França

O que sabemos sobre o escândalo envolvendo o PSG e a suposta compra de votos para Messi vencer o Bola de Ouro

Reportagem do Le Monde revela investigação da polícia francesa sobre possíveis "presentes" enviados pelo PSG para favorecer Messi na Bola de Ouro de 2021

Uma reportagem do jornal francês Le Monde chocou o mundo do futebol neste sábado (6), especialmente as estruturas do esporte na França. Segundo o periódico, o Paris Saint-Germain está sendo investigado pelo Ministério Público do país por ter oferecido presentes, como ingressos para jogos do clube e passagens aéreas da Qatar Airlines (de mesmo dono do PSG), para o jornalista Pascal Ferré, ex-editor-chefe da revista France Football, favorecer Lionel Messi na eleição da Bola de Ouro de 2021, ano que o argentino chegou a equipe de Paris.

Os presentes teriam sido oferecidos por Jean-Martial Ribes, ex-diretor de comunicações do clube entre 2017 e 2022. O executivo está sendo investigado por corrupção ativa e tráfico de influência e outros crimes. O presidente do PSG, Nasser Al-Khelaifi, o lobista Tayeb Benabderrahmane e o ex-policial Malik Nait-Liman, ex-funcionário do PSG, também estão sendo investigados pelo MP francês.

– Ribes é investigado por enviar bilhetes para jogos de futebol do PSG para jornalistas, políticos, eleitos, membros de gabinetes ministeriais ou da presidência, artistas – estaria escrito em um documento da Inspeção-Geral da Polícia Nacional (IGPN), datado em novembro de 2023.

A Bola de Ouro é organizada pela France Football, revista do Groupe Amaury, dono também do jornal francês L'Equipe. Ferré era o responsável pela organização da premiação, e a polícia francesa busca entender como a relação do jornalista e os dirigentes do PSG, como Al-Khelaifi e Ribes, evoluíram ao longo do tempo. O IGPN acredita que o então editor teria retirado de destaque a notícia dos sites da France Football e do L'Equipe implicando o presidente do PSG em uma comissão irregular de 2 milhões de euros para agentes de jogadores.

A edição de 2021 da Bola de Ouro, realizada em novembro daquele ano, quando o PSG já tinha um novo camisa 10, foi extremamente acirrada. À época, era difícil apontar um claro favorito entre Messi e Robert Lewandowski. O argentino venceu com 613 votos de jornalista pelo mundo, contra 580 do então atacante do Bayern de Munique.

Na temporada válida para o prêmio, no caso 2020/21, o camisa 10, ainda pelo Barcelona, marcou 38 gols e distribuiu 14 assistências em 47 partidas, venceu a Copa do Rei e terminou como artilheiro de La Liga. Pela Seleção Argentina conquistou o primeiro título, a Copa América, disputada no Brasil.

Já Lewa cravou 48 vezes (41 apenas na Bundesliga, batendo o recorde de Gerd Muller) em 40 jogos, além de nove passes para gols. Como de praxe, levou o Campeonato Alemão com os Bávaros, o Mundial de Clubes, a Supercopa da Alemanha e Europeia. Inclusive, para Fifa, o polonês foi o melhor do mundo na premiação do The Best.

– A Bola de Ouro é cedida após votação de um júri composto por 100 jornalistas, de 100 países diferentes, o que protege de qualquer tentativa de influência e garante a lisura e a independência do prêmio – defendeu Lionel Dangoumau, atual diretor editorial do L’Équipe e da France Football, ao Le Monde.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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