Liga Europa

Em 2004, o Valencia fez história, conquistou a Copa da Uefa e retomou seu protagonismo no cenário europeu após 24 anos

Equipe espanhola havia conquistado a Recopa Europeia e a Supercopa da Uefa em 1980

O ano de 2004 é considerado até hoje como o “Ano das Zebras” já que as principais competições do planeta tiveram campeões no mínimo alternativos. Voltamos 20 anos na história para falar sobre o primeiro e único título da Copa Uefa (atual Liga Europa), do Valencia da Espanha, que no início dos anos 2000 dominou o cenário espanhol, chegando em duas finais de Champions League, sendo campeão da La Liga e vencendo uma das mais importantes competições continentais do Velho Continente.

Naquela época a Copa da Uefa foi disputada por 145 clubes, separados em uma fase preliminar e depois mais três fases mata-mata antes da disputa das oitavas de final. Como terminou na quinta colocação da La Liga em 2002/2003, o Valencia não precisou passar pela fase preliminar da competição continental e perdeu apenas um jogo durante toda a campanha. Treinado por Rafa Benítez, o time espanhol tinha grandes nomes em sua equipe, símbolos de uma geração vitoriosa, que entraram em conflito grandes times do cenário europeu.

Nomes como Canizáres, Albelda, Baraja e Vicente formaram um esquadrão de peso, que venceu a Copa da Uefa com propriedade e foi um prêmio de consolação ao clube que por pouco não conseguiu conquistar a Champions de forma seguida em 1999/2000 quando perdeu a final para o Real Madrid e na temporada seguinte, quando foi derrotado nos pênaltis para o Bayern de Munique de Oliver Kahn.

Copa da Uefa era questão de honra para o Valencia

Após perder a Champions League em duas temporadas consecutivas, o torcedor do clube e mesmo a diretoria do Valencia não aceitaram de bom grado o fato da equipe ter chegado tão perto de um título internacional e ficar com o vice-campeonato. Portanto, a conquista da Copa da Uefa da temporada 2003/2004 era uma questão de honra ao time treinado por Rafa Benítez, até para encerrar o jejum incômodo de 24 anos sem vencer uma competição continental.

A última conquista havia acontecido na temporada 1980, quando o Valencia levantou a Recopa Europeia contra o Arsenal nos pênaltis e a Supercopa da Uefa diante do lendário Nottingham Forest de Brian Clough. Portanto, vencer a Copa da Uefa era uma questão de honra e o mínimo para compensar as decepções do início do século. A trajetória do time espanhol começou diante do AIK da Suécia. Com duas vitórias pelo placar de 1 a 0, o time espanhol seguiu em frente na competição para encarar o Maccabi Haifa de Israel na segunda fase.

Após empate por 0 a 0 na Espanha, o Valencia foi muito melhor jogando fora de casa e aplicou uma impiedosa goleada de 4 a 0 sobre o time israelita fora de casa. Mista, Baraja, Albelda e Miguel Angel Angulo foram os responsáveis por levarem a equipe espanhola à terceira fase da Copa da Uefa. Na eliminatória seguinte, o adversário foi o Besiktas.

Jogo após jogo, os comandados de Rafa Benítez não se intimidavam com nenhum oponente e seja jogando dentro ou fora de casa, a postura era a mesma e os obstáculos iam ficando pelo caminho, tamanha fome do time espanhol em voltar ao topo do futebol europeu. Contra os turcos não foi diferente. Após duas vitórias, sendo 3 a 2 na ida e 2 a 0 na volta, o Valencia finalmente estava entre os 16 mais bem colocados da competição. Nas oitavas de final o primeiro tropeço, contra um desconhecido Gençlerbirliği, também da Turquia.

Surpresa nas oitavas e o medo da eliminação

Talvez este tenha sido o adversário mais complicado do Valencia em toda a competição. A derrota por 1 a 0 no primeiro jogo ligou o sinal de alerta e aumentou o temor de uma eliminação precoce e a chance de vencer um título europeu após 24 anos ir embora. Na volta, o time espanhol mostrou a sua força, mas só foi marcar o primeiro gol na partida aos 18 minutos do segundo tempo com Mista.

A partida seguia nervosa, com o time turco se defendendo como podia para levar o confronto para a prorrogação e tentar a sorte na loteria dos pênaltis. O Valencia não estava disposto a deixar o sofrimento do seu torcedor prolongar até as penalidades e tratou de definir a parada ainda no tempo extra. Vicente, outro grande nome daquela equipe e da própria seleção da Espanha, tratou de mandar a bola para a rede aos quatro minutos da prorrogação, mantendo vivo o sonho de conquistar a competição.

Depois do susto, o título continental finalmente

De fato, o confronto frente ao Gençlerbirliği foi o mais complicado para o Valencia naquela Copa da Uefa. Isso porque, nas quartas de final contra o Bordeaux, na semi frente ao Villarreal e mesmo na grande final contra o Olympique de Marselha, o time do Valencia se provou como um dos grandes times do futebol europeu da época.

Nas quartas de final o Valencia venceu os dois jogos diante do Bordeaux pelo placar de 2 a 1 e seguiu em frente para fazer o confronto espanhol frente ao Villarreal na semifinal. Após um 0 a 0 disputado no primeiro jogo, o time do técnico Rafa Benítez seguiu para encarar o Olympique de Marselha na grande decisão. O time francês entrou na competição diretamente na terceira fase e enfrentou o Dnipro da Ucrânia, passou pelo Liverpool nas oitavas de final, eliminou a Internazionale nas quartas e superou o Newcastle na semifinal.

Logo, não era um adversário fácil e com certeza vinha motivado a tentar o título continental. Contudo, o Valencia não deu chances aos franceses e levantaram o caneco da Copa da Uefa após vitória por 2 a 0, gols marcados por Vicente e Mista. Após conquistar a La Liga pela sexta vez em sua história, uma semana mais tarde o time espanhol levantou o caneco de uma das mais importantes competições da Europa pela primeira vez em sua história, deixando para trás a maré de azar em finais que pairou sobre o clube no início dos anos 2000.

Foto de Lucas de Souza

Lucas de SouzaRedator

Lucas de Souza é jornalista formado pela Universidade São Judas em São Paulo. Possui especialização em Marketing Digital pela Digital House, e passagens pelos sites Futebol na Veia e Futebol Interior.
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