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Fora da temporada por lesão, qual é o futuro de Neymar no PSG?

PSG confirmou que Neymar operou o tornozelo direto e fica entre três e quatro meses fora, até o fim da temporada europeia

A temporada de Neymar pelo Paris Saint-Germain acabou. O clube confirmou que o jogador passará por cirurgia no tornozelo direito, machucado na partida contra o Lille, no dia 19 de fevereiro. Com isso, ficará fora de três a quatro meses, o que significa que ele não volta mais nesta temporada. As dúvidas agora ficam a respeito do seu futuro no clube da capital francesa, já que parece claro que há uma ideia de renovação no elenco do Paris e o brasileiro é um jogador negociável, como já foi na temporada passada.

A ausência de Neymar era, infelizmente, previsível pela gravidade que a lesão aparentou ter. A torção no tornozelo foi tão forte que se desconfiou inicialmente que pudesse ter uma fratura. Não houve fratura, mas houve dano ao ligamento do tornozelo do jogador, o mesmo que ele já machucou em outras oportunidades e que machucou também na Copa do Mundo, no fim de 2022. Mais uma vez o brasileiro não estará em um momento decisivo do clube na Champions League.

“Neymar teve diversos episódios de instabilidade no seu tornozelo direito nos últimos anos. Depois da última torção que aconteceu no dia 19 de fevereiro, o departamento médico do Paris Saint-Germain recomendou uma cirurgia de reparação do ligamento, de forma a evitar um risco maior de recorrência. Todos os especialistas consultados confirmaram essa necessidade. Essa cirurgia será realizada nos próximos dias no Hospital ASPETAR, em Doha (no Catar). É esperado um período de três a quatro meses antes do seu retorno ao treinamento coletivo”, diz o comunicado do PSG.

No Instagram, Neymar colocou uma foto sua com a frase: “Voltarei mais forte”.

O desfalque de Neymar seria ruim a qualquer time, pela sua qualidade, mas no caso específico do PSG, talvez resolva um problema. Isso porque equilibrar a equipe com Neymar, Lionel Messi e Kylian Mbappé vinha sendo um desafio difícil e que, por vezes, não estava funcionando.

Sem um deles (e poderia ser qualquer um deles), o técnico Christophe Galtier mudou o esquema da equipe, que passou a jogar em um 3-5-2, com um meio-campista a mais. O time ficou mais equilibrado, ainda que os problemas coletivos continuem. É assim que o time tem jogado e é assim que deve jogar em Munique, diante do Bayern, na quarta-feira, em jogo decisivo da equipe na Champions League.

Como a atual temporada acabou para Neymar, o que fica é pensar no futuro. E parece claro que o PSG não pretende manter seu trio estelar de ataque. Mbappé ainda tem contrato e deve ficar, mas mesmo ele é especulado para sair (novamente, o Real Madrid é quem sonda). Lionel Messi só tem contrato até o fim da temporada e, até agora, não houve acordo para renovação. Por isso, ele já pode sair.

Dos três, porém, Neymar é quem o clube parece mais disposto a deixar sair. Embora tenha contrato até 2025, com opção de mais um ano, o clube está disposto a deixá-lo sair. E o seu histórico no Paris indica um jogador que é pouco assíduo, o que já cria uma desconfiança.

Desde que chegou, Neymar nunca fez mais de 22 jogos pelo Campeonato Francês. Na sua primeira temporada, 2017/18, foram 20 jogos; em 2018/19, foram 19; em 2019/20, foram 15; em 2020/21, foram 18; em 2021/22, foram 22, a sua melhor marca até agora; em 2022/23, a atual temporada, terminará com a marca de 20 jogos.

Isso significa que Neymar jogou pouco mais do que metade da temporada em cada um dos anos desde que chegou ao clube. É muito pouco para o jogador mais caro da história do futebol. Ainda mais se compararmos a Kylian Mbappé, que chegou exatamente na mesma temporada que Neymar, em 2017. Neymar tem 173 jogos pelo PSG até aqui, contando todas as competições. Mbappé tem 247, o que significa que o francês fez 74 jogos a mais. Enquanto Neymar tem 105 gols e 76 assistências, Mbappé tem 201 gols e 96 assistências. Tornou-se o maior artilheiro da história do clube.

Ainda há um episódio que Neymar publicamente declarou que queria sair, em 2019, mas o clube não permitiu. Ele ficou, foi vaiado (e não seria a primeira vez) e as coisas melhoraram depois da temporada 2019/20, quando o time foi até a final da Champions e Neymar teve papel importante, ainda que jogando poucos jogos no total da temporada. Ainda assim, o relacionamento com a torcida nunca foi de uma paixão imensa. O seu desempenho em campo é excelente, como era nesta temporada até se machucar. Mesmo que o time coletivamente não fosse nenhum primor, ele chegou bem à Copa justamente pela boa temporada que fazia.

O número de jogos fora pesa. E isso deve fazer com que ele seja não só considerado negociável, como já era na temporada passada, mas que o clube ativamente tente achar um outro destino para ele. O problema, como tem sido nesses superclubes que gastam uma quantia absurda de dinheiro, é quem poderá pagar o seu salário.

O salário dele está acima do que se paga em basicamente qualquer clube do mundo. Em sua última renovação, em 2021, o clube estendeu o contrato até 2025 e ainda deu a opção ao jogador de renovar até 2026, se assim quisesse. Metade do salário de Neymar ainda seria um dos maiores salários, e provavelmente o maior, em grande parte dos clubes importantes da Europa. Por isso encontrar um destino para ele é tão difícil.

Parece claro que o desgaste já é grande e que uma saída de Neymar seria boa para o clube e provavelmente boa para ele também. O problema do futebol tão inflacionado, alimentado também pelo PSG, é que não é fácil que seus jogadores achem outro clube que pague salários similares. A média salarial do PSG é bem mais alta que a do Manchester City, por exemplo, ou mesmo de clubes ricos como Manchester United, Liverpool ou Chelsea. Este último parece quem mais tem condições de levar Neymar e, mesmo assim, parece atualmente difícil que isso se concretize.

Seja como for, Neymar parece que está em uma encruzilhada e o seu futuro neste momento não é certo, nem no PSG, nem em clube nenhum. Resta saber o que ele quer e quem está disposto a abraçar a ideia de tê-lo na equipe.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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