Luis Enrique discorda do Henry (e de muita gente): ‘Francês está bem longe de ser um campeonato chato’
Luis Enrique, técnico do PSG, não concorda com Henry sobre a Ligue 1 ser chata e até diz que 'queria ter mais controle', pois muitas chances são criadas todo jogo
Poucos dias antes da Data Fifa chegar e deixarmos de lado um pouco o futebol de clubes, a lenda francesa Thierry Henry tomou para si os holofotes ao criticar o nível da Ligue 1. Atual comandando da seleção sub-21 da França, ele não se importou muito com a ligação empregatícia que tem e fez duras críticas ao Campeonato Francês durante uma coletiva de imprensa em 13 de novembro. Lembremos o que ele disse:
— Foram 12 gols em oito jogos neste final de semana, se formos para o fim de semana anterior, tivemos 13 gols em nove jogos nas rodadas da Ligue 1. Não acho que necessariamente o problema é a falta de gols, mas durante Lens x Marseille, simplesmente não tivemos chutes ao gol. Agora, noto que o Nice é o segundo colocado em tem apenas 13 gols marcados, é o nono melhor ataque da competição. Me impressiona que em apenas um jogo da Premier League, Manchester City contra o Chelsea [empate em 4 a 4] tenhamos tido oito gols. Isso diz muito sobre nosso campeonato, é uma liga chata — criticou Henry.
As críticas da lenda da seleção francesa repercutiram, é claro. E chegaram até o retorno da Data Fifa, que acontece especificamente nesta sexta-feira (24) para a Ligue 1, que terá de cara o clássico entre PSG e Mônaco. Treinador do time parisiense, o espanhol Luis Enrique, recém-chegado à França nesta temporada, foi questionado sobre o que achava da posição de Henry e discordou do que o francês (e talvez muitos fãs de futebol) afirma: para ele, o Campeonato Francês está longe de ser ruim ou chato.
— Chato? O Campeonato Francês? Realmente não, não para mim. Como treinador, ao contrário [do que Henry falou], eu queria inclusive ter mais controle sobre o que acontece em campo, vejo que é um torneio frenético e com muitas oportunidades de gol na maior parte dos jogos. A verdade é que é um campeonato muito melhor do que eu esperava, inclusive me fez pensar que muitas vezes ouvimos opiniões, acreditamos nelas e sequer as verificamos — afirmou o treinador do PSG.
Ligue 1 tem o estereótipo de “liga de fazendeiros” na Europa
Quando citou as opiniões alheias em sua fala, Luis Enrique quis falar sobre um esterótipo geral que ronda a liga da França há anos — mais especialmente depois que o PSG se tornou um time bilionário: a Ligue 1 é, pejorativamente, chamada de “liga de fazendeiros” (ou Farmers League) por muitos de seus vizinhos fãs de futebol, especialmente os ingleses, que têm todos os finais de semana a poderosa Premier League para assistir.
O apelido nada carinhoso foi dado principalmente pelo desempenho do PSG em competições europeias. Desde que foi comprado, chegou apenas uma vez à final da Champions League, por exemplo, e soma vexames e decepções na competição continental. Para muitos, o baixo nível dos rivais na Ligue 1 é um fator direto para esse mau desempenho, ponderando que ao chegar no alto nível, os parisienses simplesmente não estão acostumados com o tipo de advesário que enfrentam, diferente do que acontece, principalmente, com os clubes mais poderosos de Inglaterra e Espanha, países que têm sido os principais vencedores na Champions nos últimos anos.
Desempenho na Europa nunca foi bom para times da França
A realidade é que o desempenho das equipes francesas, antes ou depois do PSG se tornar um novo grande (ou bilionário, como você preferir), nunca foi exatamente bom. Apenas um clube da França já conseguiu ser campeão da Champions League: o Olympique Marseille, no já distante 1992.
Uma equipe que tinha astros, muitos deles: Fabien Barthez, Marcel Desailly, Didier Deschamps, Abedi Pelé, Rudi Voller e Alen Boksic. Mas que acabou tendo seu título europeu, o único de uma equipe francesa até hoje, manchado por um escândalo caseiro, que quase se tornou continental.
Apenas uma semana depois de conquistar a Champions, o Marseille viu a casa ir desabando aos poucos: primeiro, comprovou-se que, no último jogo antes da final, a equipe havia subornado o Valenciennes. Não para que pudesse ganhar ou perder o jogo, mas para que o adversário não endurecesse a partida e eles pudessem chegar mais descansados na final contra o Milan.
O suborno foi investigado, confirmado, e o Marseille perdeu o título francês daquele ano, recebeu pena (que acabou não sendo cumprida) de rebaixamento e deixou de participar da Champions no ano seguinte. Além disso, não foi o representante europeu na Copa Intercontinental daquele ano, que o São Paulo venceu em cima do Milan, vice-campeão europeu.