InglaterraPremier League

Escalação equivocada de Wenger quase levou Arsenal à derrota contra o Everton

Arsène Wenger não pode reclamar de falta de sorte neste sábado. O Arsenal foi até o Goodison Park enfrentar o Everton, circunstância complicada para qualquer time. Para dificultar ainda mais a vida dos Gunners, escalou mal o time, perdendo o meio de campo, e viu os donos da casa abrirem uma vantagem de dois gols. No entanto, o francês acordou a tempo para consertar as burradas que fez na escalação e viu Giroud e Cazorla, que saíram do banco, construírem o empate por 2 a 2 no segundo tempo. “Gols com dedo do técnico”, diriam, não fosse o fato de que a dupla deveria ter sido titular desde o início.

VEJA TAMBÉM: Chelsea teve dificuldades, mas agora tem Diego Costa para resolver

Por opção, Wenger deixou Olivier Giroud no banco de reservas e escalou Alexis Sánchez como única referência no ataque, completamente deslocado de seu melhor posicionamento. Além disso, escalou Chamberlain em detrimento de Cazorla e ainda montou um meio de campo com três atletas pelo centro, com Flamini como cabeça de área. Escolha completamente desnecessária, visto que o forte do Everton é justamente as subidas pelos lados. Para piorar tudo isso, os laterais Monreal e Debuchy, principalmente, fizeram partida muito fraca defensivamente. Enquanto o francês constantemente deu espaço para os avanços de Mirallas, os dois gols do Everton saíram pelo lado do espanhol.

Na zaga, outra decisão equivocada. Embora talentoso, o jovem Calum Chambers, recentemente contratado do Southampton, ainda precisa amadurecer. No meio da semana, falhou em uma saída de bola contra o Besiktas, o que quase levou os turcos a marcarem. Dessa vez, bobeou em um contra-ataque dos Toffees, que terminou em gol de Naismith. Chambers tem apenas 19 anos e terá tempo de sobra para conquistar seu espaço. Não há necessidade alguma de torná-lo titular, tendo Koscielny à disposição.

Na volta para o segundo tempo, Wenger tirou Sánchez, que não havia tido nenhuma chance de gol por causa da falta de criatividade do Arsenal, para promover a entrada de Giroud. O francês teve uma ótima chance logo no primeiro minuto da etapa complementar, mas mandou por cima do gol. Com o francês lá na frente, embora perdendo algumas oportunidades, os Gunners pelo menos tinham agora alguém acostumado a se posicionar bem para receber a bola lá na frente. Os ataques começaram a surgir, e o gol foi questão de tempo. O primeiro deles, no entanto, veio com a influência de outro atleta saído do banco.

Cazorla, que entrou no decorrer do segundo tempo, fez ótima jogada pela esquerda e encontrou Ramsey na pequena área com um belo cruzamento rasteiro. O galês teve o trabalho apenas de empurrar a bola para a rede. Já no final do jogo, aos 44 minutos do segundo tempo, Giroud, de cabeça, completou cruzamento de Monreal e garantiu ao Arsenal o importante ponto fora de casa no Goodison Park.

Na quarta-feira o Arsenal faz o jogo de volta das preliminares da Liga dos Campeões. Wenger abriu mão de Cazorla e Giroud no time titular para poupá-los para o confronto com os turcos. Seria mais compreensível tal decisão se estivéssemos em outro momento da temporada, não no início, e se o Besiktas fosse uma equipe forte a ponto de ameaçar seriamente a classificação dos Gunners, que ainda por cima jogarão em casa. Ainda assim, era possível, por exemplo, poupar Giroud e escalar alguém de ofício lá na frente, como Campbell. Já Cazorla pouco jogou na Copa, e a escolha do espanhol como titular não o deixaria desgastado a ponto de tornar a escolha boa.

Dessa vez, Arsène Wenger teve sorte de que suas substituições surtiram efeito a tempo. No entanto, o técnico não pode inventar muito em partidas grandes, contra oponentes tão fortes em casa como os Toffees, escalando uma equipe que não aproveita ao máximo seu potencial. A diferença de atitude no segundo tempo, de um time que busca o empate, ajudou também, é claro. Mas ficou evidente que as escolhas de Wenger para o início do jogo haviam feito o time perder o setor de ligação. O torcedor londrino saiu do Goodison Park com um empate com gosto de vitória, mas o francês não pode se satisfazer acriticamente com isso.

Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
Botão Voltar ao topo