Ligue 1

Mbappé fica a contragosto e inicia carreira solo no PSG, enquanto Real pode amargar decisão

Mbappé fica no PSG, não que isso queira dizer que ele está satisfeito e, enquanto isso, o Real Madrid vai ter de se virar com Joselu

A novela protagonizada por Kylian Mbappé no PSG está finalizada para esta janela de transferências. O atacante permanece no clube francês com um quê de contragosto, mas já deu uma amostra do sucesso que pode ter nesse novo capítulo de carreira solo na vitória do último domingo (2).

A verdade é que a postura do Real Madrid foi irredutível em não contratar mais ninguém, mesmo que Mbappé fosse um alvo importante. Nem mesmo a lesão de Éder Militão ou o problema muscular de Vini Júnior foram suficientes para mudar a decisão dos dirigentes e do treinador, Carlo Ancelotti.

O Real Madrid decidiu começar a temporada com o grupo formado logo nas primeiras semanas de janela, enquanto o PSG se reforçou com opções sem qualquer proximidade com o peso do nome Mbappé. Agora, a estrela francesa, sem Neymar e Messi, pode brilhar sozinha.

Mudança de perfil no PSG

Mbappé chegou ao PSG para ser o principal coadjuvante de Neymar, então maior contratação do futebol mundial e apresentado com honrarias na Torre Eiffel. O campo, entretanto, deu um recado diferente, conforme as temporadas avançaram.

Enquanto Neymar enfrentou lesões e problemas de relacionamento com a torcida, Mbappé correspondeu e tornou-se rapidamente a referência do time, mesmo com a chegada de Lionel Messi, que atuou nas duas últimas temporadas pelo PSG.

O atacante francês ultrapassou os 200 gols de Cavani e já é o maior artilheiro da história do PSG. O status conquistado fez a diretoria abdicar dos dois craques para se concentrar no seu superstar. As contratações de 2023 demonstram essa alteração de estratégia.

A diretoria focou em nomes de potencial, oportunidades de mercado (como Asensio chegando sem custos) e atletas acostumados a conviverem com o protagonismo de Mbappé, casos de Dembélé e Kolo Muani, companheiros de seleção francesa.

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Real concentra esforços em Bellingham

O Real Madrid teve um grande movimento de mercado, mesmo sem agir para contratar Mbappé. A chegada de Jude Bellingham do Borussia Dortmund, por mais de 100 milhões de euros, acabou como o grande pico do mercado do maior campeão da Champions League.

Bellingham, mesmo com o alto investimento, atende a uma política adotada há alguns anos pela diretoria madridista, que concentra esforços para trazer jovens com potencial. Exemplos certeiros desta política se encontram em Vini Jr., Rodrygo e Valverde.

Além de Bellingham (20 anos), o Real trouxe de volta Brahim Diaz (23), que amadureceu no Milan, e Fran Garcia (23). O clube ainda apostou no turco Arda Güler, revelação de 18 anos que virou alvo de disputa com o Barcelona no início da janela.

As exceções a essa estratégia de mercado se encontram em Joselu (33 anos), que chegou para ocupar uma lacuna no ataque, e Kepa (28), contratado por empréstimo para ser titular diante da gravidade da lesão de Courtois ainda neste início de temporada.

Bruno Bonsanti: Real deveria ter mudado de ideia

O Real Madrid não mudou a posição declarada pelo técnico Carlo Ancelotti, de que não faria mais contratações nesta janela de transferências. Mas deveria ter mudado de ideia.

A janela nem havia começado e o clima era de reconstrução. Marco Asensio foi embora ao fim do seu contrato, Eden Hazard e Mariano Díaz foram dispensados e, de repente, Karim Benzema aceitou proposta do Al-Ittihad. Os merengues perderam não apenas em volume, mas também em referência com a saída do seu maior craque pós-Cristiano Ronaldo.

Com tanto espaço na folha salarial, parecia claro que iria com sede ao mercado, e um Real Madrid com sede costumava ser perigoso. Houve um pouco barulho por Harry Kane, rapidamente descartado, e o foco se tornou Kylian Mbappé.

Florentino Pérez passou os últimos meses vendo se o PSG piscava. Gastar € 250 milhões por um jogador que pode ter sem taxa de transferências daqui a um ano é uma loucura, mas € 100 milhões, como fez com Hazard, ou € 150 milhões?

O PSG não apenas continuou encarando Mbappé como conseguiu convencê-lo a reabrir negociações para estender seu contrato, com a inclusão de uma cláusula de rescisão que permita sua saída em 2024, ou quando ele estiver afim, encerrando a novela momentaneamente.

Bom para todo mundo, menos para o Real Madrid, que ficou sem o seu principal alvo para o ataque e decidiu seguir em frente com o que tinha à disposição. O problema é que não tem tanta coisa à disposição – em volume. A lesão de Vinícius Júnior, que deve afastá-lo por mais de um mês, é alerta.

Sem ele, restam Rodrygo e o veterano Joselu como os únicos atacantes de ofício no elenco principal. Brahim Díaz pode jogar como segundo atacante, e há o garoto Álvaro Rodríguez, um destaque das seleções de base do Uruguai. Pode ser suficiente para encarar as próximas semanas, que em parte serão comidas pela Data Fifa, mas e se mais alguém se machucar? E se houver desfalques em um momento mais recheado do calendário?

Nem toda contratação precisa ser galática, e o Real Madrid sabia disso. Tanto que trouxe Joselu. Tanto que no passado buscou negócios emergenciais com Adebayor e Chicharito Hernández, por exemplo. E mesmo que Mbappé chegue à Madrid no ano que vem, Ancelotti ficará com as calças na mão até lá.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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