Copa da Inglaterra

O Wrexham honrou os holofotes e protagonizou um épico contra o Sheffield United, que leva ao replay da FA Cup

Com a presença do proprietário Ryan Reynolds nas arquibancadas, o Wrexham, da quinta divisão, quase eliminou o Sheffield United, vice-líder da segundona

Muita gente vai acompanhar com mais carinho a trajetória do Wrexham nos próximos tempos. Clube mais antigo de Gales, os Dragões Vermelhos disputam tradicionalmente o Campeonato Inglês e chegaram a pintar inclusive na segunda divisão durante a virada dos anos 1970 para os 1980. Além disso, mesmo como maior campeão da Copa de Gales, o time participa da Copa da Inglaterra. E num momento no qual os proprietários do clube são os atores Ryan Reynolds e Rob McElhenney, até com série na TV, as atenções se tornam maiores. O Wrexham tenta voltar à Football League após 15 anos, atualmente na liderança da quinta divisão do Campeonato Inglês. Já na FA Cup, quase os galeses conseguem um épico no animado 3 a 3 contra o Sheffield United, vice-líder da segundona. Um gol aos 50 do segundo tempo evitou a eliminação dos favoritos e forçou o jogo extra.

O Wrexham possui uma história copeira respeitável. Os Dragões Vermelhos possuem 23 títulos na Copa de Gales, um recorde nacional. Além disso, também fazem bons papéis nas competições inglesas. Já conquistaram o Football League Trophy e o FA Trophy, torneios disputados por times das divisões de acesso. Também possuem três campanhas até as quartas de final da Copa da Inglaterra e outras duas à mesma fase na Copa da Liga Inglesa. E mesmo na antiga Recopa Europeia bateram em quartas de final, em tempos nos quais conseguiam vaga no torneio como representantes galeses. Possuem um histórico de classificações diante de oponentes como o Zurique, o Djurgardens e o Porto.

Com o investimento recente e a chegada principalmente de Ryan Reynolds à presidência em 2020, o Wrexham naturalmente ganhou mais visibilidade. E a temporada atual conta com um bom trabalho dos Dragões Vermelhos. O time está firme na disputa pelo acesso na quinta divisão, depois de bater na trave durante a última temporada. Voltar à Football League é importante não apenas pelo aspecto histórico, mas também para retomar o status completamente profissional na quarta divisão. Já na Copa da Inglaterra, os galeses conseguem aprontar. Nos 32-avos de final, o time eliminou o Coventry City, da segundona, num trepidante 4 a 3. Agora, nos 16-avos, quase tirou o Sheffield United, que é candidatíssimo ao acesso na Championship, atualmente na vice-liderança.

O Sheffield United facilitou sua vida logo aos dois minutos, com o gol de Ollie McBurnie. Porém, o Wrexham virou no segundo tempo em Gales. James Jones empatou aos cinco e Thomas O'Connor virou aos 16. Aos 20, Oliver Norwood voltou a deixar tudo igual para as Blades, mas a expulsão de Daniel Jebbison prejudicava a equipe. Os Dragões Vermelhos se aproveitaram da vantagem numérica com o terceiro gol aos 41, num contra-ataque concluído por Paul Mullin. Porém, John Egan evitou a eliminação do United com um tento salvador aos 50 do segundo tempo, a partir de um escanteio.

Não é o melhor resultado para o Wrexham, considerando as circunstâncias. Os Dragões Vermelhos cederam o empate nos últimos suspiros, jogando em casa e com um homem a mais. Terão que encarar o replay em Bramall Lane, o que dificulta sua vida. Em compensação, não deixa de ser heroico um time da quinta divisão, longe do estrelato, dar tanto trabalho a um adversário que vem em bom momento e que recentemente ganhava dezenas de milhões de libras na Premier League. É um cenário honroso. Ryan Reynolds, nas arquibancadas, não deixou de vibrar. Com esse épico, talvez mais gente se interesse pela série que traz os bastidores dos galeses.

 

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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