Europa

Enquanto o Red Bull Salzburg faturou o hepta na Áustria, o Olympiacos recuperou a taça na Grécia

O final de semana voltou a coroar mais alguns campeões pela Europa. O Olympiacos recuperou o seu trono na Grécia, após dois anos longe do topo da tabela. Já na Áustria, aproveitando-se de uma ajudinha dos tribunais, o Red Bull Salzburg selou o heptacampeonato nacional. Vale destacar ainda o Maccabi Tel Aviv, bicampeão israelense, que também pintará nas preliminares da Champions League em 2020/21. Confira um resumo sobre os vencedores:

Olympiacos, campeão grego

Poucas supremacias no futebol europeu se comparam à do Olympiacos na Grécia. Desde 1996/97, a Thrylos não conquistou apenas quatro edições da Super League. O Panathinaikos ficou com a taça em 2004 e em 2010. Já nos dois últimos anos, os louros acabaram com AEK Atenas e PAOK Salônica. Diante do “enorme jejum”, os alvirrubros deram a volta por cima na atual temporada. Levaram a taça com sobras, colhendo frutos de uma renovação durante os últimos meses, embora ainda à espera da palavra final dos tribunais.

O português Pedro Martins, antigo comandante do Vitória de Guimarães, chegou ao Olympiacos em julho de 2018 e se manteve no cargo mesmo sem alcançar o PAOK na campanha anterior – algo raro, considerando a constante dança das cadeiras em Pireu. Já ao elenco, o mercado de transferências seria intenso no início desta temporada. Foram 15 novos contratados, com destaque ao veterano Mathieu Valbuena (que rende em alto nível na Grécia) e ao novo artilheiro Youssef El Arabi. De todo o plantel, apenas três jogadores estiveram presentes no título de 2016/17, entre eles o capitão Kostas Fortounis.

Por mais que tenha ficado cinco pontos atrás do PAOK em 2018/19, o Olympiacos dava sinais de que evoluía, especialmente pelas 14 vitórias nas 15 rodadas do segundo turno. Isso se confirmou na atual temporada, com a classificação à fase de grupos da Champions League e a vaga nos mata-matas da Liga Europa – derrubando o Arsenal antes da paralisação. Já no Campeonato Grego, os alvirrubros não encontraram oponentes. Passaram toda a fase de classificação invictos, com 20 vitórias em 26 rodadas. Já na retomada da competição, com a realização dos playoffs, foram quatro vitórias consecutivas que selaram a conquista.

O título se confirmou neste domingo, com a vitória por 2 a 1 sobre o AEK Atenas. El Arabi e Mady Camara balançaram as redes. A conquista veio com seis rodadas de antecedência, acumulando 19 pontos de vantagem sobre o PAOK – embora ainda esteja pendente uma punição de sete pontos ao clube de Salônica, a ser confirmada pelo Tribunal Arbitral do Esporte. E ainda há uma motivação a mais para os alvirrubros nos compromissos restantes: desde a criação da liga nacional em 1959/60, nunca o Olympiacos foi campeão invicto – uma honra restrita ao Panathinaikos, no longínquo título de 1963/64.

Red Bull Salzburg, heptacampeão austríaco

Em sua atual sequência de sete títulos na Bundesliga Austríaca, o Red Bull Salzburg nunca viu sua hegemonia ser tão ameaçada quanto na atual temporada. O LASK Linz vinha em crescente desde a última campanha e liderou durante toda a fase de classificação do campeonato. O problema viria justamente durante a retomada das atividades, após a paralisação. O LASK recebeu uma dura punição de seis pontos por ter retornado aos treinos coletivos antes da concorrência, contrariando as recomendações sanitárias. Os demais times foram unânimes em pedir uma sanção pesada e isso facilitou a vida do Salzburg.

O time da Red Bull iniciou o hexagonal final da Bundesliga, então, com três pontos de vantagem. E, nesta volta, o que se viu foi uma mudança de ares na competição. O LASK degringolou com quatro rodadas sem vencer logo de cara. Corre riscos de sequer terminar com o vice. Já o Salzburg venceu todas no mesmo intervalo e, invicto na fase decisiva, garantiu o troféu com duas rodadas de antecedência. A vitória por 3 a 0 sobre o Hartberg, neste domingo, bastou para a comemoração na Red Bull Arena. Com o feito, os Touros Vermelhos entrarão na última fase preliminar da próxima Champions League.

A equipe segue treinada pelo competente Jesse Marsch, que manteve um trabalho de alto nível após chegar do New York Red Bulls, para substituir Marco Rose. As transferências de Erling Braut Haaland e Takumi Minamino, depois do bom papel apresentado na fase de grupos Champions, também não se tornaram problemas a partir de janeiro. É um elenco cheio de talentos, com muitos jovens valores que podem ganhar novos rumos no mercado durante os próximos meses.

No meio-campo, o prodígio é Dominik Szoboszlai, de 19 anos. Com muita qualidade técnica, o húngaro deve arrumar as malas em breve. Mais à frente, o sul-coreano Hwang Hee-chan é quem deve receber propostas de centros maiores, enquanto o zambiano Patson Daka assumiu a lacuna de artilheiro deixada por Haaland – e fechou a campanha com 24 gols em 29 aparições. Entre alguns jogadores mais rodados, como Zlatko Junuzovic e Andreas Ulmer, vale citar ainda o brasileiro André Ramalho, essencial no miolo de zaga.

Maccabi Tel Aviv, bicampeão israelense

O Maccabi Tel Aviv atravessa um dos momentos mais vitoriosos de sua história. E, após um tri vice no Campeonato Israelense, celebrou o bicampeonato nacional neste sábado. A equipe ficou pelo caminho nas preliminares das competições continentais, mas deu a volta por cima na Premier League local. Os auriazuis haviam encerrado a fase de classificação com seis pontos de vantagem na liderança e aumentaram a distância no hexagonal final. Restando três rodadas, a diferença chegou a 11 pontos sobre o Maccabi Haifa, segundo colocado.

O Maccabi Tel Aviv faz uma campanha invicta, com 24 vitórias em 33 compromissos. É um time que se destaca bastante pelos números defensivos: sofreu míseros oito gols até o momento, uma marca fantástica que, segundo os registros da RSSSF, é a terceira melhor em média na história das ligas filiadas à Uefa. O ataque, ainda assim, anotou 61 gols e teve seu grande destaque em Yonatan Cohen – autor de 11 tentos e 11 assistências. O goleiro Daniel Tenenbaum, formado pela base do Flamengo, foi o representante brasileiro na campanha – titular nas 33 partidas e candidato ao prêmio de melhor jogador da temporada.

O sucesso do Maccabi Tel Aviv está ligado ao empresário Mitch Goldhar, bilionário canadense que começou a investir no clube há oito anos. Certamente ele ficou satisfeito com a maneira como o título se confirmou: os auriazuis derrotaram o rival Hapoel Tel Aviv por 3 a 0, ampliando uma invencibilidade no dérbi que perdura desde 2014. Nick Blackman abriu a contagem cobrando pênalti, o zagueiro Eitan Tibi (uma das grandes figuras no sucesso recente) ampliou com um gol de bicicleta e o veterano Itay Shechter fechou o marcador.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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