Rummenigge detona gastança de clubes ingleses e ironiza clubes da Superliga
Dirigente do Bayern de Munique e ex-jogador de destaque da Inter, Rummenigge é a favor de um Fair Play Financeiro mais rígido e contra a Superliga
Karl-Heinz Rummenigge é um ex-jogador da Internazionale e conhece o futebol italiano. É uma lenda do futebol alemão, defendendo o Bayern de Munique por 11 anos. Atualmente, ele é presidente da Diretoria Executiva do Bayern München AG, empresa filha do clube alemão. O atual dirigente fez várias críticas ao gasto exacerbado dos clubes ingleses e também criticou a Superliga e os clubes que ainda estão nela, falando sobre os problemas financeiros que enfrentam como uma possível justificativa para montar a nova competição.
“Os clubes ingleses gastam um dinheiro maluco de forma irracional, enquanto outros clubes na Europa avançam entre escândalos e crises financeiras, mas ainda são capazes de conquistar títulos”, afirmou o ex-jogador ao Corriere dello Sport. “Isso significa que os clubes da Premier League cometem erros incríveis, o mercado está fora de controle lá”.
“Chelsea desperdiçou centenas de milhões de euros e estão em 10º na tabela, é absurdo. A globalização do mercado criou uma disparidade incrível. Antes, havia um mercado interno e o dinheiro circulava dentro de um sistema. A riqueza precisa ser distribuída de uma forma melhor”, continuou o alemão.
Rummenigge ainda comentou sobre a iniciativa da Superliga Europeia, da qual o seu Bayern de Munique se recusou a participar. Dos 12 inicialmente fundadores, só três continuam vinculados à ideia: Barcelona, Real Madrid e Juventus. O alemão fez críticas a esses três clubes.
“Não é uma coincidência que foi uma ideia desses três clubes com enormes problemas financeiros”, disse Rummenigge. “Agora a proposta da Superliga é incluir 80 clubes e não 20, mas o futebol não suporta uma mudança tão radical”.
“O que precisa mudar rapidamente é o Fair Play Financeiro, que precisa ser mais rígido. Os clubes estão constantemente sob pressão dos torcedores e da imprensa que exigem que se gaste muito dinheiro, mas o futebol é a única indústria que causa prejuízos”, analisou o alemão.
A Juventus, um dos clubes envolvidos na Superliga, perdeu 15 pontos por irregularidades nesta temporada e pode enfrentar uma dedução de pontos ainda maior por outras acusações, que estão sendo investigadas pelo promotor da FIGC (Federação Italiana de Futebol) pelo que está se chamando de “manobras de salários”, com pagamentos aos jogadores por fora, diferente do valor declarado ao fisco italiano. Uma manobra para tentar maquiar seus dados financeiros e também poder se enquadrar dentro do Fair Play Financeiro.
“Não pude acreditar no que a Juventus fez, nunca ouvi nada similar na minha vida”, afirmou Rummenigge. “A Juventus é um clube enorme na Itália e na Europa, mas eles marcaram um gol contra incrível. Tenho certeza que eles serão capazes de se reerguer novamente no momento certo”.
O Barcelona, outro remanescente da Superliga, está envolvido em outro escândalo: o pagamento de € 1,4 milhão ao ex-vice-presidente do Comitê de Árbitros da Espanha. “Eu vi quando li a notícia, mas não estou surpreso. Toda vez que joguei na Espanha, tive um sentimento estranho. São coisas inaceitáveis que não dizem respeito apenas à competição nacional e até a questão de arbitragem precisa ser encarada com seriedade e respeito”.
Falando do Campeonato Italiano, Rummenigge comentou sobre o desempenho do Napoli, de Luciano Spalletti, que lidera com folga. “Eu gosto do Napoli, gosto de Victor Osimhen e também do técnico. O conheci durante o casamento da minha filha no Castello Di Giffoni, Spalletti vive perto de mim, então casualmente nos encontramos”, afirmou o ex-jogador de 67 anos. “Tomamos um café e falamos sobre futebol. Você pode ser sua mão nesse time do Napoli. Ele não tem jogadores famosos e adiciona ainda mais com seu trabalho”.
Rummenigge ainda repetiu algo que é muito falado em relação ao futebol italiano: que novos estádios ajudariam. “Enquanto as prefeituras forem donas dos estádios, será impossível mudar. Tínhamos o mesmo problema na Alemanha, mas a Copa do Mundo de 2006 nos ajudou a superar esse problema. Construímos incríveis estádios para famílias. A Euro 2032 pode ajudar a Itália a ser o nosso exemplo e espero que a competição seja jogada lá”.
A Euro 2024 será disputada na Alemanha de Rummnenigge. Já a Euro 2028 deve ser disputada no Reino Unido e Irlanda e a Itália têm planos de sediar a Euro de 2032.