Velho time de Puskás, Honvéd reconquista o Campeonato Húngaro após 24 anos
É impossível dissociar Ferenc Puskás e a história do Honvéd. Por décadas, o então chamado Kispest se manteve como um modesto time local, que disputava o Campeonato Húngaro, mas sem grandes pretensões. A transformação veio justamente com a ascensão do garoto, que viu seu pai dedicar parte da vida ao clube (como jogador, treinador e até uma espécie de zelador) e cresceu no estádio, vizinho de sua casa. O apadrinhamento do exército e o rebatismo como Honvéd dependeu muito da afirmação do craque. E o esquadrão, base da seleção húngara nos anos 1950, foi respeitado como melhor clube da Europa. Os rubro-negros persistiram além de Puskás, exilado após a Revolução de 1956. Recuperaram suas alegrias entre 1980 e 1993, com oito títulos nacionais. Mas, desde então, a principal glória do futebol magiar era alheia. Até este sábado. Depois de 24 anos, o Honvéd voltou a conquistar o Campeonato Húngaro. E quis o destino que a festa do título se misturasse às celebrações pelos 90 anos do nascimento de Puskás.
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Dominante no período dourado da Hungria, o Honvéd acumulou seis taças nos tempos do Major Galopante, faturadas entre 1950 e 1955 – neste período, um dos anos teve duas edições do torneio. Depois de um longo inverno com a debandada de seus craques, o clube só voltaria às glórias com a geração encabeçada por Lajos Détári. Todavia, a transição de regimes e o fim do apadrinhamento do exército atrapalharam. Na virada do século, os rubro-negros se afundaram em uma crise que culminou no inédito rebaixamento. Só viriam a se recuperar a partir de 2006, com o aporte financeiro do empresário americano George Hemingway. Desde então, conquistaram duas vezes a Copa da Hungria, mas não tinham sido mais do que coadjuvantes na liga. Somente duas vezes ficaram entre os sete primeiros, com um terceiro lugar como melhor posição, em 2012/13.
Entretanto, o equilíbrio do Campeonato Húngaro deixava o caminho aberto para qualquer impulso. As últimas quatro temporadas contaram com quatro campeões diferentes, incluindo o fim do jejum do Ferencváros após 12 anos. Em 2016/17, seria a vez do Honvéd. A volta do técnico Marco Rossi, responsável pela terceira colocação em 2013, deu nova motivação aos rubro-negros. Além disso, algumas peças importantes chegaram, sobretudo no ataque. Com um time homogêneo, os velhos campeões ganharam competitividade e voltaram a brigar pelo topo da tabela. A partir de novembro, ganharam 15 das 20 partidas que disputaram pela liga. E o sprint final acabou sendo fundamental. Nas cinco rodadas anteriores ao compromisso final, o time somou o mesmo número de pontos que o Videoton, seu principal concorrente. Até que, neste sábado, o confronto direto servisse como uma decisão.
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Por ter o maior número de vitórias, o Honvéd entrou em campo dependendo de apenas um empate. Diante de 8,5 mil presentes no Estádio Jozsef Bozsik (nomeado para relembrar outra lenda do clube e da seleção, o melhor amigo de Puskás), os rubro-negros precisavam apenas administrar o resultado. Mesmo assim, ratificaram o triunfo aos 15 minutos do segundo tempo, com um gol de Márton Eppel. O suficiente para desencadear a comemoração nas arquibancadas. Para soltar o grito da garganta daqueles que esperaram por tanto tempo ou sequer tinham visto a equipe ser campeã.
Formado pela Juventus e rodado no futebol italiano, Davide Lanzafame é o nome mais conhecido do elenco. E se saiu bem, anotando 11 gols, menos apenas que o artilheiro Eppel. Além disso, vale ressaltar a importância das categorias de base, responsáveis por fornecer 13 membros do elenco. Entre estes, está o capitão Patrik Hidi, volante de 26 anos que é também o mais antigo do elenco, entre os profissionais desde 2009. Novos heróis que ocupam o imaginário dos rubro-negros e certamente orgulhariam Puskás.
Vale dizer ainda que a comemoração dos 90 anos do nascimento de Puskás não passou batidas nas arquibancadas do Estádio Jozsef Bozsik. Em 1° de abril, na semana da data especial, os ultras levaram diversos retratos do Major Galopante e acenderam sinalizadores como se fossem velas. Coincidência ou não, a vitória por 2 a 1 sobre o rival Ferencváros foi importantíssima para a guinada rumo ao título, em um momento em que o clube lutava pela liderança. Nas próximas semanas, poderá homenagear a lenda também na Champions, entrando nas fases preliminares da competição continental.
Olééé olé olé olééé Marco Rossi!
❤️✌??⚽️?❤️???
⚽️❤️?Csak a Kispest!?❤️⚽️#Honvéd #Kispest #Bajnokcsapat #CsakaKispest pic.twitter.com/wsTQQMTpxe— Landeszmann László (@Landeszmann) 27 de maio de 2017