Holanda

Num mercado de muitas saídas, o Ajax dá uma resposta com a compra de Bergwijn

Bergwijn atuou na base do Ajax até os 14 anos e era um alvo recorrente do clube durante os últimos meses

O Ajax é um dos maiores clubes formadores da Europa, mas sua política de mercado se tornou mais agressiva nos últimos anos. Os Godenzonen ainda fazem muito dinheiro com a venda de seus talentos. O que muda é a forma como a diretoria reinveste essa grana em jogadores renomados, sem esperar apenas novas fornadas da base. A atual janela de transferências inclui as saídas de Sébastien Haller, Ryan Gravenberch, Noussair Mazraoui e André Onana. E a principal resposta vem nesta sexta-feira, com o acerto pela vinda de Steven Bergwijn. O ponta desembarca do Tottenham por €31,25 milhões – mais caro que qualquer venda dos Ajacieden na janela. Será um sonho de infância, considerando que o jogador atuou na base alvirrubra dos 8 aos 14 anos.

Bergwijn era um flerte do Ajax nos últimos meses. O atacante se colocava como uma interessante alternativa para reformular o ataque dos Godenzonen. Aos 24 anos, poderá se valorizar mais no novo clube. A versatilidade é um trunfo do novo camisa 7, como uma peça possível nas pontas e também mais centralizado na linha de frente. Será necessário, considerando que, além de Haller, Brian Brobbey também não deve ficar em Amsterdã. Bergwijn oferece novas possibilidade ao time dirigido por Alfred Schreuder, até por poder se alternar com Dusan Tadic em relação a quem ocupará a ponta esquerda e a faixa central.

O retorno de Bergwijn aos Países Baixos acontece depois de duas temporadas e meia com o Tottenham. O atacante não foi mal nos Spurs, mas também não fez o suficiente para justificar as expectativas, após ser contratado por €30 milhões. Trazido em janeiro de 2020, o novato teve algumas boas atuações em sua chegada, mas não se firmou totalmente no primeiro ano completo. Já na temporada passada, o contexto mudou bastante com Antonio Conte e seu encaixe parecia difícil. Mesmo começando como titular, teve problemas de lesão e acabaria relegado à reserva, com parcos minutos em campo diante das alternativas disponíveis. Apesar dos poucos gols, seria pontualmente decisivo.

A permanência de Bergwijn no Tottenham não fazia sentido, especialmente depois da contratação de Richarlison. O clube faria caixa com a venda do atacante e o Ajax pinta como um excelente destino. Vai continuar disputando a Champions League e terá a oportunidade de buscar mais títulos, apesar do nível inferior da Eredivisie. Também pode recuperar o moral às vésperas da Copa do Mundo. Após ficar de fora da Eurocopa, Bergwijn se tornou frequente nas convocações de Louis van Gaal. Vem sendo utilizado numa dupla ofensiva de bastante mobilidade com Memphis Depay. O sucesso em Amsterdã pode ditar inclusive sua confirmação como titular.

Outro detalhe interessante é que Bergwijn retorna à sua primeira casa. O atacante defendeu as categorias de base do Ajax durante a infância, de 2005 a 2011. Entretanto, por causa do conflito com um de seus treinadores, ele aceitou uma proposta do PSV quando tinha 14 anos e por lá encerrou sua formação, se profissionalizando pelos Boeren. Foram 149 partidas com o time principal, incluindo 31 gols e 41 assistências. A projeção foi grande, com destaque para o jovem especialmente na conquista da Eredivisie em 2017/18 – embora sua melhor temporada pelo clube tenha sido a seguinte. Agora, Bergwijn será um adversário do PSV, numa janela de transferências em que os rivais se movimentam até mais que o Ajax.

É bem possível que o Ajax continue buscando reforços na atual janela de transferências. Há muitas lacunas a se preencher no elenco e nem todas as posições estão cobertas. Além disso, existe a chance de que outras vendas aconteçam, como a de Antony. Diante de tantas mudanças, inclusive no comando, os Godenzonen precisavam de uma resposta que representasse também sua ambição. Bergwijn é uma delas e, pelo estilo de jogo, pode muito bem conquistar seu espaço.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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