Dez histórias para acompanhar de perto na nova temporada da Ligue 1
Com o início da temporada 2021/22 da Ligue 1 neste final de semana, trazemos alguns destaques da competição

A Ligue 1 ofereceu um dos melhores campeonatos da temporada europeia passada. Durante grande parte da campanha, a tabela francesa sustentou quatro candidatos ao título e guardou uma disputa apertada até que o feito do Lille se consumasse na reta final. Tal competitividade aumenta as expectativas sobre o que ocorrerá na França em 2021/22, ainda que o acirramento dificilmente se repita dentro das circunstâncias atuais. Afinal, o Paris Saint-Germain fez uma janela de transferências imponente e promete vir ainda mais forte em busca da reconquista do troféu.
Aproveitando o início da nova temporada da Ligue 1 neste final de semana, destacamos dez histórias para se observar no campeonato. Os destaques vão para os principais candidatos às primeiras posições, mas há muito mais para prestar atenção nos estádios franceses – em especial num momento de reabertura, com as arquibancadas cheias desde o princípio da competição. Confira os destaques:

A defesa do título do Lille
O Lille tem todos os méritos por sua conquista na temporada de 2020/21. Os Dogues montaram uma equipe consistente, muito forte defensivamente e que cresceu no momento certo para ficar com a taça. Porém, diferentemente do que aconteceu com o Monaco de 2016/17, pôde competir num sarrafo mais baixo diante da queda de desempenho do Paris Saint-Germain. E a defesa do título não será tão simples, considerando as peças que se foram do Estádio Pierre-Mauroy. Protagonistas da campanha se despediram da torcida, sem que os substitutos inspirem a mesma confiança.
O nome principal a partir foi o técnico Christophe Galtier. O comandante teve um papel essencial no fortalecimento do Lille nos últimos anos, ao assumir uma equipe que brigava contra o rebaixamento e contribuir bastante ao projeto de revelação de talentos. Em 2020/21, o treinador excedeu todas as expectativas ao montar seu time de maneira tão segura e tirar o melhor dos jogadores no momento certo. Entretanto, numa temporada em que os Dogues mudaram de donos, sua saída ao Nice parece corresponder a esta transição. E as vendas no LOSC não tiveram reposições a altura. Mike Maignan era um dos melhores goleiros da Ligue 1, por isso mesmo seguiu ao Milan para substituir Gianluigi Donnarumma, e Boubakary Soumaré se deu tão bem que conseguiu um salto ao Leicester, após se apresentar como um volante bastante promissor.
Por mais que seja o atual campeão, o Lille não volta ao Campeonato Francês como principal favorito. Porém, não dá para menosprezar os Dogues, como a conquista da Supercopa da França indica, mesmo contra um desfalcado PSG. O técnico Jocelyn Gourvennec tem seu melhor momento da carreira restrito ao início da década passada, no Guingamp, mas pega uma base montada. A espinha dorsal do LOSC, afinal, é bastante clara. Sven Botman e José Fonte ainda lideram a defesa, Benjamin André foi essencial no equilíbrio do meio-campo, Renato Sanches deu sinais animadores na Eurocopa, o ataque possui diversos nomes em ascensão como Jonathan David, Burak Yilmaz se mostrou bem adaptado à França. Mesmo entre as novidades, Léo Jardim deu conta do recado no gol durante a Supercopa e Amadou Onana, único reforço até o momento, vem bem cotado do Hamburgo.
A questão maior é se tantos fatores diferentes irão se unir para auxiliar o Lille de novo. Que os predicados dos Dogues tenham ficado evidentes em 2020/21, muita coisa ajudou para que o time voltasse a levantar a taça depois de uma década. Tal alinhamento dos planetas pode não ser tão simples, não só pelas trocas sensíveis que ocorreram dentro do grupo, mas principalmente pela forma como o PSG virá babando.

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Um PSG mais estrelado que nunca
Depois da temporada 2019/20, em que a Champions League passou tão perto do Parc des Princes, ficou bastante óbvio que a Ligue 1 é um mero prêmio de consolação ao Paris Saint-Germain. Todavia, perder a taça gera turbulências desnecessárias no clube. Mesmo que a última campanha tenha marcado uma transição dentro dos vestiários parisienses, com a saída de Thomas Tuchel e a chegada de Mauricio Pochettino, fica difícil de admitir um aproveitamento tão baixo na liga nacional com o elenco claramente superior do clube da capital. Foi o pior rendimento desde a chegada dos catarianos, o que resultou num final de temporada frustrante não apenas pela festa do Lille, mas também por ver Tuchel se dando bem à frente do Chelsea. A resposta vem com um dos mercados mais renomados da história no futebol europeu.
Pochettino terá sua primeira temporada completa à frente do PSG, o que gera expectativas por si. O treinador deu sinais positivos em certos aspectos da montagem da equipe na temporada passada, em especial com a classificação em cima do Bayern na Champions, mas também ficou devendo pela falta de regularidade na Ligue 1 e pelos muitos pontos desperdiçados. Para melhorar seu nível, o argentino ganhou uma série de presentes da diretoria. Várias lacunas importantes do elenco parecem preenchidas, num mercado com mais abertura por conta do relaxamento do Fair Play Financeiro em decorrência da pandemia e várias oportunidades sobre a mesa. O PSG absorve uma coleção de novos astros e a cereja do bolo parece estar por vir.
A contratação de um goleiro não era urgente, com a presença de Keylor Navas, mas não dava para dispensar um talento como Gianluigi Donnarumma dando sopa no mercado. A defesa recebe o melhor zagueiro da década, com outro craque à disposição após a saída de Sergio Ramos do Real Madrid. Na lateral direita, Achraf Hakimi aumenta significativamente o potencial ofensivo. E se a falta de consistência no meio seguia como uma preocupação, assegurar a vinda de Georginio Wijnaldum sem custos pareceu a melhor solução possível. Isso sem contar os rumores envolvendo Lionel Messi, em mais um acerto que não teria encargos iniciais aos parisienses.
Some-se a todos esses a base que já estava no Parc des Princes, apenas com as perdas pontuais de Moise Kean e Alessandro Florenzi ao final de seus empréstimos. O potencial é claro, e não só para a Ligue 1. Neymar parece motivado ao reiterar seu compromisso com o PSG e talvez este seja o último ano para aproveitar Kylian Mbappé. Ainda há o protagonismo de Ángel Di María na Copa América ou a volta de Marco Verratti como figura importante na Eurocopa. Ao longo da última década sob as ordens do Catar, nunca o Paris Saint-Germain se indicou em tão boas condições para cumprir seus anseios. E num clube onde só a Tríplice Coroa satisfaria plenamente, a Ligue 1 precisa vir com uma devastação, diante de tudo sobre o tabuleiro.
O Monaco segue em crescimento
A campanha passada da Ligue 1 contou com quatro candidatos ao título até as últimas rodadas e o Monaco foi quem deu o maior salto em relação às perspectivas anteriores. Niko Kovac foi uma grata surpresa no comando dos alvirrubros, recuperando sua carreira após a decepção no Bayern e até mesmo resolvendo um problema repetido na casamata do Estádio Louis II. Além do mais, os monegascos pegaram embalo dentro da competição e descolaram uma vaga na Champions League. Ainda parece uma equipe com margem para dar mais, considerando alguns negócios pontuais e também a forma como garotos ascenderam nestes últimos meses. É um candidato que merece atenção, mesmo que a distância em relação ao PSG continue grande.
O mercado de transferências do Monaco está positivo até o momento. As saídas de jogadores como Benjamin Henrichs, Jorge e Stevan Jovetic não representam um enfraquecimento da base titular. Rumores sobre a venda de alguns jovens persistem, mas nada de concreto até o momento. Do outro lado, os reforços são interessantes. Myron Boadu aumenta o potencial do ataque, Jean Lucas ainda pode se consolidar no meio-campo, Alexander Nübel vem por empréstimo ao gol para provar seu valor. Novatos que se juntam a um plantel essencialmente jovem, como se caracterizou o clube durante os últimos anos.
Nomes como Benoît Badiashile, Aurélien Tchouaméni e Youssouf Fofana aproveitaram o último ano para se afirmarem. Outros jovens, como Aleksandr Golovin e Caio Henrique, tomaram o protagonismo para si. E ainda há jogadores com potencial para mais, a exemplo de Krépin Diatta ou Pietro Pellegri. Uma coleção de destaques em potencial que se somam a referências como Djibril Sidibé, Cesc Fàbregas, Wissam Ben Yedder e Kevin Volland. A atual temporada tende a ser mais apertada para o Monaco, com as preliminares da Champions já exigindo da equipe. Ainda assim, é time para render bem na Ligue 1 e continuar brigando pelas primeiras colocações. O horizonte permanece aberto para mais no principado.

Um Lyon sem mais seu craque
Quando o Lyon acertou a contratação de Memphis Depay, sabia que talvez não capitalizasse com a venda do jogador depois. Havia uma boa relação entre as duas partes, mas não necessariamente a perspectiva de estender o vínculo por muito tempo. Ao reduzir suas expectativas e se mudar à França, após decepcionar no Manchester United, o atacante via os Gones como uma porta aberta. Retribuiu imensamente com anos de alto rendimento, que auxiliaram a equipe inclusive a alcançar uma semifinal de Champions. Mas não que fosse renovar seu vínculo e perder o destino em suas mãos com a liberdade contratual. A saída para o Barcelona de graça, obviamente, representa uma perda ao Lyon em diferentes termos. Mas não que o clube possa reclamar de seu ídolo.
O momento para o Lyon é de seguir adiante sem Depay. E o clube não terá uma reposição no mesmo nível, não só pelas condições excepcionais nas quais o atacante chegou, mas também pela própria ausência na Champions. O mercado de transferências no Estádio Groupama é silencioso, com as novidades restritas aos zagueiros Henrique e Damien da Silva. O período de transição fica marcado pela chegada de Peter Bosz, um treinador que parece se encaixar bem no OL. Além de ter uma mentalidade ofensiva, algo bem cotado no clube, o holandês sabe lapidar promessas, o que sempre cai bem.
O adeus a Nabil Fékir mostra como a saída de Depay não será o fim dos tempos. O Lyon ainda tem ótimos nomes para carregar o time, embora nenhuma estrela tão grande para assumir a responsabilidade. E a qualidade passa por diversos nomes como Anthony Silva, Jason Denayer, Bruno Guimarães, Lucas Paquetá, Houssem Aouar, Maxence Caqueret e Moussa Dembélé. Se o ataque perdeu seu destaque, o meio-campo permanece entre os melhores da liga e ainda pode ver o garoto Rayan Cherki estourar. Os brasileiros, em especial, animam bastante. Dá para ver o copo meio cheio, mesmo que o time da temporada passada estivesse em melhores condições para sonhar com a taça.

Como será o novo Olympique de Marseille
Guardadas as devidas proporções, o Olympique de Marseille atravessa uma das maiores repaginações da Ligue 1. A equipe já vinha de mudança na última temporada, com a chegada de Jorge Sampaoli gerando resultados positivos e inspirando ânimo no Vélodrome. O treinador, porém, só estaria satisfeito com uma dose cavalar de contratações que atendesse suas pretensões. E elas têm vindo em grande número, numa janela bastante movimentada na Provença. Dá para dizer que, com as novidades, os celestes podem se meter com mais regularidade ao menos na corrida pela Champions – especialmente se as intempestividades de seu técnico não afetarem o ambiente.
Até o momento, o Olympique desembolsou €44 milhões, mas assegurou outros tantos jogadores por empréstimo. Escolhido a dedo por Sampaoli, Gerson é a contratação mais cara dos marselheses. Além dele, o time investiu principalmente em Leonardo Balerdi e Luan Peres para a zaga. Das barcas de empréstimo, Pau López e Cengiz Ünder vieram da Roma, enquanto Mattéo Guendouzi e William Saliba chegam do Arsenal. E ainda vale prestar atenção em Nemanja Radonjic, que volta de bom período no Hertha Berlim. O saldo no mercado é positivo, com alguns medalhões liberados e perdas que não parecem ter consequências tão profundas no Vélodrome – mesmo com o adeus de um ídolo como Florian Thauvin.
No papel, o Olympique de Marseille talvez mereça ser considerado no escalão principal da Ligue 1. Ainda há muita gente boa em todos os setores: Steven Mandanda, Duje Caleta-Car, Boubacar Kamara, Luis Henrique, Dimitri Payet, Arkadiusz Milik. A pressão natural num clube de imensa torcida e problemas administrativos pode atrapalhar este caminho, como bem explicitaram as turbulências da primeira metade da temporada passada. Mas não é que falte investimento para almejar mais. E a atual campanha será ainda mais importante pela reabertura dos portões. Considerando a força que vem das arquibancadas do Vélodrome, talvez os marselheses se beneficiem deste reencontro com seu público.

O Nice do técnico campeão
Dos times que terminaram a Ligue 1 passada no meio da tabela, quem mais recebe os holofotes é o Nice. O trabalho das Águias não é especial como em outros tempos recentes, mas indica que pode decolar. Afinal, os rubro-negros agora são dirigidos por Christophe Galtier. É o treinador campeão com o Lille e que, numa carreira restrita a dois trabalhos, sempre primou pelo longo prazo na casamata. Sabe montar equipes competitivas e também tirar o melhor de jovens promessas, o que parece ser uma força na Riviera Francesa para esta nova temporada com bons reforços.
O Nice está entre os clubes que mais gastaram nesta janela de transferências. Calvin Stengs gera expectativas, após surgir como uma das maiores promessas da Eredivisie. Jean-Clair Todibo fica em definitivo, enquanto Pablo Rosario também pode contribuir positivamente. A nova legião holandesa ainda inclui Justin Kluivert, emprestado pela Roma. Na barca, Mario Lemina é o único reforço acima dos 24 anos. E não que as vendas pareçam indicar perdas tão significativas assim às Águias. Parece evidente como dá para levar o time acima da nona colocação vivida na edição passada.
Para tanto, o Nice também precisará tirar mais de jogadores que já estavam à disposição na Riviera. E ninguém anima mais do que a dupla de ataque. Amine Gouiri foi uma das gratas revelações da última edição da Ligue 1, enquanto Kasper Dolberg corresponde ao seu potencial e se valorizou ainda mais durante a Eurocopa recente. As Águias ainda permanecem com um elenco inferior ao dos cinco primeiros colocados da última temporada. Compensam com margem de crescimento e um dos melhores treinadores do país. É uma equipe que merece pelo menos um pouco mais de atenção por aquilo que poderá aprontar.

A reconstrução do Bordeaux
Não deve ser esta a temporada em que o Bordeaux brigará pelas copas europeias. Porém, considerando que o clube flertou com a bancarrota, a mera presença na elite já representa bastante. Os girondinos atravessaram momentos delicados nos últimos meses, com o abandono de donos que já eram péssimos e dificuldades financeiras flagrantes. A salvação aconteceu com a venda da agremiação, mas ainda com momentos de drama, diante da possível punição da liga que resultaria no rebaixamento. O cenário mais drástico não aconteceu e, sob nova gestão, a torcida aguarda um pouco mais de tranquilidade no ciclo.
O magnata Gerard López, antigo dono do Lille, chegou se aproximando do público. Reverteu a mudança de escudo determinado pelos antigos proprietários, uma maneira de tentar dizer que o Bordeaux pode reatar seus elos com as glórias. E ainda melhor foi sua decisão para o comando técnico, com a contratação de Vladimir Petkovic. O treinador saiu da Euro 2020 como um dos melhores da competição, ao levar a Suíça a uma das melhores campanhas de sua história em competições internacionais. O suíço indicava que queria dirigir novamente um clube e os girondinos foram espertos nesse sentido, oferecendo um projeto de longo prazo visando a recuperação da agremiação.
Mesmo com o dinheiro de seus novos donos, o Bordeaux se preocupará antes em arrumar a casa e não cometerá loucuras no mercado de transferências. As novidades se restringem basicamente a garotos pinçados na base e o elenco ainda se desfez de alguns medalhões, a exemplo de Hatem Ben Arfa e Nicolas de Préville. A expectativa está muito mais naquilo que Petkovic produzirá com as peças em mãos. Nomes tarimbados como Benoît Costil, Laurent Koscielny e Jimmy Briand dão pelo menos a perspectiva de que os girondinos não correrão de novo risco de rebaixamento. E há garotos pedindo passagem, a exemplo de Yacine Adli e Samuel Kalu, ao redor dos quais a equipe deve se centrar nos próximos tempos.

Os dois novatos
A Ligue 1 terá dois times promovidos nesta temporada que merecem atenção. Um deles é o Troyes. Notório ioiô nas últimas temporadas, o clube possui as costas quentes para se consolidar. Afinal, propriedade do City Football Group, há dinheiro na carteira para alguns bons negócios. E a temporada começa ao elenco dirigido por Laurent Batlles com muitos garotos adicionados. Nas laterais, Issa Kabore e Yasser Larouci chegam de Manchester City e Liverpool, respectivamente. Mas um nome que merece atenção especial por aqui é Metinho, volante badalado nas categorias de base do Fluminense e envolvido nas negociações por Kayky. O jogador das seleções menores passará por um estágio na França antes de buscar sua vez na Inglaterra. Se o Troyes não deve ambicionar mais que a sobrevivência, pelo menos tende a ser um bom incubador de talentos.
Já o Clermont possui como grande chamariz o fato de que estreará na divisão principal do Campeonato Francês. O clube já vinha ensaiando o acesso durante os últimos anos e conseguiu sob as ordens do experiente treinador Pascal Gastien. Até o momento, o mercado é silencioso. Mostra que o objetivo dos recém-promovidos será mesmo a permanência no nível principal. Seu principal destaque é o atacante Mohamed Bayo, que terminou como artilheiro da segundona e chegou a ser cotado por outros clubes, mas permanece para se valorizar. Vale prestar atenção ainda em Jonathan Iglesias, veterano uruguaio que é a grande referência do grupo.

Quem mais pode despontar
A Ligue 1 é uma competição que se sobressai pelo equilíbrio costumeiro no meio da tabela. Assim, alguns times que passam baixo no radar podem se destacar. O maior candidato a isso é o Rennes, que se limitou à Conference após a classificação inédita à Champions. Os rubro-negros terão a primeira temporada completa sob as ordens de Bruno Génésio e reúnem um bom número de talentos. Eduardo Camavinga é quem gera mais expectativas, mas vale prestar atenção também em Jérémy Doku, especialmente depois da excelente Euro realizada pelo belga. A lista de bons valores ainda inclui Martin Terrier e Serhou Guirassy. E a diretoria fez um dos negócios mais caros desta janela, ao buscar o promissor zagueiro Loïc Baldé no Lens. Sem o calendário continental para dividir as atenções, o rendimento pode se elevar.
O próprio Lens, que fez uma campanha bem consistente dentro de suas possibilidades, é um time que vale uma olhada. Os aurirrubros buscaram o veterano Gaël Kakuta e possuem destaques em todos os setores. Wuilker Fariñez ainda pode emplacar, enquanto Facundo Medina e Ignatius Ganago vêm de boa temporada. Alguns clubes tradicionais buscam a reabilitação após uma temporada bem abaixo da crítica. Este grupo inclui Saint-Étienne e Nantes, que flertaram com o desastre, mas possuem treinadores tarimbados para se reerguerem – Claude Puel e Antoine Kombouaré, respectivamente. E vale citar medalhões que pintam de volta à Ligue 1, já se encaminhando ao fim da carreira. O Montpellier se despediu de Hilton na zaga, mas agora será liderado por Mamadou Sakho. Já o Strasbourg confia em Kévin Gameiro, que, aos 34 anos, retorna ao time de seus primórdios.

A crise sobre os direitos de transmissão
Indo além do gramado, um assunto cabal na nova edição da Ligue 1 são os direitos de TV. Na última temporada, o campeonato foi simplesmente abandonado pela Mediapro, empresa que havia adquirido a transmissão e não cumpriu com suas obrigações contratuais. O Canal+ evitou uma sangria maior, assumindo a bomba para não deixar a liga sem transmissão, mas a situação gerou perdas financeiras à competição. E mesmo às vésperas do pontapé inicial de 2021/22, a questão permanecia em aberto para a nova campanha.
Diante da urgência, a Ligue 1 negociou as partidas referentes à Mediapro nesta intertemporada. A Amazon levou os direitos, num acordo de valor muito mais baixo que o acerto anterior, dadas as necessidades e a própria situação da pandemia. No entanto, o montante desembolsado por ano pela Amazon para transmitir oito jogos por rodada é menor que o alinhado inicialmente com o Canal+ pelas duas partidas restantes. Com isso, a companhia francesa se recusava a cumprir o compromisso e só fará isso depois da determinação de um tribunal local nesta quinta-feira, forçando a obrigação. O Canal+, ainda assim, vai apelar.
Tal imbróglio colocava em risco inclusive a transmissão da estreia do Paris Saint-Germain na nova temporada, que pertenceria ao Canal+. A Amazon pagou €275 milhões pelos oito jogos a cada rodada, enquanto o Canal+ tinha acertado anteriormente as duas partidas restantes por €330 milhões. A queda de braço é mais que compreensível. Vale lembrar ainda que, no Brasil, a Ligue 1 volta à grade dos canais ESPN e Fox Sports. Depois de um período transmitido pelo DAZN, o campeonato foi readquirido na íntegra pelo grupo Disney.