França

Clube que revelou Platini, Nancy cai à quarta divisão francesa seis anos depois da última aparição na elite

Com 28 participações na Ligue 1, o Nancy estava na elite até 2017, mas sofreu três rebaixamentos desde então

O Nancy possui uma tradição respeitável dentro do Campeonato Francês. Os alvirrubros disputaram 28 edições da primeira divisão local, muito embora nunca tenham passado da quarta colocação. Paralelamente, o clube possui como seus maiores orgulhos o título da Copa da França de 1977/78 e da Copa da Liga de 2005/06, especialmente o primeiro, capitaneado pelo maior jogador da história da agremiação: o prata da casa Michel Platini. Os últimos anos, porém, marcaram o apequenamento da equipe e seus seguidos rebaixamentos. Nesta sexta-feira, o Nancy chegou ao ponto mais baixo de sua história, rebaixado à quarta divisão francesa. Seis anos atrás, os alvirrubros ainda estavam na elite.

O Nancy quase sempre oscilou entre a primeira e a segunda divisão a partir da década de 1970. Ainda assim, teve uma longa estadia de oito temporadas na elite neste século, presente na Ligue 1 de 2005 a 2013. Desde então, as temporadas se tornaram mais duras com os alvirrubros. Até comemoraram o acesso em 2015/16, mas para a queda imediata em 2016/17. E depois de cinco anos consecutivos no meio da tabela da Ligue 2, a campanha de 2021/22 marcou o descenso para a terceira divisão.

Não bastasse a crise do Nancy, a terceira divisão do Campeonato Francês oferecia riscos maiores nessa temporada. Com a redução do número de times na liga, seriam seis rebaixados à quarta divisão entre 18 participantes. A oscilação do time foi constante e, numa edição equilibrada do campeonato, os riscos de descenso se estenderam até a reta final. A derrota para o Le Puy Foot na penúltima rodada tinha um preço caro. Por conta dela, o Nancy foi para o último compromisso dentro do Z-6. Ao menos a briga de foice seria grande, com sete times na tentativa de fugir da queda, com mais duas vagas restantes.

O problema nesta sexta é que o Nancy sequer fez sua parte. O empate por 3 a 3 com o Bourg-en-Bresse fora de casa levou os dois times a morrerem abraçados. Os alvirrubros estiveram três vezes à frente do placar, com uma vitória que daria a salvação. Em todas as três, cederam a igualdade para os oponentes. Já nos acréscimos do segundo tempo, a torcida do Nancy passou a atirar sinalizadores em campo para tumultuar a partida. O jogo acabou paralisado por 20 minutos e o estádio foi esvaziado. Só então foram concluídos os instantes finais, numa melancólica queda da dupla.

O Nancy fechou a campanha como o 13° colocado do campeonato, primeiro da zona de rebaixamento, com 41 pontos. Bourg-en-Bresse, Stade Briochin, Le Puy, Paris 13 Atlético e Borgo também caíram. Já entre os que se safaram, estão alguns clubes tradicionais, como o Le Mans e o Châteauroux. É ver como os alvirrubros lidarão com o prolongamento da crise, cada vez mais distantes de seus tempos na elite.

Na parte de cima da tabela, quatro times entraram em campo com chances de acesso e todos venceram. Red Star e Martigues acabaram ficando pelo caminho, com a promoção de Concarneau e Dunkerque. Situado numa cidade de 20 mil habitantes na Bretanha, o Concarneau vai disputar a Ligue 2 pela primeira vez em sua história. Foi uma grande festa na cidade, com até um telão armado na praça principal. O empate já ia dando o acesso aos novatos, mas o título também foi garantido por um gol aos 41 do segundo tempo, na vitória por 2 a 1 fora de casa contra o Orléans. O outro a subir é o Dunkerque, que bateu o Le Mans por 3 a 2 e sobe um ano depois de sua queda na segundona.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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