Como mensagem em grupo errado do WhatsApp derrubou técnico na Inglaterra
Um relatório enviado para o grupo errado chegou nas mãos do elenco e causou saída de técnico da base do Burnley
Como amante do futebol, você já ouviu falar em técnico demitido por diversos motivos. No Brasil, então, demissão de treinador é o que não falta.
Mas, dificilmente, você já viu uma demissão — ou, possivelmente, verá outra parecida — por um motivo tão inusitado.
Dave Longwell, até então treinador principal das categorias de base do Burnley, foi demitido após enviar mensagem descrevendo com detalhes aspectos negativos de cada jogador do elenco.
A história é a seguinte: o Burnley havia acabado de ser rebaixado da Premier League, justamente no ano do seu retorno. Para completar, ainda perdeu o treinador Kompany para o Bayern de Munique.
As mensagens, portanto, faziam partem de um relatório que teria como destino as mãos do novo treinador da equipe, Scott Parker.
Bom, até aí nada de incomum. Apenas um membro da comissão técnica cumprindo o seu papel e passando informações para o colega recém-chegado. Certo?
O único problema de toda essa história é que as mensagens foram enviadas para um grupo de WhatsApp… com todos os jogadores do elenco sub-21.
A partir daí, o documento vazou e, é claro, chegou nas mãos dos jogadores da equipe principal, que não gostaram nem um pouco do conteúdo.
Dos 39 jogadores do elenco que terminou a temporada 23/24, apenas três receberam avaliações positivas.
O goleiro James Trafford, vindo do Manchester City, o meio-campista Josh Cullen e o capitão da equipe, Josh Brownhill, fora os únicos aliviados.
‘Lixo', ‘atitude preguiçosa' e ‘desperdício de dinheiro': as muitas críticas de Dave Longwell ao elenco do Burnley
Como Dave Longwell tinha certeza que o relatório chegaria apenas às mãos do novo comandante, não poupou críticas. Em outras palavras, desceu a lenha.
Apesar da aparente revolta, Dave baseou sua análise em alguns princípios: custo de transferência, lesões e idade. Bom, ao menos, é o que ele mesmo diz na introdução da sua análise.
Um dos jogadores “analisados” foi o zagueiro belga Hannes Delcroix, contratado por Kompany. Dave apenas resumiu o defensor de 25 anos como “lixo”.
— Lixo. Apenas um jogador ruim contratado por Kompany de um time da Bélgica — disse o ex-treinador.
Outro belga que também sofreu com as avaliações indiscretas foi o meio-campista Mike Tresor, contratado do Genk por R$ 111 milhões.
Em poucas palavras, Dave usou o valor da transferência para criticar o baixo rendimento do atleta na temporada, e o descreveu como “desperdício de dinheiro”.
— Custou 18 milhões de euros! E ele não é nada bom, mal jogou na temporada passada – fraco e com atitude ruim. Um grande desperdício de dinheiro — comentou.
Em parte do relatório, Dave chegou a avaliar algumas negociações não concluídas pela diretoria, como a do atacante Manuel Benson.
Na temporada passada, o jogador esteve na mira do Leeds, mas a negociação falhou. Agora, porém, parece que as partes se acertaram.
— [O valor do jogador] diminuiu devido à atitude preguiçosa. Eles deveriam ter aceitado esse valor, pois foi um erro mantê-lo — analisou o treinador.
Sobrou para todo mundo: até Kompany, ex-treinador da equipe, foi criticado
Nem mesmo o ex-técnico da equipe, Vincent Kompany, saiu ileso das duras críticas.
Dave Longwell criticou desde a montagem feita pelo belga à capacidade de gerenciá-los. E, de quebra, ainda aproveitou para alfinetar a saída do treinador da equipe.
— O grande problema é que eles não conseguem tirar os jogadores pelo dinheiro que gastaram neles, e isso deixou uma bagunça com tantos jogadores. E ainda tem o Kompany, que foi quem os contratou, foi embora — disse o ex-treinador.
Com a repercussão negativa da avaliação agressiva do treinador, o Burnley não viu outra alternativa a não ser aceitar o pedido de demissão de Dave Longwell.
