Inglaterra

Perto da aposentadoria, Gomes conta como ajudou jovens a se adaptarem à Inglaterra

O tempo de Gomes está chegando ao fim. O goleiro de 38 anos do Watford tem 99% de certeza que se aposentará ao fim da temporada, após uma carreira muito sólida no futebol inglês. Dono dessa experiência, o brasileiro falou, ao Independent, que o próximo passo da sua vida é trabalhar como empresário, ajudando a levar jovens compatriotas para a Premier League.

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A partida desta sexta-feira contra o Queens Park Rangers pode ser a sua última do jogador que marcou sua trajetória profissional por PSV, Tottenham e Watford. Nesta temporada, o goleiro favorito de Javi Gracia é Ben Foster. Gomes fica com as partidas de Copa. Se o Watford for eliminado, ele talvez não ganhe outra chance, a não ser que seu treinador decida que ele merece uma homenagem nas rodadas finais da Premier League.

E ele merece. Gomes defendeu o Watford com distinção, desde que foi contratado, em 2014. São 153 partidas pelo clube, incluindo uma temporada inteira na segunda divisão, e 195 na Premier League, contando a época de Tottenham. “Meu plano no momento é me aposentar ao fim da temporada. Nunca se sabe, mas estou 99% certo que vou me aposentar. Provavelmente, continuarei envolvido com o futebol. Não no gramado, mas fora. Eu sei o tipo de jogador que a Premier League precisa, o tipo de jogador que se adaptará aqui”, afirmou.

Adaptar-se a uma cultura diferente na Europa é uma questão que Gomes considera essencial. Desde a época do Tottenham, ele auxilia jovens sul-americanos que encaram a aventura de jogar em outro país, desde Wilian Palacios a Giovanni do Santos, aos brasileiros Sandro e Richarlison. “Não vivam aqui pensando que estão vivendo no Brasil, que precisam se comportar da mesma maneira. O jeito como jogamos aqui é diferente. Você tem que ser mais constante no jogo. Tem que mudar um pouco como se comporta. Não é uma mudança para a Holanda ou para Portugal. É para a melhor liga do mundo, então você tem que estar no seu melhor para jogar bem”, explicou.

Ele passa dois exemplos. O primeiro com Sandro, quando o técnico Harry Redknapp o informou que ele não viajaria para enfrentar o Werder Bremen, pela Champions League, e mesmo assim o volante apareceu no aeroporto. Gomes foi quem precisou esclarecer a situação para o colega e, a partir de então, passou a funcionar como tradutor. “É tão difícil para nós, brasileiros, como jogadores sul-americanos. A cultura é tão diferente. Eu senti isso um pouco quando cheguei. Gilberto estava no Tottenham, mas saiu logo em seguida, então fiquei sozinho. Eu costumava dizer no PSV: ‘Se você contratar um brasileiro ou um jogador sul-americano, tem que cuidar dele’. Eles precisam de apoio para jogar bem”, disse.

O outro exemplo foi, já no Watford, com Richarlison, que demorou a entender o frio que às vezes faz na Inglaterra. Quando começou o inverno, e Richarlison continuava vestindo shorts e chinelos para treinar, Gomes o levou para comprar roupas mais quentes. “Foi exatamente o que eu fiz com Richarlison aqui. Quando ele chegou, estava um pouco perdido. O clube ajudou muito, mas a língua é difícil. Ele se sentiu bem-vindo quando viu pessoas que falam a mesma língua e o ajudaram a encontrar uma casa. Isso pode fazer a diferença. Quando o que acontece fora de campo está indo bem, dentro de campo ele pode entregar como fez para nós”, disse.

Gomes explica que a vontade de ajudar os outros vem da sua filosofia de vida – e da religião. “Eu faço isso com o coração. Eu fiz porque eu amo ajudar as pessoas. Não apenas no futebol, mas fora dele também. Esse é meu estilo, é o estilo de Jesus. Não foi nada. O prazer foi meu”, concluiu.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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