Ligue 1

O Rennes anuncia Enzo Le Fée, camisa 10 que merece atenção na Ligue 1

Enzo Le Fée vem de uma ótima temporada com o Lorient e faz parte das seleções de base da França, presente no último Europeu Sub-21

O Lorient não teve fôlego na última edição da Ligue 1, mas despontou como uma das grandes surpresas da temporada. Os Merlus frequentaram a zona de classificação à Champions League em parte do primeiro turno e eram vice-líderes em meados de outubro. Um dos motivos para que o rendimento da equipe despencasse foram as vendas: o clube lucrou €47,5 milhões com as saídas de Dango Ouattara (Bournemouth) e Terem Moffi (Nice), dois de seus jovens protagonistas. E depois de encerrar a campanha na décima posição, o Lorient embolsa um pouco mais com outra revelação: Enzo Le Fée, de 23 anos, que dá um salto rumo ao Rennes.

Enzo Le Fée, assim como seus antigos companheiros Ouattara e Moffi, rendeu oito dígitos ao Lorient. O meia custou €20 milhões ao Rennes, em contrato assinado por cinco anos. São as três vendas mais caras da história do clube, que refletem um pouco a inflação do mercado, mas também certa badalação que existiu ao redor dos Merlus na temporada passada. Nem mesmo outros jovens talentos que passaram pelo clube neste século valeram tanto – incluindo aí uma respeitável lista com Laurent Koscielny, Vincent Aboubakar, Raphaël Guerreiro, Jordan Ayew e Kevin Gameiro.

Camisa 10 baixinho, driblador e ótimo nos passes

Le Fée possui sua trajetória inteira ligada ao Lorient. Começou nas equipes de base, passou pelo segundo quadro e estreou na equipe principal há cinco temporadas. O meia figurou com os Merlus ainda na segunda divisão e auxiliou no acesso em 2019/20. Durante as campanhas na Ligue 1, se consolidou como titular. E apresentou seu melhor desempenho na temporada passada, exatamente para impulsionar o Lorient na tabela. Foram cinco gols e cinco assistências do camisa 10. Brilhou inclusive na vitória sobre o Paris Saint-Germain no segundo turno.

Nem mesmo as despedidas de Moffi e Ouattara atrapalharam Le Fée. O jovem pôde apresentar seu talento. Camisa 10 de baixa estatura (1,70m), atuou tanto como meia-atacante quanto como volante – neste caso, servindo como um armador recuado. O francês se destacou por sua capacidade para conduzir a bola, assim como pela qualidade técnica. É um tipo de talento mais raro de se encontrar, até por não ser muito forte fisicamente. Compensa com uma habilidade imensa nos dribles e também pela visão de jogo na criação. Seus passes abrem caminhos e ele sabe como escapar da pressão. Segundo suas próprias palavras, sua maior inspiração é Andrés Iniesta.

A reputação de Le Fée também garantiu convocações na seleção da França. O meio-campista defendeu as equipes de base dos Bleus em diferentes níveis. Mais recentemente, o jovem era titular no time que alcançou as quartas de final do Campeonato Europeu Sub-21 – vale lembrar que, na fase final, o limite de idade é de 23 anos. Além disso, também ganhou convocações para a seleção olímpica e disputou os Jogos de Tóquio, quando os franceses caíram logo na primeira fase. Não tem mais idade, porém, para sonhar com Paris em 2024.

Além de Le Fée, Ludovic Blas é outro bom negócio

O Rennes é uma equipe que poderá oferecer melhores condições para Le Fée deslanchar. Os rubro-negros vêm de temporadas consistentes na Ligue 1 e, com a quarta colocação em 2022/23, estão confirmados na próxima Liga Europa. Não à toa, o elenco ganha novas opções. Outro reforço anunciado nesta semana para o mesmo setor é Ludovic Blas, trazido do Nantes por €25 milhões. O meia de 25 anos teve ótima passagem pelos Canários e brilhou na conquista da Copa da França em 2021/22. O técnico Bruno Génésio ganha mais recursos técnicos no setor ofensivo.

Um dos diferenciais do Rennes é a qualidade de muitos jovens à disposição. Amine Gouiri e Arnaud Kalimuendo comandam o ataque, onde também há a alternativa de Jérémy Doku na ponta – além do mais tarimbado Martin Terrier. Outro jovem que chama atenção é Désiré Doué, meia de 18 anos que ganhou espaço na última temporada. Já na defesa, Arthur Theate e Adrien Tuffert podem crescer bastante, especialmente com a convivência com Steven Mandanda no gol. É um clube que nem sempre é badalado, mas faz um bom trabalho que pode render prêmios maiores em breve.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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