Conference League
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Qual grande história se consagrará, Fiorentina ou West Ham? Um guia da final da Conference 2022/23

Diante da final da Conference nesta quarta-feira, aproveitamos para destacar os pontos fortes de Fiorentina e West Ham

A Conference League não precisou de muito tempo para cair no gosto do público como uma competição bastante interessante. Na verdade, a Uefa acertou em cheio quando criou seu terceiro torneio, num movimento que também serviu para valorizar as demais copas continentais. E se o nível competitivo da Liga Europa se elevou com o novo regulamento, a Conference passou a oferecer um prato cheio de grandes histórias. É o certame onde se notam as bandeirinhas mais distintas na fase de grupos ou nos mata-matas. E é uma decisão para valorizar também clubes tradicionais. Foi assim no Roma x Feyenoord da primeira edição, se repete também no Fiorentina x West Ham da segunda.

Dá até para se questionar se a presença dos parcos representantes das grandes ligas não geram distorções. São eles, afinal, que continuam no domínio do torneio. Contudo, não dá para menosprezar as campanhas realizadas por Fiorentina e West Ham ao longo da temporada. Enquanto a Viola cresceu muito de produção e protagonizou momentos sensacionais nos mata-matas, os Hammers sobraram em sua sequência invicta na Conference. São tão qualificados que o favoritismo nem é tão claro na decisão em Praga. O elenco dos ingleses de fato é melhor, mas os últimos meses dos italianos apresentaram resultados mais consistentes em todas as frentes. É a promessa de uma baita final.

Abaixo, elencamos os destaques e relembramos as histórias ao redor deste Fiorentina x West Ham, com um guia para a decisão em Praga. Confira:

Fiorentina

Os sucessos continentais do passado

A Fiorentina possui um histórico considerável nas competições europeias. São 31 aparições da Viola nos torneios organizados pela Uefa, a partir da década de 1950. E os violetas têm a primazia de possuírem uma final disputada em cada um dos certames continentais. A primeira decisão foi a da Copa dos Campeões, logo na primeira aparição internacional, em 1956/57. A equipe perdeu a taça para o poderoso Real Madrid, numa derrota por 2 a 0 ocorrida justamente no Bernabéu. Quatro anos depois, a volta por cima se deu com a conquista da primeira edição da Recopa Europeia, em 1960/61, com vitórias sobre o Rangers nas finais. A Fiorentina ainda amargou um vice na Recopa seguinte, em 1961/62, batida pelo Atlético de Madrid. Já em 1989/90, a Viola encarou a Juventus na decisão da Copa da Uefa e mais uma vez viu o caneco escapar. Além do único título e dos três vices, os fiorentinos também alcançaram semifinais em outras três oportunidades – a Recopa de 1996/97, a Copa da Uefa de 2007/08 e a Liga Europa de 2014/15. Nesta mais recente, os italianos sucumbiram diante do Sevilla. O clube ainda registra nove aparições em fases de grupos, três delas da Champions.

A campanha na Conference

A Fiorentina começou a Conference já com um desafio de peso. A equipe encarou logo nas preliminares o Twente. Apesar de certo sofrimento no duelo, a vitória por 2 a 1 em Florença bastou, antes do empate por 0 a 0 na visita aos Países Baixos. A fase de grupos não começou bem, com o empate em casa diante do RFS Riga e a derrota fora para o Istambul Basaksehir. A recuperação se deu com quatro vitórias consecutivas – duas para cima do Hearts, além dos reencontros com Basaksehir e RFS. Ainda assim, na segunda colocação da chave, a Viola precisou disputar os 16-avos de final contra um time repescado da Liga Europa. Deu show, com os 4 a 0 sobre o Braga em Portugal complementados pelos 3 a 2 na Itália. Nas oitavas, a Fiorentina também dominou o Sivasspor, com o 1 a 0 em casa complementado pelos 4 a 1 fora. Já nas quartas, os 4 a 1 sobre o Lech Poznan encaminhavam a situação na Polônia, mas o time se descuidou em Florença e sofreu mais do que deveria na derrota por 3 a 2. Já o grande épico aconteceu nas semifinais, diante do Basel. A derrota por 2 a 1 no Artemio Franchi, de virada e com um gol nos acréscimos do segundo tempo, era péssima. Mas os violetas devolveram o placar na visita ao St. Jakob Park e concluíram a classificação com os 3 a 1 na prorrogação, graças a um gol salvador anotado no 24° minuto do segundo tempo extra. Mereceram a passagem, superiores.

(Gabriele Maltinti/Getty Images/One Football)

Como foi o resto da temporada

Outro ponto alto da Fiorentina na temporada veio na decisão da Copa da Itália. É verdade que o caminho da Viola não foi tão duro, com classificações para cima de Sampdoria, Torino e Cremonese. Mesmo assim, o time ganhou a chance de desafiar a Internazionale no Estádio Olímpico e fez bom papel, apesar da derrota por 2 a 1. Já na Serie A, o problema da Fiorentina esteve no início de campanha errático. Os violetas só ganharam duas partidas nas 11 primeiras rodadas, se distanciando da briga pelas copas europeias. Houve uma recuperação pontual no fim do primeiro turno, que serviu para distanciar o time do Z-3. De qualquer maneira, a guinada só aconteceu tardiamente, no fim de fevereiro. Os florentinos chegaram a ganhar cinco partidas seguidas e a sustentar uma invencibilidade de oito jogos. O nível das apresentações melhorou bastante, com triunfos sobre oponentes como Milan, Inter e Roma. Só era tarde demais para tirar o prejuízo em relação ao pelotão da frente, com a oitava colocação, a seis pontos da zona de classificação à Conference.

Os principais destaques

A Fiorentina reúne bons jogadores em diferentes setores da equipe. Uma grande liderança técnica é Cristiano Biraghi. O lateral esquerdo faz mais uma temporada em alto nível, com sua qualidade para bater na bola e frequentes contribuições ofensivas. Anotou três gols e deu mais 13 assistências ao longo de todas as competições. É também o jogador com mais minutos da Viola, à frente mesmo do goleiro Pietro Terracciano. Outra figura importante no sistema defensivo é Nikola Milenkovic, consolidado no miolo de zaga. No meio-campo, a Fiorentina tem à disposição um dos grandes volantes da temporada: Sofyan Amrabat, que faz ótima Conference, depois de sua Copa do Mundo absurda. Não deve ficar tanto tempo em Florença. Quem também merece uma menção especial por aquilo que entrega na Conference é Giacomo Bonaventura, importante em várias das classificações, contribuindo com sua experiência. Mais à frente, Nico González não começou bem a temporada e sofreu com as lesões, mas voltou ao seu melhor justo no momento mais importante. Acabou com o Lech Poznan e liderou a virada sobre o Basel. É o craque do time e um escape importante nas pontas, assim como Jonathan Ikoné.

(Foto: Fiorentina)

Quem pode surpreender

O talismã da Fiorentina na Conference League é Antonín Barak. O tcheco marcou cinco gols na campanha, titular apenas na fase de grupos, mas saindo bem do banco durante os mata-matas. Garantiu a vitória na ida contra o Sivasspor e, mais importante, o tento da classificação diante do Basel. Luka Jovic é outro substituto que fica como uma carta na manga, por mais que seu rendimento na Conference tenha caído. Riccardo Saponara tem sido pouco utilizado no torneio continental, mas possui um chute de média distância que pode se tornar uma arma nas fases mais agudas das partidas – e deixou ótima impressão com seu golaço na rodada final da Serie A. Também vale uma menção a Gaetano Castrovilli, que já fez temporadas bem melhores na Fiorentina, mas possui qualidade técnica e também confiança de Vincenzo Italiano.

Os brasileiros

Arthur Cabral poderia ter sido citado entre os protagonistas da Fiorentina, porque é um destaque óbvio na temporada, sobretudo na Conference. O centroavante deslanchou no clube e é o artilheiro da equipe, com gols frequentes sobretudo neste primeiro semestre de 2023. Contribuiu com seis tentos nos mata-matas do torneio continental, deixando o seu contra todos os adversários. Não à toa, tomou a posição de titular no lugar de Jovic. Também terminou a Serie A em alta, importante na recuperação da Viola. Curiosamente, Arthur Cabral é apenas o terceiro brasileiro com mais minutos em campo pelos violetas. Outra certeza do time é Dodô, dono da lateral direita. O jogador trazido do Shakhtar Donetsk oferece muito escape e faz o time por vezes pender ao seu lado, pela capacidade no apoio. São quatro assistências e um gol. Já na defesa, Igor se reveza bastante entre os titulares, mas não foi bem nas semifinais da Conference contra o Basel.

Vincenzo Italiano, técnico da Fiorentina (Icon Sport)

O técnico

A contratação de Vincenzo Italiano demandou um grande esforço da Fiorentina, quando o treinador estava bem cotado no mercado. Nascido na Alemanha, mas de família italiana, o comandante fez seu nome pelas divisões de acesso, à frente de equipes pequenas como Arzignano e Trapani. O grande salto ocorreu no Spezia, com a conquista do acesso e a manutenção na Serie A em apenas duas temporadas. Estava claro como ali havia um técnico especial, sobretudo pelo futebol ofensivo que conseguia empreender. A Viola conseguiu convencê-lo a sair de La Spezia e os resultados nos dois primeiros anos em Florença são ainda melhores que as expectativas. A temporada de estreia já foi muito boa, ao conseguir criar um time com viés ofensivo e que finalmente compensou o investimento feito pelo clube em reforços, com a conquista da vaga na Conference League. Já a segunda temporada, se não viu um ritmo tão bom na Serie A, compensou com as caminhadas rumo às finais da Copa da Itália e da Conference. Pelo que realiza até aqui, Vincenzo Italiano pode ser alçado em breve a algum clube que almeja o Scudetto. Por enquanto, escreve uma história fantástica à frente da Fiorentina.

O que o título da Conference pode significar

A Fiorentina está indiscutivelmente entre os clubes mais tradicionais da Itália. Conquistou o Scudetto duas vezes e colecionou seis troféus na Copa da Itália. Também é um clube de trajetória respeitável nas copas europeias, com o supracitado título na Recopa Europeia de 1960/61 e outras três finais perdidas. Ainda assim, as últimas temporadas não simbolizam totalmente a grandeza histórica da Viola. Lá se vão 22 anos do último troféu conquistado pelo clube, a Copa da Itália de 2000/01. E as últimas duas décadas foram bastante duras, com a falência dos violetas e a necessária reconstrução a partir da quarta divisão em 2002/03. Desde então, a Fiorentina recobrou o seu prestígio e voltou a aparecer nas cabeças da Serie A, inclusive com participações na Champions League menos de uma década depois da bancarrota. Falta algum caneco que recorde às gerações mais novas tal importância. A Conference parece a ocasião perfeita para honrar esse passado, ao manter a hegemonia italiana no início do torneio e também servir de elo com os grandes momentos fiorentinos.

West Ham

Os sucessos continentais do passado

O West Ham pode não ser o clube inglês mais assíduo nas copas europeias, com dez participações, mas possui seus motivos de orgulho. A estreia internacional dos Hammers já seria retumbante, com a conquista da Recopa Europeia em 1964/65, com a decisão vencida diante do 1860 Munique. Os londrinos ainda tiveram a chance de defender sua conquista e pararam nas semifinais de 1965/66, tomando o troco dos alemães-ocidentais com a eliminação diante do Borussia Dortmund. Quando a volta  ao cenário europeu aconteceu, em 1975/76, o West Ham seria outra vez finalista da Recopa, mas derrotado pelo Anderlecht na decisão. A última aparição no torneio extinto pela Uefa ocorreu em 1980/81, com a queda diante do futuro campeão Dinamo Tbilisi nas quartas de final, em temporada na qual os Hammers estavam na segunda divisão inglesa e conquistaram o acesso. A partir da virada do século, os londrinos voltaram aos certames da Uefa, mas amargaram seguidas eliminações nas preliminares. Caíram para adversários tradicionais como Steaua Bucareste e Palermo, mas também tiveram quedas em temporadas consecutivas para o inexpressivo Astra Giurgiu. O moral seria recobrado apenas na Liga Europa passada, quando o time de David Moyes cumpriu bom papel, eliminando oponentes como Sevilla e Lyon, até a queda nas semifinais contra o Eintracht Frankfurt.

A campanha na Conference

No papel, o West Ham entrou na Conference League como um dos melhores elencos. E isso se traduz numa campanha praticamente perfeita dos Hammers, com 13 vitórias e um empate em 14 partidas. Os londrinos não tiveram problemas contra o Viborg, nas preliminares. Depois, na fase de grupos, mantiveram os 100% de aproveitamento numa chave que tinha dois de seus algozes no passado continental – o Anderlecht e o FCSB (o antigo Steaua Bucareste), além do Silkeborg. Com a vaga direta nas oitavas de final, outra classificação fácil aconteceu contra o AEK Larnaca, em 6 a 0 no agregado. O oponente mais duro até o momento foi o Gent, que merecia até mais que o empate por 1 a 1 na ida na Bélgica e incomodou em Londres, até que os 4 a 1 se desatassem de virada durante o segundo tempo. Já nas semifinais, o AZ inspirava cuidados, mas não foi tão contundente contra os ingleses para cumprir a missão. O time de David Moyes abriu o caminho com os 2 a 1 de virada no Estádio Olímpico e concluiu a missão com o 1 a 0 arrancado no fim em Alkmaar.

(NESimages/Geert van Erven/DeFodi Images) – Photo by Icon sport

Como foi o resto da temporada

A Conference League é o ponto alto de uma temporada, no geral, para o West Ham esquecer. Apesar dos reforços, os Hammers caíram muito de desempenho na Premier League e não repetiram o ritmo de quem vinha de duas temporadas consecutivas na zona de classificação às copas europeias. Muito pelo contrário, a briga dos londrinos foi para não cair, frequentando a zona de rebaixamento em partes do primeiro turno do Campeonato Inglês e também em uma rodada no início do segundo turno. O pior momento veio entre outubro e dezembro, com uma sequência de sete rodadas sem uma vitória sequer. David Moyes balançou no cargo, mas iniciaria uma reação em janeiro. De qualquer maneira, a confirmação da permanência dos grenás na elite só aconteceu com uma melhora dos resultados em abril, sobretudo pelas vitórias em confrontos diretos com adversários da parte inferior da tabela. Deu para garantir a sobrevivência com rodadas de antecedência, sem arrastar o drama. Apesar disso, o 14° lugar passou longe das estimativas. O time ainda caiu logo de cara para o Blackburn na Copa da Liga Inglesa e não passou pelo Manchester United nas oitavas da Copa da Inglaterra.

Os principais destaques

O West Ham possui um elenco cheio de jogadores de primeiro nível, que poderiam muito bem disputar a Champions. A começar pelo cobiçado Declan Rice, um dos volantes mais eficientes do futebol inglês e pretendido por vários clubes rumo à próxima janela de transferências. Foi uma figura onipresente nos mata-matas da Conference, inclusive com a braçadeira de capitão. Ao seu lado, Tomas Soucek já fez temporadas melhores, mas é imprescindível à afirmação recente dos Hammers e continua muito útil no torneio continental. Já no ataque, quem arrebenta com frequência além das fronteiras é Jarrod Bowen. O ponta é um dos jogadores mais perigosos à disposição dos londrinos e isso se nota repetidas vezes na competição. Os números de Bowen na Conference só não são melhores que os de Michail Antonio, de volta ao seu melhor no certame. O centroavante fez uma temporada ordinária na Premier League, mas anotou seis gols e deu duas assistências na campanha continental, efetivo em todas as fases dos mata-matas. Ainda vale mencionar Alphonse Areola, um goleiro experiente, que ocupa a vaga de titular na Conference enquanto esquenta o banco de Lukasz Fabianski na Premier League.

(Justin Setterfield/Getty Images/One Football)

Quem pode surpreender

Saïd Benrahma não atingiu no West Ham o talento que exibia nos tempos de Brentford, mas é um jogador importante na equipe e faz por merecer espaço na Conference. O ponta marcou um gol decisivo nas semifinais contra o AZ e serve de arma rumo à final. Pablo Fornals é outro que, vindo do banco, deixou sua marca na classificação dos Hammers à decisão, com o gol da vitória na volta diante do AZ. Danny Ings é um dos mais experientes do elenco e um dos mais perigosos dentre os substitutos. Anotou um gol salvador nas quartas de final contra o Gent. Já na defesa, quem pode fazer uma partida de afirmação é Nayef Aguerd. O zagueiro demorou a emplacar no West Ham após chegar do Rennes, por conta de uma lesão no tornozelo. Recuperou-se a tempo da Copa do Mundo e mostrou o tamanho de sua qualidade pela seleção de Marrocos. Desde então, voltou bem aos londrinos e se firmou como titular. É uma das principais faces do sucesso na Conference, com partidas superlativas nos mata-matas. Consegue se complementar bem ao lado do experiente Angelo Ogbonna.

Os brasileiros

O West Ham pode até questionar o impacto de Lucas Paquetá em termos práticos. Não é que o brasileiro tenha feito a diferença com tanta regularidade na Premier League, vivendo de lampejos em seu primeiro ano. Por outro lado, as demonstrações sobre como o meio-campista é diferenciado tecnicamente aparecem com bem mais frequência, entre seus lances de efeito. E alguns deles possibilitaram vitórias cruciais para o West Ham, inclusive para chegar tão longe na Conference. A classificação mais difícil no torneio saiu sob a batuta de Paquetá. O camisa 11 marcou um gol de pênalti e depois deu duas assistências nos 4 a 1 de virada sobre o Gent, no Estádio Olímpico. É um diferencial dentro do elenco dos Hammers e isso pode valer demais, especialmente numa decisão continental. O outro brasileiro do grupo, mas naturalizado italiano, é o lateral Emerson Palmieri. Vem sendo coadjuvante e acabou preterido por Aaron Cresswell nas semifinais da Conference, diante do AZ.

David Moyes, do West Ham (Foto: CLIVE ROSE/POOL/AFP via Getty Images/One Football)

O técnico

David Moyes teve grandes oportunidades na carreira, nenhuma maior que a temporada na qual substituiu Sir Alex Ferguson no Manchester United – e fracassou inegavelmente, apesar de não ganhar a paciência que outros sucessores tiveram. O escocês também marcou época à frente do Everton, ao revelar alguns dos maiores talentos do clube e recolocar os Toffees na Champions League. Apesar de tudo, é nesta segunda passagem pelo West Ham que Moyes se aproxima de seu maior feito. Parecia uma escolha ruim do clube quando ele voltou, num momento em que a preocupação era fugir do rebaixamento. O veterano não apenas levou os londrinos para bem longe do Z-3 durante temporadas seguidas, como conseguiu liderá-los para as copas europeias. Foi capaz de redescobrir uma vocação continental do clube, que estava esquecida faz tempo, com campanhas de relevo nos torneios internacionais. E se os riscos exagerados da atual temporada na Premier League fizeram, com certa razão, o West Ham refletir sobre a continuidade do comandante, a final da Conference proporciona seu ápice. O único título no currículo de Moyes é uma Community Shield com o United. Nada comparado à representatividade que o troféu em Praga pode oferecer aos Hammers.

O que o título da Conference pode significar

O West Ham é um coadjuvante no futebol de Londres. Possui grandes momentos para se orgulhar e contou com lendas do futebol inglês em suas fileiras. Mesmo assim, em termos de mobilização, não se equipara a Arsenal e a Tottenham, bem como ficou para trás do Chelsea nas últimas duas décadas. Entretanto, uma conquista continental como a Conference pode oferecer mais prestígio aos Hammers – tal qual aconteceu durante a década de 1960, quando o time levantou a Recopa Europeia e depois cedeu protagonistas para a seleção inglesa campeã do mundo em Wembley. Vai ser uma taça de peso, que se contrapõe até à inoperância de Gunners e Spurs além das fronteiras durante o período mais recente. Outro ponto alto para o West Ham é como os grenás valorizam as próprias empreitadas continentais para os clubes da Premier League. Por tanto tempo, os representantes da Inglaterra pareciam dar de ombros aos torneios que não fossem a Champions. A postura dos Hammers nestas duas últimas temporadas com David Moyes é oposta. O nível de investimento do West Ham ainda não faz do time uma ameaça constante a qualquer integrante do Top 6 nas competições domésticas. Por outro lado, o coloca acima dos médios de outros países da Europa e abre alas para glórias como a Conference.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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