Copa da Liga Inglesa
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O Newcastle vence o Southampton de novo e, depois de 47 anos, vai à final da Copa da Liga

O Newcastle repetiu o triunfo sobre o Southampton, agora em St. James' Park, e tentará levar um título inédito para o clube

Pouco mais de um ano depois do início do investimento saudita no Newcastle, a ascensão do clube já rende uma chance de título. E a classificação para a final da Copa da Liga Inglesa de 2022/23 possui sua importância não apenas pelo contexto recente. Faz tempo que os Magpies não sabem o que é disputar uma decisão. A última vez foi em 1999, na Copa da Inglaterra, enquanto os alvinegros não jogam a final da Copa da Liga desde 1976. Mais do que isso, pode ser o primeiro título desde 1969. Para alcançar a decisão, o Newcastle cumpriu o favoritismo contra o Southampton. Já tinha vencido a ida da semifinal por 1 a 0 em St. Mary's e ganhou também em St. James' Park, com o triunfo por 2 a 1 nesta terça-feira. O lamento fica por conta de Bruno Guimarães, que foi totalmente imprudente e terminou expulso numa solada na reta final do jogo encaminhado. No entanto, a suspensão de três jogos poderá ser cumprida na Premier League e ele deverá estar disponível em Wembley.

O Newcastle possui um número respeitável de títulos, mas restritos a um passado bastante distante. As quatro taças do Campeonato Inglês se concentram de 1905 a 1927. Já na Copa da Inglaterra, os Magpies ganharam o troféu seis vezes, mas não sabem o que é botar a faixa no peito desde as três conquistas da década de 1950. Depois disso, o título mais recente foi a Taça das Cidades com Feiras (a atual Liga Europa) de 1968/69. Mesmo o forte time montado pelos alvinegros nos anos 1990 não encerrou o jejum. Foram dois vices da Premier League e dois da FA Cup em quatro temporadas consecutivas. Neste século, no máximo, o clube teve um troféu da segundona e uma simbólica conquista da irrelevante Copa Intertoto. Pouquíssimo à sua tradição.

Já a Copa da Liga Inglesa é uma competição na qual o Newcastle nunca se deu muito bem. Desde a criação do torneio na década de 1960, o time se colocou entre os quatro melhores apenas duas vezes. A primeira foi em 1975/76, quando a taça escapou na decisão contra o Manchester City. A segunda é exatamente a atual, com a segunda decisão da história dos Magpies. Agora, para tentar escrever um final diferente. E a ótima forma dos alvinegros nos últimos meses leva a crer que o título é possível.

Nestas semifinais, o Newcastle não teve problemas para despachar o Southampton. A vitória por 1 a 0 na ida em St. Mary's elevava a confiança dos Magpies. E o time de Eddie Howe não decepcionou sua torcida em St. James' Park. O Newcastle dominou o primeiro tempo e precisou de 20 minutos para anotar dois gols, em ótimas tramas coletivas. Kieran Trippier passou para Sean Longstaff marcar o primeiro num chute rasteiro e o próprio Longstaff ampliou, num contra-ataque, após uma jogadaça de Joe Willock pela esquerda e a assistência de Miguel Almirón. O Southampton tentou voltar ao páreo com 30 minutos, quando Che Adams descontou com um chute de fora, após um erro dos anfitriões na saída de bola. Mas não foi uma reação duradoura.

Durante o segundo tempo, o Southampton teve 70% de posse de bola, mas poucas chances reais de empatar a partida, sem passar por Nick Pope. Quando o Newcastle pisou no acelerador, inclusive ficou mais próximo do terceiro gol. O goleiro Gavin Bazunu fez uma sequência de grandes defesas e Bruno Guimarães também triscou a trave aos 34. No entanto, o brasileiro deixaria o campo pouco depois. Aos 37, o volante deu uma solada numa dividida e, após revisar o lance no monitor, o árbitro mostrou um compreensível cartão vermelho. O Southampton até se animou no fim, mas também sem muita força. A vaga na final era mesmo dos Magpies.

O dinheiro faz a diferença para o Newcastle, óbvio. Os milhões sauditas encorparam o elenco e, se não garantiram estrelas mundiais, compraram vários ótimos jogadores. Todavia, os méritos dos Magpies não se restringem ao investimento. O trabalho de Eddie Howe é excelente por encaixar as novas peças, assim como por potencializar tantos jogadores que já estavam em St. James' Park. É um time com identidade de jogo clara, uma defesa muito forte e verticalidade em seus avanços. O G-4 da Premier League já é uma ótima mostra dessa consolidação, com a chance de voltar à Champions League após duas décadas. Mas a oportunidade de levar um troféu materializa essa ascensão.

O provável adversário do Newcastle na decisão será o Manchester United, depois de vencer por 3 a 0 o Nottingham Forest na ida da outra semifinal. A volta acontece nesta quarta. Seria um reencontro com contornos históricos, especialmente pela rixa entre os clubes que existiu na década de 1990. E seria também um adversário de peso para referendar a possível conquista alvinegra. Vale lembrar que foi com uma Copa da Liga que o Manchester City, igualmente inflado pelo dinheiro do Oriente Médio, iniciou sua série de taças na última década.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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