendas do passado e até especialistas do presente para aprender a exercer essa função.

A novidade é um meio-termo de Klopp com si próprio porque, no passado, o técnico alemão chegou a criticar Gareth Soughate por “perder o melhor lateral direito do mundo” ao experimentar Alexander-Arnold no meio-campo. Antes da vitória sobre o Brentford no último domingo, Klopp repetiu essa frase, mas admitiu a possibilidade de usá-lo de vez no meio-campo, e não apenas saindo da lateral quando sua equipe está no ataque.

Arnold continua sendo escalado como lateral direito e protege o corredor quando o adversário está com a posse de bola. Quando é vez do Liverpool atacar, ele fecha pelo meio, fazendo uma dupla de volantes, e o lateral esquerdo se posiciona perto dos zagueiros. Em termos numéricos, o 4-3-3 vira um 3-2-2-3 – ou, como chamam na Inglaterra, 3-box-3, porque tem um trio na defesa, um trio no ataque e, entre eles, uma “caixa” com quatro jogadores.

O mecanismo é parecido com o que Guardiola implementou para impulsionar o Manchester City à conquista da Tríplice Coroa. No caso do campeão europeu, os jogadores ofensivos de lado de campo, geralmente Jack Grealish e Bernardo Silva, eram mais alas do que pontas, e o jogador que fez a função híbrida é o zagueiro John Stones, um dos objetos de estudo de Alexander-Arnold.

– Eu acho que como alguém que joga o papel invertido ou híbrido não sei como as pessoas estão chamando hoje em dia, então é obviamente John Stones. Ele é alguém que eu admiro faz tempo. Ele é excepcional, eu o vejo muito. Em clipes ou mesmo quando estou apenas vendo os jogos do City. Eu me sento e foco nele. E eu admiro como Rodri joga. Ele é central para o time e muito subestimado, mas, como vimos recentemente, quando ele está fora do time, eles não são os mesmos. Isso mostra o quão importante ele é – disse.

Além de um dos melhores volantes do mundo, ele também está de olho em grandes nomes do passado.

– Eu diria que são esses tipos de jogadores que eu vejo, mas há tantos. Eu verei jogadores do passado também. Sergio Busquets, Xabi Alonso, Andrea Pirlo, Steven Gerrard, esses são os jogadores que sempre gostei de ver. É um papel completamente diferente, um sistema completamente diferente. Há demandas adicionais para o que eu preciso fazer, mas muita coisa é igual. Para mim, sempre foi sobre jogar com liberdade e tentar criar e fazer as coisas acontecerem e progredir em campo. Mas agora é sobre dar esses passes de uma zona mais central do gramado. Me dá a oportunidade de criar para o time e fazer as coisas acontecerem – afirmou.

E se Arnold virasse meio-campo de vez?

As idas e vindas do meio-campo no mercado de transferências, em especial a saída de Fabinho, abriram a disputa pela cabeça de área. O experiente Wataru Endo foi contratado do Stuttgart, após a negociação por Moisés Caicedo, do Brighton, não dar certo, para ser uma opção de curto prazo, mas ele, por enquanto, está sendo reserva. Alexis Mac Allister é o jogador que mais vem atuando como camisa 5 – ou, na Inglaterra, camisa 6.

Durante a pré-temporada, Klopp experimentou com Alexander-Arnold nessa função. Ele também foi escalado diretamente no meio-campo por Gareth Southgate na seleção inglesa e disputou trinta minutos nesse setor contra o Bournemouth pela Copa da Liga Inglesa no começo de novembro após substituir Endo. Então por que Klopp ainda está cauteloso em efetivar a mudança ou, pelo menos, testar Alexander-Arnold como um meio-campista natural com mais frequência?

Em primeiro lugar, como ele disse, porque o Liverpool perderia muita força de criação na sua posição original. Não há muitos laterais direitos no mundo que têm a qualidade de passe e a criatividade de Alexander-Arnold, e certamente não há outro no elenco vermelho. O reserva imediato é Joe Gomez que, sendo gentil, apenas quebra o galho. Outro problema é que Arnold ainda tem deficiências defensivas que, no meio-campo, podem ser mais fatais do que na lateral.

– Do jeito que eu vejo, e pelo que me dizem e me explicaram, é quase como se eu fosse um meia com a bola e, sem a bola, um lateral direito. Metade do tempo ou 60% do jogo, estou jogando no meio-campo, então naturalmente as pessoas pensam na ideia de que eu jogue pelo meio. Defensivamente, não recebi a oportunidade de aprender a jogar lá ainda, mas é algo que eu estudo. Eu gosto de aprender sobre o jogo, ver as coisas, ver os jogadores, sistemas diferentes, times diferentes, como jogadores diferentes jogam e há alguns jogadores que jogam muito bem – disse.

E qual seria a diferença entre essa função híbrida e um meio-campista natural?

– Acho que quando a bola vai para frente, é mais sobre proteção e impedir contra-ataques. É mais disciplinado. Quando eu fecho como lateral direito, ainda há Endo ou Mac Allister lá, Fabinho na temporada passada. O trabalho e a função deles são permanecer como camisa 5. Meu trabalho é de alguém que chega de fora e ainda tem a liberdade de entrar por dentro de Salah ou ultrapassá-lo, entrar na área, cruzar ou chutar.

– Mas como camisa 5 é mais rígido. Você é um meia defensivo e é seu papel, ao lado dos dois zagueiros, garantir que, quando a bola sai da área, ela não chegue aos pés do atacante. Essa é provavelmente a principal (diferença). O resto é posicional, se acostumar a onde ficar e muito disso é instintivo e tentar ler o jogo antes de acontecer e se colocar na posição certa – explicou.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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