A perseguição a Maguire é problema, mas insistência de Southgate também é

Harry Maguire é tópico de discussões no futebol da Inglaterra há muito tempo. Contestado no Manchester United, há muitas críticas também à sua utilização na seleção inglesa. Nesta terça-feira, mas entrou durante o jogo com a Escócia, vencido pela Inglaterra por 3 a 1, e acabou marcando um gol contra, o que foi mais motivo para críticas. O técnico Gareth Southgate saiu em defesa do seu jogador e foi duro ao falar sobre a perseguição que o zagueiro sofre.

Desde que o jogador caiu muito de rendimento no Manchester United e perdeu a posição de titular, ele passou a ser contestado também como jogador da seleção. Curiosamente, porém, ele conseguiu manter um bom nível com a camisa da Inglaterra, tanto que esteve na Copa do Mundo e foi titular do time. Recentemente, perdeu a posição de titular. A expectativa sobre ele é grande desde que ele brilhou pelo Leicester e se tornou o zagueiro mais caro do mundo com £80 milhões pagos.

Já na temporada passada, Maguire não foi titular do Manchester United. Nesta, perdeu a braçadeira de capitão e foi colocado como negociável. Chegou a ter proposta acertada com o West Ham, mas o jogador não estava convicto de fazer a mudança. Ficou no Manchester United, onde é reserva e terá que lutar pela posição mais uma vez. Isso enquanto lida com críticas duras, no clube e na seleção, o que faz com que haja mesmo uma sensação de perseguição ao zagueiro.

Southgate: “Nunca soube de um jogador tratado como ele”

As críticas a Maguire são mesmo muito fortes e, por vezes, acabam sendo exageradas, especialmente no que diz respeito ao seu desempenho na seleção. Ele foi um jogador importante na Copa 2018, quando a Inglaterra foi bem e chegou até a semifinal. Fez bons jogos depois disso também, mas é bastante claro que o seu nível diminuiu desde então.

“Do ponto de vista dos torcedores da Escócia, eu entendo. Eu não tenho nenhuma reclamação com o que eles fizeram. É uma consequência do tratamento ridículo que ele recebe por um longo período de tempo, francamente, e acho que nossos torcedores reconheceram: ‘Ok, talvez venha um pouco de pressão dos nossos próprios torcedores, mas não iremos ter de outros fazendo isso com ele’. Mas é um absurdo. Nunca soube de um jogador ser tratado como ele é. Não em relação aos torcedores escoceses, pelos nossos próprios narradores, comentaristas, o que seja, eles criaram algo que está além do que eu já vi”.

“Ele tem sido um defensor absoluto para nós no segundo time mais bem sucedido da Inglaterra por décadas, ele tem sido uma parte chave disso. Eu falei sobre a importância dos nossos jogadores mais veteranos, ele foi crucial nisso e toda vez que ele vai a campo, a resiliência que ele mostra, a coragem que ele mostra é absolutamente incrível, então ele é um jogador de alto nível e nós todos estamos com ele. Nossos torcedores foram brilhantes com ele esta noite. Eu tenho sentimentos fortes sobre isso”, continuou Southgate.

O técnico não tem preocupações sobre o estado mental do zagueiro. “Ele está bem, ele é ótimo, tivemos uma boa vitória e era uma grande parte disso. Ele se apresentou como sempre faz, o que é um enorme crédito para seu caráter”, continuou o treinador.

O gol contra de Maguire na vitória sobre a Escócia levou a questionamentos se isso não seria falta de minutos em campo pelo seu clube, o Manchester United. “Eu já disse o bastante sobre isso. Eu tenho também que dizer que fiquei muito satisfeito com Lewis (Dunk). Eu acho que ele fez um excelente jogo. Marc (Guéhi) fez dois bons jogos para nós também”, avaliou o técnico.

O desempenho do time como um todo agradou muito Southgate, que reservou elogios especificamente para Jude Bellingham, com papel crucial no jogo — fez um gol e deu uma assistência, atuando como camisa 10 (e com a camisa 10). “Ele foi excelente. Pensamos que naquela posição ele pode causar problemas. Sabíamos que precisávamos de foça física para pressionar a Escócia, porque seus meio-campistas podem ditar jogos se você os permitir. Mas sentimos que poderíamos criar uma sobrecarga e com suas corridas fortes, com Marcus Rashford em particular, isso nos deu uma vantagem. Foi bom equilibrar o time”.

Insistência de Southgate também é difícil de entender

Apesar do desempenho do zagueiro com a seleção não ser tão ruim quanto é no clube, a sensação é que Southgate tem sido muito leal a Maguire, mesmo com outras opções disponíveis que podem ocupar o espaço. A Inglaterra tem uma ótima leva de defensores, todos em melhor fase que Maguire.

Lewis Dunk e Marc Guéhi foram titulares e mereceram elogios e ainda há nomes como o de Fikayo Tomori, que ficou fora da Copa do Mundo mesmo sendo um dos melhores zagueiros do campeonato italiano. Isso sem falar em nomes que não estão na atual convocação, como John Stones, do Manchester City, e Bem White, do Arsenal, que embora atue como lateral no seu clube, é um zagueiro de origem e de ótima qualidade, além de Tyrone Mings, do Aston Villa, que fez grande temporada pelo clube.

É importante que o técnico seja leal com os jogadores e até dê espaço para que eles se recuperem dentro do elenco. Só que Maguire não tem justificado mais isso nem na seleção. Perdeu a posição e parece difícil que recupere, diante do que temos visto dos outros zagueiros e pelo desempenho do jogador no Manchester United.

É completamente justificável que Southgate defenda Maguire de uma perseguição eu se tornou agressiva e até desrespeitosa. Por outro lado, também parece que o técnico tem insistido demais na presença do zagueiro em campo, quando ele não é necessário e quando há opções que parecem melhores pelo desempenho, por clube e seleção, nos últimos jogos. Tanto é que ele ficou no banco nesta data Fifa.

Diante dessa situação, o que parece é que Southgate não quer dar o braço a torcer e, agora, deixar de convocar o jogador vai parecer ceder diante da pressão, o que torna esse acontecimento improvável. Seja como for, é um problema não só de Maguire, mas também de Southgate, que terá que lidar com isso também na próxima data Fifa. Talvez possa ser evitada, em parte, não o colocando em campo, embora a sua convocação provavelmente será contestada novamente.