Inglaterra

Por que Federação Inglesa mudou e agora proíbe inclusão de mulheres trans no futebol feminino

Federação Inglesa de Futebol toma decisão que dividiu opiniões sobre elegibilidade de atletas

A Federação Inglesa de Futebol (FA) anunciou uma mudança significativa em sua política de elegibilidade: a partir de 1º de junho, apenas atletas que nasceram com sexo biológico feminino poderão atuar nas competições femininas organizadas pela entidade.

A decisão encerra anos de debates jurídicos, científicos e administrativos sobre inclusão de atletas trans no futebol inglês, mas também gera polêmica e acusações contra a entidade de tomar uma atitude excludente.

A mudança da FA sobre mulheres trans no futebol feminino

A medida foi tomada semanas após uma decisão da Suprema Corte do Reino Unido que definiu legalmente o termo “mulher” com base no sexo biológico. O veredito alterou o cenário jurídico em que federações esportivas, como a FA, operam e ampliou a margem para que regras mais restritivas sejam aplicadas em categorias femininas.

Até então, a política da FA permitia a participação de mulheres trans em competições femininas mediante análise individual, com base em critérios como níveis hormonais e histórico de supressão de testosterona.

Kerolin, do Manchester City, é uma brasileira que atua no futebol feminino da Inglaterra
O clássico de Manchester entre City e United no futebol feminino (Foto: Imago)

A abordagem, no entanto, vinha sendo criticada por sua falta de clareza, tanto por setores defensores da inclusão quanto por grupos que pediam regras mais rígidas.

Com a nova diretriz, a federação adota uma política de “participação exclusiva para mulheres biológicas”, em linha com o que já foi implementado por outras entidades esportivas internacionais, como as federações de natação e ciclismo. A Federação Escocesa de Futebol também deve seguir o mesmo caminho em breve.

“Este é um assunto complexo, e nossa posição sempre foi que, se houvesse uma mudança material na lei, na ciência ou na operação da política no futebol de base, nós a revisaríamos e a mudaríamos, se necessário”, afirmou a FA em comunicado oficial.

“Entendemos que isso será difícil para pessoas que simplesmente querem praticar o esporte que amam no gênero com o qual se identificam, e estamos entrando em contato com as mulheres transgênero registradas que atualmente jogam para explicar as mudanças e como elas podem continuar envolvidas no esporte.”

A nova regra gerou reações divididas. O coletivo Football vs Transphobia (“Futebol contra a transfobia”, em tradução livre), que atua pela inclusão de pessoas trans no futebol, manifestou preocupação com os efeitos da medida, alertando para o risco de exclusão e marginalização.

Por outro lado, o grupo Sex Matters (“Sexo importa”, em tradução livre), que defende políticas esportivas com base no sexo biológico, classificou a mudança como “tardia” e considerou a política anterior “absurda”.

Com a decisão, o futebol inglês passa a seguir uma tendência mais conservadora nas categorias femininas, alimentando o debate global sobre os limites entre inclusão, equidade e competição no esporte.

Foto de Guilherme Ramos

Guilherme RamosRedator

Jornalista pela UNESP. Escreveu um livro sobre tática no futebol e, na Trivela, escreve sobre futebol nacional, internacional e de seleções. Passagens por Total Football Analysis, Esporte News Mundo, Jumper Brasil e Premier League Brasil.
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