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Lucro é importante, mas Manchester United está preocupado em investir no elenco

O balanço do ano fiscal de 2013/14 revelou renda recorde para o Manchester United. A receita dos Diabos Vermelhos chegou a € 541 milhões, sobretudo graças a novos acordos de patrocínio e à venda de produtos oficiais. Por outro lado, o lucro ficou em apenas € 31 milhões, em comparação aos € 182,9 milhões registrados em 2012/13. A queda é consequência principalmente da nova política de contratações, e, embora a previsão seja de redução na renda para o próximo ano, o time pretende seguir o novo caminho adotado após a saída de Ferguson. A preocupação com as cifras existe, mas todos entendem que é preciso recolocar o time no caminho que trilhou nas últimas duas décadas.

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A primeira transação que revelou um indício de mudança foi a de Marouanne Fellaini, no início da temporada passada. Pressionado por não ter contratado ninguém na época, David Moyes gastou mais de € 34 milhões pelo volante, um valor inflacionado, mesmo levando em consideração a boa campanha que havia feito pelo Everton em 2012/13. Já em janeiro deste ano, pressionado desta vez pelos maus resultados, quebrou um recorde do clube e despejou € 46 milhões na conta do Chelsea para contar com Juan Mata. Conduzindo outra transição nesta temporada, Louis van Gaal recebeu sinal positivo para reformular o elenco independentemente de quanto isso custasse. Chegaram Rojo, Shaw, Ander Herrera, Di María (recorde na história do futebol inglês, por € 74,6 milhões), Blind e Falcao García, tornando o clube o que mais gastou na Europa nesta janela: € 187 milhões.

Essa gastança desenfreada, que deverá seguir em janeiro, com Strootman e Hummels como principais alvos, tem como base principalmente os novos acordos comerciais do time. O patrocínio com a General Motors pelo espaço principal na camisa (€ 415 milhões em sete anos), já em vigência, e a parceria com a Adidas, que começa na próxima temporada e renderá € 937 milhões em dez anos, leva a equipe a um patamar ainda maior. Ainda sem a fornecedora de materiais esportivos na conta, o United registrou 25% de aumento nas rendas vindas de acordos e da venda de produtos oficiais.

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Baseados especialmente nos números do negócio com a Adidas, veículos ingleses que cobrem de perto o clube já falaram que, nos corredores do Old Trafford, a ideia é se tornar de vez um clube gastador, com um craque de nível internacional contratado a cada janela de início de temporada. Esse paradigma é o oposto daquele que caracterizou o time quando Alex Ferguson esteve no comando. O escocês preferia garimpar jovens talentos e transformar-nos em grandes jogadores. Nem sempre funcionava, mas os 13 títulos de Premier League em 20 possíveis mostra que o técnico era muito bem sucedido. A diretoria entende que essa fase passou e que não haverá outro comandante capaz de fazer o mesmo.

Contratado por € 74.6 milhões, Di María é o jogador mais caro da história do futebol inglês (Divulgação)
Contratado por € 74.6 milhões, Di María é o jogador mais caro da história do futebol inglês (Divulgação)

O Manchester United tem uma das marcas esportivas mais valiosas do mundo, uma enorme base de fãs no mundo todo e uma galeria de troféus extensa. Mas apenas isso não garante bons números a longo prazo. A diretoria, pela postura que adota, demonstra entender que é preciso tornar a equipe novamente competitiva, mesmo que isso custe muito agora. Afinal, se estiver no topo, a renda naturalmente ficará também lá no alto. Não dá para sustentar os números de agora com muitas campanhas consecutivas ruins como a feita no primeiro ano sem Ferguson.

O United prevê que, pela ausência da Liga dos Campeões deste ano, a renda caia € 50 milhões no próximo ano fiscal. Apesar dessa previsão negativa, o antídoto será gastar ainda mais dinheiro. Não haverá lucro a curto e médio prazo, mas esse é o caminho encontrado pelos donos do clube para reverter a decadência técnica e potencialmente econômica pela qual passa agora. Ed Woodward, diretor executivo do time, afirmou em reunião com os acionistas que o planejamento para essa temporada e terminar entre os três primieros da Premier League. Van Gaal carrega o pesado fardo de refazer e tornar possível essa previsão. Muita coisa depende disso.

Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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