França

Cabaye anuncia o fim de uma bela carreira, com longa passagem pela seleção e momentos marcantes nos clubes

Yohan Cabaye foi um dos meio-campistas mais importantes da França na última década. Não deu certo em sua maior oportunidade, no Paris Saint-Germain, mas foi idolatrado em clubes tradicionais e disputou 48 partidas pela seleção nacional. E aos 35 anos, o volante anunciou o fim de sua carreira profissional nesta sexta-feira. Sem clube desde o final da temporada passada, quando deixou o Saint-Étienne, o veterano levou um tempo para aceitar a decisão, mas colocou um ponto final em sua trajetória nos gramados.

Formado pelas categorias de base do Lille, Cabaye passou grande parte de sua trajetória profissional no clube. Sua estreia aconteceu em novembro de 2004 e, em pouco tempo, virou titular dos Dogues. Chegou a disputar a Champions num momento importante do time e começava a se tornar um dos jogadores favoritos da torcida. Além do papel na marcação, o meio-campista contribuía bastante com sua precisão nos lançamentos e seus chutes de longe. O bom início também rendia aparições costumeiras nas seleções francesas de base, presente na conquista do Europeu Sub-19 de 2005.

O melhor momento de Cabaye no Lille aconteceu sob as ordens de Rudi García. O volante atuava como um “regista”, mais recuado no meio-campo, mas aparecia como elemento surpresa na área. Sua qualidade ofensiva ficava ainda mais evidente e ele seria o artilheiro dos Dogues na Ligue 1 2009/10, com 13 gols, além de oito assistências. O alto nível levou Cabaye a ser convocado à seleção principal pela primeira vez em agosto de 2010, como parte da renovação encabeçada por Laurent Blanc após o fiasco no Mundial da África do Sul. E o espaço nos Bleus seria apenas uma prévia da temporada histórica que o volante viveria no Lille.

Cabaye foi um dos nomes mais importantes no Lille que conquistou o título da Ligue 1 em 2010/11. Era uma equipe bem completa, onde despontavam destaques como Mickaël Landreau, Mathieu Debuchy, Adil Rami, Rio Mavuba, Ludovic Obraniak, Eden Hazard, Gervinho e Moussa Sow. O camisa 7 atuava como um dos armadores e terminou a campanha com nove assistências, aproveitando seus lançamentos para servir o veloz tridente ofensivo. Naquela temporada, os Dogues ainda abocanharam a dobradinha nacional, com o troféu na Copa da França garantido na decisão diante do Paris Saint-Germain.

Em alta, Cabaye aceitou uma proposta do Newcastle e se transferiu à Premier League por €5 milhões. O volante também causou um grande impacto inicial na equipe de Alan Pardew, que rondou a classificação à Champions e encerrou a liga na quinta colocação em 2011/12. O francês formava uma ótima dupla com Cheik Tioté, além de primar pelos gols de falta. Foram duas temporadas e meia em St. James' Park, ganhando amplo reconhecimento no futebol inglês, por sua força na chegada e também pela precisão nos passes. Não à toa, o sucesso no clube permitiria que o meio-campista integrasse de vez a seleção francesa, titular na Euro 2012.

Em janeiro de 2014, o Paris Saint-Germain desembolsou €25 milhões para contratar Cabaye. O volante ganharia a posição no Parc des Princes e jogaria também a Copa de 2014, compondo um trio com Paul Pogba e Blaise Matuidi. Contudo, o que parecia ser o seu auge logo marcaria o declínio. Mesmo campeão da Ligue 1, Cabaye ficou somente mais uma temporada no PSG, sem repetir a influência que tinha no jogo do Newcastle ou do Lille e abaixo da concorrência qualificada no setor. Assim, acabaria vendido ao Crystal Palace em 2015. Mesmo numa equipe mais modesta, voltou a se destacar na Premier League por sua classe e seria convocado à Euro 2016, permanecendo no banco ao longo do torneio, diante da ascensão de N'Golo Kanté.

Cabaye jogou por três temporadas no Crystal Palace, sempre como titular. Entretanto, já passando dos 30 anos, perdia sua efetividade e também deixaria as convocações dos Bleus em 2016. Sem disputar a Copa de 2018, se transferiria depois ao Al Nassr de Dubai. Ficou um ano nos Emirados Árabes Unidos, antes de assinar com o Saint-Étienne na temporada passada. Acabaria se tornando um coadjuvante nos Verts e não renovou o seu contrato. Sem clube nos últimos meses, restaria confirmar o adeus.

“É com grande emoção que, depois de mais de 17 anos de paixão, de amor pelo futebol, de emoções enormes, de memórias que ficarão gravadas para sempre, de encontros humanos e esportivos inesquecíveis, anuncio o fim da minha carreira profissional. Embora essa decisão possa parecer evidente, lógica e inevitável, ela ainda é muito difícil de tomar e de aceitar, porque meu amor pelo futebol é imenso”, escreveu Cabaye, em sua carta de despedida publicada nas redes sociais. Seu nome permanecerá escrito nos Bleus e, principalmente, nas lembranças das torcidas que conquistou com seu talento.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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