Ligue 1

Campeão por Genk e Club Brugge, Philippe Clement é uma escolha interessante do Monaco como novo técnico

Após a demissão de Niko Kovac, acelerada pelo desgaste interno, Clement parece uma ótima escolha, em sua primeira experiência fora da Bélgica

O Monaco não demorou muito para anunciar seu novo treinador, após a demissão de Niko Kovac. Nesta segunda-feira, os alvirrubros acertaram a contratação de Philippe Clement, numa aposta que merece atenção. Esta será a primeira experiência do belga fora de seu país. Campeão com o Genk, Clement também levaria a taça da liga nacional outras duas vezes com o Club Brugge. Já na atual temporada, o comandante ganhou notoriedade ao derrotar o Paris Saint-Germain na Champions League. Sua missão agora será reerguer os monegascos em uma campanha morna na Ligue 1 até o momento.

Como zagueiro, Philippe Clement teve uma carreira notável no futebol belga. O defensor disputou a Copa do Mundo de 1998 com a seleção e jogou por uma década no Club Brugge. Criou um vínculo muito forte com o clube e conquistou títulos importantes, o que pavimentou também seu caminho após pendurar as chuteiras. Logo após sua aposentadoria, Clement passou a dirigir o time sub-21 do Brugge. Pouco depois se tornaria o assistente do time principal, em trabalhos ao lado de Michel Preud'homme e Juan Carlos Garrido.

Apesar de breves passagens como interino, Clement não assumiu o comando do Club Brugge neste primeiro momento. Antes, ele precisou fazer seu nome em outras equipes. Teria uma estadia de seis meses no Waasland-Beveren, que terminou a primeira metade do Campeonato Belga de 2017/18 na parte de cima da tabela. Assim, acabou contratado pelo Genk (onde atuou como jogador) em dezembro de 2017. Em um ano e meio no clube, além de potencializar o bom trabalho das categorias de base, Clement conseguiu resultados. Conquistou a liga nacional em sua primeira temporada completa, em 2018/19.

A ligação com o Club Brugge falou mais alto, mesmo com o título, e Philippe Clement voltou ao clube de seus amores em 2019/20. Conseguiu faturar o Campeonato Belga mais uma vez, em temporada encurtada por causa da pandemia. Todavia, provou seu valor de novo com seu terceiro troféu consecutivo no país. Mesmo com as saídas de jogadores importantes, o Brugge redescobriu seu potencial em outros nomes e manteve um ótimo nível competitivo. Isso se notou também na Champions League, com duas participações consecutivas na fase de grupos, na qual o time empatou com o Real Madrid e venceu o PSG.

Apesar da história no Club Brugge, Clement não viraria as costas para a chance de trabalhar numa liga maior. O saldo da atual temporada não é dos melhores, com a ausência nos mata-matas das competições europeias e a vice-liderança do Campeonato Belga, a sete pontos da surpreendente Union St. Gilloise. Assim, enquanto Alfred Schreuder assume o Brugge após o período como assistente de Ronald Koeman no Barcelona, Clement arruma suas malas para dirigir o Monaco na Ligue 1.

O material humano do Monaco é melhor do que a sexta colocação na Ligue 1 indica. Depois de uma temporada de estreia excelente, Niko Kovac não repetiu a consistência na atual campanha e perdeu o emprego por conta de desgastes internos. Ainda assim, a situação na tabela é aberta o suficiente para recolocar os monegascos na zona de classificação à Champions. Além disso, um bônus está na classificação para as oitavas de final da Liga Europa, com os alvirrubros à espera de seus próximos adversários. E se um dos méritos de Clement na Bélgica é seu trabalho com jovens, o elenco que encontrará no Estádio Louis II tem vários talentos para aprimorar – como Benoît Badiashile, Aurélien Tchouaméni, Sofiane Diop, Myron Boadu ou o recém-contratado Vanderson.

O Monaco volta a campo no próximo domingo, quando enfrenta o Nantes pela abertura do segundo turno da Ligue 1. O time segue vivo também, além da Liga Europa, na Copa da França. Se por um lado Niko Kovac excedeu as expectativas iniciais no principado, ao impulsionar um time que vinha de temporadas sofríveis, por outro a demissão na segunda temporada reforça algumas limitações de seu trabalho como técnico. Pelo histórico e pelas conquistas, Clement parece um nome bem mais animador para traçar um projeto de longo prazo entre os monegascos.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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