Holanda

Guia do Campeonato Holandês – Parte II: quem ficará no alto

Em primeiro lugar, este que digita (também conhecido por “eu”) merece grandes críticas pela desatenção. Na semana passada, escreveu aqui que a decisão da Supercopa da Holanda seria no domingo. Logo, quase foi surpreendido e não acompanhou Feyenoord e Vitesse disputarem a Johan Cruyff Schaal, sábado passado, em De Kuip. Menos mal que se deu conta do erro a tempo, e pôde acompanhar tudo: o 1 a 1 no tempo normal – incluindo a polêmica no tempo que o juiz Danny Makkelie levou para consultar o “videoárbitro” e marcar o pênalti que deu o empate ao Vitesse – e os 4 a 2 nas cobranças da marca penal, que deram mais um troféu ao Feyenoord.

Aliás, é possível dizer que o atual campeão holandês também se recompôs a tempo, para poder defender o título da Eredivisie nesta temporada 2017/18. E o próprio Ajax, mesmo vitimado por incidentes inesperados (a demissão de Peter Bosz e a fatalidade com AbdelhakNouri), parece pronto para competir seriamente pela Eredivisieschaal. Quem despencou de vez na crise foi o PSV: a vexatória eliminação na Liga Europa pode ter dado início a uma série de saídas, que indicam continuação de uma reformulação já com a temporada iniciada. Pode até dar certo no final, mas as turbulências do começo dificilmente indicam isso.

Como sempre, o título deverá ser assunto para os três grandes do futebol da Holanda. Ainda assim, dá para notar preparação em pelo menos três clubes médios. AZ, Utrecht e o próprio Vitesse se prepararam bem para a temporada que se iniciou nesta sexta, com o próprio Utrecht vencendo o ADO DenHaag fora de casa. Talvez seja um deles o mais apto a roubar a cena neste Campeonato Holandês, cuja apresentação se conclui nesta segunda parte do guia.

Feyenoord

Técnico: Giovanni van Bronckhorst
Destaque: Nicolai Jorgensen (atacante)
Fique de olho: Tonny Vilhena (meio-campista) e Eric Botteghin (zagueiro)
Temporada passada: Campeão
Copas europeias: Liga dos Campeões (fase de grupos)
Objetivo: Título
Principais chegadas: Kevin Diks (D, Fiorentina-ITA), Jeremiah St. Juste (D, Heerenveen), Ridgeciano Haps (D, AZ), Sofyan Amrabat (M, Utrecht) e Jean-Paul Boëtius (A, Basel-SUI)
Principais saídas: Warner Hahn (G, Heerenveen), Rick Karsdorp (D, Roma-ITA), Terence Kongolo (D, Monaco-FRA), Lucas Woudenberg (D, Heerenveen), Marko Vejinovic (M, AZ), Dirk Kuyt (A, encerrou a carreira) e Eljero Elia (A, Basaksehir-TUR)

Pronto. Acabou. Após 18 anos, enfim o Feyenoord saberá novamente o que é defender um título no Campeonato Holandês. Pelo menos no começo da preparação, era possível se preocupar com o que o Stadionclub ofereceria à sua torcida – embora a lua-de-mel esteja longe de acabar. Três dias após ser o nome do jogo do título em 2016/17, contra o HeraclesAlmelo, DirkKuyt encerrou a carreira; Eljero Elia preferiu o dinheiro do futebol turco no Basaksehir; e a defesa foi muito atingida com as perdas de Rick Karsdorp e TerenceKongolo. Todavia, a atuação da diretoria na janela de transferências foi a suficiente para repor bem as perdas (claro, levando-se em conta o nível técnico do futebol holandês).

Nas laterais, Kevin Diks e RidgecianoHaps oferecem velocidade; o jovem Jeremiah “Jerry” St. Juste é promissor reserva para a intocável dupla Eric Botteghin-Jan-Arie van der Heijden; a mesma coisa ocorre com SofyanAmrabat, boa alternativa para Tonny Vilhena e Karim El Ahmadi no meio-campo; e Jean-Paul Boëtius está pronto para ocupar o lugar deixado por Elia. De quebra, a manutenção definitiva de Steven Berghuis no grupo facilita o entrosamento – bem como a permanência de outros destaques do título (Eric Botteghin, Vilhena, El Ahmadi, Nicolai Jorgensen, Jens Toornstra). Enfim, se nada disso talvez seja suficiente para boa campanha na Liga dos Campeões, o Feyenoord parece pronto para tentar manter o domínio doméstico.

Ajax

Técnico: Marcel Keizer
Destaques: Hakim Ziyech (meio-campista) e Kasper Dolberg (atacante)
Fique de olho: Klaas-Jan Huntelaar (atacante)
Temporada passada: Vice-campeão
Copas europeias: Liga dos Campeões (eliminado pelo Nice-FRA na terceira fase preliminar) e Liga Europa (enfrentará Rosenborg-NOR nos play-offs)
Objetivo: Título
Principais chegadas: Benjamin van Leer (G, Roda JC), Kostas Lamprou (G, Willem II), Luis Orejuela (D, Deportivo Cali-COL), Mitchell Dijks (D, Norwich City-ING), Django Warmerdam (D/M, Zwolle), Queensy Menig (M/A, Zwolle) e Klaas-Jan Huntelaar (A, Schalke 04-ALE)
Principais saídas: Diederik Boer (G, Zwolle), Kenny Tete (D, Lyon-FRA), Heiko Westermann (D, Austria Viena-AUT), Jaïro Riedewald (D, Crystal Palace-ING), Thulani Serero (M, Vitesse), Davy Klaassen (M, Everton-ING), Richairo Zivkovic (A, KV Oostende-BEL) e Bertrand Traoré (A, Chelsea-ING)

Finalista da Liga Europa, time entrosado, terminando o campeonato passado tecnicamente ascendente, cheio de jovens promissores… o futuro pertencia ao Ajax, era o que parecia quando a temporada 2016/17 se encerrou. Aí, vieram os fatos inesperados. Primeiro, uma discordância de rumos quanto a métodos de treinamento e estilos de jogo abreviou a permanência de Peter Bosz nos Godenzonen: antes que o racha com a comissão técnica liderada por Dennis Bergkamp ficasse maior e mais sério, ele aceitou a proposta do Borussia Dortmund. Depois, já nos treinos de pré-temporada na Áustria, a fatalidade que transformou a vida de AbdelhakNouri – obviamente abalando todo o grupo de jogadores.

Mas era preciso continuar. E continuar sem uma das figuras mais marcantes do Ajax em campo, nos últimos anos: o capitão DavyKlaassen, que enfim deu o salto que merecia na carreira. Além do mais, gente como Kenny Tete e JaïroRiedewald (reservas, mas que poderiam oferecer algo caso necessário) foi descartada. Ficava a dúvida: o que faria Marcel Keizer, técnico promovido do Jong Ajax, com o time? Pelas respostas vistas contra o Nice, na Liga dos Campeões, o cenário é misto. Seguem as fragilidades defensivas, que custaram o sonho do lugar na grande competição europeia de clubes.

Ainda assim, à primeira vista, a base do time que Keizer tem é quase a mesma. Seguem no time Davinson Sánchez, Matthijs de Ligt, Lasse Schöne, HakimZiyech, KasperDolberg. Donny van de Beek mostrou estar pronto para ocupar o lugar deixado por Klaassen. As promessas Justin Kluivert e David Neres deverão protagonizar disputa interessante pela vaga na direita. Marcel Keizer pediu reforços na defesa – e eles vão chegando (o colombiano LuisOrejuela foi o primeiro). E se Dolberg tropeçar na juventude, Klaas-Jan Huntelaar é nome experimentadíssimo, cheio de vontade para agarrar a chance onde já foi ídolo. O Ajax está se remontando, como em 2016/17. Mas parece num estágio avançado para reagir e ser o grande adversário do Feyenoord.

PSV
Marco van Ginkel, do PSV (Foto: Getty Images)
Marco van Ginkel, do PSV (Foto: Getty Images)

Técnico: Phillip Cocu
Destaques: Jeroen Zoet (goleiro) e Marco van Ginkel (meio-campista)
Fique de olho: Bart Ramselaar (meio-campista)
Temporada passada: 3º colocado
Copas europeias: Liga Europa (eliminado na terceira fase preliminar, pelo Osijek-CRO)
Objetivo: Título/vaga nas competições continentais
Principais chegadas: Derrick Luckassen (D, AZ), Marcel Ritzmaier (D, GoAhead Eagles), Marco van Ginkel (M, Chelsea-ING), Adam Maher (M, Osmanlispor-TUR), Mauro Junior (M, Desportivo Brasil) e Hirving Lozano (A, Pachuca-MEX)
Principais saídas: Remko Pasveer (G, Vitesse), Hidde Jurjus (G, Roda JC), Menno Koch (D, NAC Breda), Héctor Moreno (D, Roma-ITA), Jetro Willems (D, Eintracht Frankfurt-ALE), Andrés Guardado (M, Real Betis-ESP), Davy Pröpper (M, Brighton &Hove Albion-ING), Rai Vloet (M, NAC Breda), Siem de Jong (A, Newcastle-ING) e Oleksandr Zinchenko (A, Manchester City-ING)

Reformulação? Ora bolas, e qual clube não passa por ela de vez em quando? Se o próprio PSV dependeu de uma dessas, no meio da década, para a reação que levou o clube ao bicampeonato em 2015 e 2016, por que não passar de novo? Esse foi o pensamento que levou a torcida e a diretoria a se desfazer de velhos conhecidos, apostando em novidades. Prova disso foi o que se viu na zaga: Héctor Moreno foi liberado sem a menor dificuldade, abrindo espaço para a contratação promissora de DerrickLuckassen, muito bem no AZ em 2016/17. E a liberação de Jetro Willems foi boa para todas as partes, encerrando clara estagnação na carreira do lateral esquerdo.

O problema é que a reformulação parece ter sido feita sem cuidado, apenas para satisfazer o desejo de abrir espaço para jogadores da base. O grande exemplo está no meio-campo. Mesmo atrapalhado por lesões, o volante Jorrit Hendrix mostra grande capacidade na marcação e certo espírito de liderança. Além do mais, é cria do PSV. Com Bart Ramselaar também sendo merecedor de confiança – e o novo empréstimo de Marco van Ginkel, que outra vez chegou para o returno e outra vez ganhou destaque na equipe -, os Boeren não pestanejaram em ceder Andrés Guardado ao Real Betis, sem muito drama.

Mas a eliminação inominável contra o Osijek, na Liga Europa, revelou: ainda falta muito ao time, para se refazer. Principalmente no ataque, que não tem nenhum jogador acima de qualquer suspeita. Locadia foi perturbado por lesões; Luuk de Jong há muito não é mais a garantia de gols que já foi, e nem impõe respeito (tanto que já perdeu a capitania para Van Ginkel); Gastón Pereiro não consegue “explodir”; Sam Lammers e a contratação Hirving Lozano são apostas. Para piorar, a falta do dinheiro das competições europeias já causa consequências: a venda rápida de DavyPröpper ao Brighton foi uma delas. Talvez Luuk de Jong também viva o mesmo caso (interessa ao Hannover 96). E os Eindhovenaren chegam à Eredivisie sem um rumo na reformulação. Cenário nada recomendável. A ver se o time chega a algum lugar.

Utrecht

Técnico: Erik ten Hag
Destaque: Gyrano Kerk (atacante)
Fique de olho: Urby Emanuelson (lateral esquerdo/meio-campista) e Cyriel Dessers (atacante)
Temporada passada: 4º colocado
Copas europeias: Liga Europa (enfrentará o Zenit-RUS, nos play-offs)
Objetivo: vaga direta na Liga Europa/vaga nos play-offs pela Liga Europa
Principais chegadas: Nick Marsman (G, Twente), Dario Dumic (D, NEC), Urby Emanuelson (D/M, Sheffield Wednesday-ING), Anouar Kali (M, Willem II), Bilal Ould-Chikh (A, sem clube), Simon Makienok (A, Palermo-ITA), Lukas Görtler (A, Kaiserslautern-ALE) e Cyriel Dessers (A, NAC Breda)
Principais saídas: RobbinRuiter (G, Sunderland-ING), Jeff Hardeveld (D, HeraclesAlmelo), Wout Brama (M, Central Coast Mariners-AUS), Sofya nAmrabat (M, Feyenoord), Nacer Barazite (M, Malatyaspor-TUR), Richairo Zivkovic (A, Ajax) e Sébastien Haller (A, Eintracht Frankfurt-ALE)

À primeira vista, os Utregs entram enfraquecidos na temporada. Destaques pontuais do grupo comandado por Erik tenHag foram perdidos. No gol, mesmo recuperado da séria concussão sofrida no fim de 2016, RobbinRuiter desejava sair – e foi atendido; entre uma partida e outra do duelo contra o Valletta, de Malta, na Liga Europa, Wout Brama foi negociado; mais séria foi a perda repentina de NacerBarazite, que também quis deixar o clube; e acima de tudo, a torcida demorará a se acostumar com um time sem SébastienHaller, o jogador estrangeiro com mais gols na história do Utrecht.Se serve de consolo, os reforços também são grandes o suficiente para que o time continue sendo um dos mais atraentes do futebol holandês, pelo estilo tático mais variado que apresenta.

A defesa seguirá entrosada, sem perdas entre os titulares na linha de quatro zagueiros – e mesmo o dinamarquês David Jensen, titular no gol desde o returno, é seguro a ponto de até já ser convocado para a seleção de seu país. No meio-campo, AnouarKali tem tudo para dar na armação das jogadas a qualidade que Barazite dava – sem contar a experiência de UrbyEmanuelson, enfim com chances para refazer a carreira. No ataque, GyranoKerk já era preparado para se tornar titular, e CyrielDessers, herói do acesso do NAC Breda na repescagem, se encaixa rapidamente no time (a ponto de ter feito o primeiro gol da Eredivisie). Assim como o campeão Feyenoord, o Utrecht sofreu perdas sérias – mas foi rápido e preciso para se refazer e seguir com nível aceitável.

Vitesse

Técnico: Henk Fräser
Destaque: Milot Rashica (atacante)
Fique de olho: Thomas Bruns (meio-campista)
Temporada passada: 5º colocado
Copas europeias:Liga Europa (fase de grupos)
Objetivo: vaga nos play-offs pela Liga Europa
Principais chegadas: Remko Pasveer (G, PSV), Fankaty Dabo (D, Chelsea-ING), Thulani Serero (M, Ajax), Thomas Bruns (M, HeraclesAlmelo), Charlie Colkett (M, Chelsea-ING), Bryan Linssen (A, Groningen), Tim Matavz (A, Augsburg-ALE) e Luc Castaignos (A, Sporting-POR)
Principais saídas: Kevin Diks (D, Fiorentina-ITA), Kelvin Leerdam (D/M, Seattle Sounders-EUA), Marvelous Nakamba (M, Club Brugge-BEL), Lewis Baker (M, Chelsea-ING), Nathan (M, Chelsea-ING), Valeri Qazaishvili (A, San Jose Earthquakes-EUA) e Ricky van Wolfswinkel (A, Basel-SUI)

Eis aí um caso de equipe que não só não perdeu muito com a janela de transferências, mas também se reforçou eficientemente para o nível técnico (baixo) do Campeonato Holandês. “Como assim? O Vitesse perdeu Ricky van Wolfswinkel!” De fato, o herói do título da Copa da Holanda, líder técnico do elenco, deverá fazer alguma falta – assim como Lewis Baker, destaque no meio-campo (que até merecia uma aposta no grupo principal do Chelsea). Alguns jogadores que saíram também tinham utilidade, como “Vako” Qazaishvili ou MarvelousNakamba. Mas… oras, para quê serve a parceria oficiosa do Vitesse com o Chelsea? Exatamente para esses casos: ceder jogadores que possam ganhar ritmo de jogo em Arnhem. Os casos da vez são o lateral direito FankatyDabo e o meio-campista Charlie Colkett, titular na decisão da Supercopa da Holanda.

De mais a mais, de nada adiantaria a relação próxima com os Blues se a diretoria não buscasse contratações precisas. Foi o caso no gol: com Eloy Room pensando na saída, o experiente RemkoPasveer chegou do PSV. No meio-campo, Thomas Bruns, destaque do HeraclesAlmelo, terá respaldo para criar as jogadas. Para marcar, ainda no meio, ThulaniSerero é tão esforçado (e tem tanta velocidade) quanto Nakamba era. E no ataque, para suprir a falta de Van Wolfswinkel, há dois atacantes experimentados em Eredivisie: Tim Matavz, mais goleador, e Luc Castaignos, tentando se recuperar na carreira. Sem contar os destaques que continuam. Na zaga, o ídolo GuramKashia; no ataque, MilotRashica. Essa mescla de permanências com reforços que conhecem a Eredivisie, mais a “cota Vit-Chelsea”, pode valer outra boa temporada. Mais um time que merece atenção.

AZ

Técnico: John van den Brom
Destaque: Wout Weghorst (atacante)
Fique de olho: Calvin Stengs (atacante)
Temporada passada: 6º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: vaga nos play-offs pela Liga Europa
Principais chegadas: Marco Bizot (G, Racing Genk-BEL) e Marko Vejinovic (M, Feyenoord)
Principais saídas: Tim Krul (G, Newcastle-ING), Sergio Rochet (G, Sivasspor-TUR), Fernando Lewis (D, Willem II), Derrick Luckassen (D, PSV), Ridgeciano Haps (D, Feyenoord) e Muamer Tankovic (A, Hammarby-SUE)

Sabe-se que o AZ é um dos clubes médios mais tradicionais do futebol holandês – junto do Twente, talvez só esteja abaixo do Trio de Ferro. Até por isso, o time de Alkmaar sempre mostra equipes promissoras, com algumas revelações. Até por isso também, a decepção causada pela campanha em 2016/17: embora o sexto lugar não seja de se envergonhar, era possível voltar à Liga Europa – até para apagar a memória de outro ponto baixo do ano passado, a eliminação vexatória para o Lyon.Então, o que a diretoria fez? Continuar apostando no que já é conhecido.

O grupo continua praticamente o mesmo, a não ser em posições nas quais reforços eram indispensáveis. Cite-se como exemplo o gol: com a previsível devolução de Tim Krul ao Newcastle, Marco Bizot foi bom reforço trazido do Racing Genk. De resto, são os mesmos protagonistas: Ron Vlaar como o capitão experiente na zaga, Joris van Overeem se encarregando de criar no meio-campo (tendo o auxílio de MarkoVejinovic, presente no histórico título de 2008/09, emprestado pelo Feyenoord), WoutWeghorst responsável pelos gols, AlirezaJahanbakhsh acelerando o jogo na ponta – e a promessa em Calvin Stengs, que se destacou no play-off pela Liga Europa. Um voto de confiança foi dado. Caberá aos jogadores do AZ – e ao técnico John van denBrom – justificá-lo.

Heerenveen
Sam Larsson, destaque do Heerenveen (Foto: Getty Images)
Sam Larsson, destaque do Heerenveen (Foto: Getty Images)

Técnico: Jürgen Streppel
Destaques: Sam Larsson (atacante) e Reza Ghoochannejhad (atacante)
Fique de olho: Martin Odegaard (meio-campista)
Temporada passada: 9º colocado
Copas europeias:nenhuma
Objetivo: vaga nos play-offs pela Liga Europa
Principais chegadas: Warner Hahn (G, Feyenoord), Maarten de Fockert (G, VVV-Venlo), Denzel Dumfries (D, Sparta Rotterdam), Lucas Woudenberg (D, Feyenoord) e Marco Rojas (M, Melbourne Victory-AUS)
Principais saídas: Erwin Mulder (G, Swansea-ING), Maarten de Fockert (G, GoAhead Eagles), Stefano Marzo (D, Lokeren-BEL), Jeremiah St. Juste (D, Feyenoord), WoutFaes (D, Anderlecht-BEL), Lucas Bijker (D, Cádiz-ESP), Younes Namli (M, Zwolle), Branco van den Boomen (M, FC Eindhoven) e Luciano Slagveer (A, Lokeren-BEL)

Isso já foi falado na análise da temporada, mas merece ser ressaltado: diante do começo fulgurante no primeiro turno, o Heerenveen decepcionou no returno. Foi o penúltimo colocado, considerando-se apenas as 17 rodadas finais da temporada regular. E nem mesmo a presença de bons jogadores no ataque evitou a decepção entre os torcedores, na província da Frísia. Mas se a mudança viesse, ela seria principalmente na defesa, com a saída de destaques do setor (Erwin Mulder, Stefano Marzo, Jeremiah St. Juste…).

Foi o que ocorreu. Se Mulder era um dos goleiros mais confiáveis do Campeonato Holandês, Warner Hahn enfim ganha espaço para comprovar se irá além de uma promessa. Na lateral direita, Denzel Dumfries traz maiores porte físico e segurança na defesa. De resto, a única novidade é a vinda do meio-campista neozelandês Marco Rojas, presente na Copa das Confederações. E os destaques seguem os mesmos: Reza “Gucci” Ghoochannejhad, StijnSchaars para a marcação no meio-campo, Arber Zeneli na ponta-de-lança – e, por enquanto, Sam Larsson (o atacante sueco quer sair do clube, mas até agora nada concreto). E Martin Odegaard segue sendo aposta, em seu segundo ano de empréstimo pelo Real Madrid. Só se espera que a regularidade seja maior.

Groningen

Técnico: Ernest Faber
Destaque: Mimoun Mahi (atacante)
Fique de olho: Sergio Padt (goleiro) e Ritsu Doan (meio-campista)
Temporada passada: 8º colocado
Copas europeias:nenhuma
Objetivo: vaga nos play-offs pela Liga Europa
Principais chegadas: Mike te Wierik (D, HeraclesAlmelo), Django Warmerdam (D/M, Ajax), Todd Kane (D, Chelsea-ING), Ritsu Doan (M, Gamba Osaka-JAP) e Lars Veldwijk (A, Kortrijk-BEL)
Principais saídas: Stefan van der Lei (G, Willem II), Tom Hiariej (D, Central Coast Mariners-AUS), Jason Davidson (D, Huddersfield Town-ING), Desevio Payne (D, Excelsior), Hedwiges Maduro (M, OmoniaNicosia-CHP), Simon Tibbling (M, Brondby-DIN) e Bryan Linssen (A, Vitesse)

Entre os médios que sonham em surpreender, o time alviverde vive numa corda bamba. Quase nunca sofre com ameaças de rebaixamento ou mesmo de repescagem de acesso/descenso. Ainda assim, os Groningers ainda parecem distantes de um salto rumo a posições até melhores, como já fazem AZ, Vitesse e Utrecht. Até difícil compreender o porquê disso, já que o time tem jogadores talentosos, como o atacante MimounMahi. De todo modo, a equipe recomeça sua tentativa do salto supracitado.

Reforçou a defesa com o zagueiro Mike te Wierik e o lateral DjangoWarmerdam, para proteger o goleiro Sergio Padt, um dos melhores da Holanda (a ponto de já ser convocado para a seleção). A aposta no desconhecido japonês RitsuDoan surpreende. Gente que já não tinha mais para onde ir no clube foi liberada, como Hedwiges Maduro e Simon Tibbling. Ainda assim, só o início da temporada revelará mais concretamente quais são as reais perspectivas do Groningen: o meio ou a parte posterior da tabela.

Heracles Almelo

Técnico: John Stegeman
Destaque: Samuel Armenteros (atacante)
Fique de olho: Brandley Kuwas (atacante)
Temporada passada: 10º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: vaga nos play-offs pela Liga Europa
Principais chegadas: Harm Zeinstra (G, Cambuur), Dries Wuytens (D, Willem II), Jeff Hardeveld (D, Utrecht), Jamiro Monteiro (M, Cambuur), Sebastian Jakubiak (M, SV Rödinghausen-ALE) e Paul Gladon (A, Wolverhampton Wanderers-ING)
Principais saídas:Justin Hoogma (D, Hoffenheim-ALE), Mike te Wierik (D, Groningen), Robin Gosens (D/M, Atalanta-ITA), Mark-Jan Fledderus (M, encerrou carreira) e Thomas Bruns (M, Vitesse)

A rigor, os Heraclieden só tinham uma preocupação neste começo de temporada: a defesa. Quase todos os destaques do setor saíram do clube: Justin Hoogma, Mike te Wierik, Robin Gosens (o goleiro Bram Castro quase saiu – estava acertado com o Racing Genk, mas problemas posteriores melaram a transferência). Por isso, a preocupação maior foi com reforços para a parte de trás. Eles vieram, e podem preencher as lacunas abertas.

O zagueiro DriesWuytens já tem ritmo de jogo, pela titularidade no Willem II, enquanto Jeff Hardeveld será titular na lateral esquerda. De resto, o clube de Almelo tem condição de seguir tranquilo na Eredivisie. Mesmo com as perdas no meio-campo (Mark-Jan Fledderus e Thomas Bruns), os remanescentes (ReuvenNiemeijer, Peter van Ooijen) podem manter o nível razoável. E no ataque, o alívio está na permanência de Samuel Armenteros, cujos gols já ajudaram muito o Heracles – e podem continuar ajudando

Twente

Técnico: René Hake
Destaque: Hidde ter Avest (lateral esquerdo)
Fique de olho: Tom Boere (atacante) e Danny Holla (meio-campista)
Temporada passada: 7º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: escapar do rebaixamento
Principais chegadas: Jorn Brondeel (G, Lierse-BEL), Haris Vuckic (Newcastle-ING), Alexander Laukart (M, Borussia Dortmund-ALE), Danny Holla (M, Zwolle), Isaac Buckley-Ricketts (A, Manchester City-ING) e Tom Boere (A, FC Oss)
Principaissaídas:Nick Marsman (G, Utrecht), Sonny Stevens (G, Go Ahead Eagles), KamoheloMokotjo (M, Brentford-ING), Mateusz Klich (M, Leeds United-ING), Bersant Celina (M/A, Manchester City-ING), Yaw Yeboah (A, Manchester City-ING) e EnesÜnal (A, Manchester City-ING)

Estes têm sido anos estranhos para o Twente. Em 2015/16, o rebaixamento inicial, como punição da federação por maquiar balanços financeiros – e a surpreendente revogação posterior. Ficando na Eredivisie pela porta dos fundos, esperava-se uma equipe desesperada, apenas querendo a permanência na primeira divisão. Até porque ela não poderia querer mais nada: mesmo se terminasse na zona do play-off por vaga na Liga Europa, não poderia disputá-lo, punido que foi (três anos sem disputar competições continentais). Porém, de onde menos se esperava, o Twente fez bonito. Não só pelo digno sétimo lugar, mas também pelas boas atuações de alguns jogadores – EnesÜnal foi apenas o maior destaque.

Porém, entre uma temporada e outra, a necessidade de reformulação financeira para cobrir o rombo no cofre se fez sentir novamente. Dois dos grandes destaques técnicos do ataque (Ünal e Bersant Celina) eram emprestados do Manchester City – e foram obviamente devolvidos. Três protagonistas que pertenciam ao time (Nick Marsman, KamoheloMokotjo e MateuszKlich) foram vendidos a preço baixo. E René Hake terá o mesmo dever da temporada passada: fazer papel digno com um time de jovens e alguns mais velhos. Ficam as apostas em gente como o goleiro JornBrondeel e os atacantes Isaac Buckley-Ricketts e Tom Boere (este, goleador da segunda divisão holandesa na temporada passada). Vivendo como um “café com leite” – pode participar, mas sem perspectiva a não ser escapar do rebaixamento -, repetir a temporada passada já seráum grande feito.

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