Conference League
Tendência

Como foi o primeiro título continental do West Ham: A conquista da Recopa Europeia de 1964/65

O West Ham apresentou um futebol vistoso e bateu grandes adversários, num título que consagrou sua "Santíssima Trindade" em Wembley

O West Ham possui em sua história uma Santíssima Trindade: Bobby Moore, Martin Peters e Geoff Hurst eram os ídolos do clube que se transformaram em heróis de toda a Inglaterra, durante a conquista da Copa do Mundo de 1966. E o título mundial completava um triênio de grandes feitos dos craques em Wembley. Em 1964, os Hammers conquistaram a Copa da Inglaterra pela primeira vez em sua história. Já em 1965, a equipe de Ron Greenwood daria um passo além, ao faturar a Recopa Europeia. Era uma façanha não apenas por ser apenas a segunda taça continental de um clube inglês, mas também pelo nível apresentado pelos londrinos. Com um futebol fluído e ofensivo, o West Ham desbancou grandes adversários. Tudo isso com um elenco majoritariamente formado na base, com nove pratas da casa entre os titulares na decisão contra o 1860 Munique. Entre eles, os três gigantes que se eternizaram também com a seleção inglesa, em memórias que voltam à tona antes da final da Conference League.

Antes de se agigantar nos anos 1960, o West Ham era um clube de projeção limitada. Embora Londres tenha sido um polo fundamental para o florescimento do futebol, a partir de 1863, a prática da modalidade se concentrava mais entre as camadas abastadas da capital e os alunos das principais universidades, que priorizavam o caráter amador do esporte. Os clubes profissionais tiveram um impulso maior no norte industrial da Inglaterra, onde o jogo se espalhou entre as massas. Ainda assim, algumas fábricas serviram de berço a times profissionais de relevo em Londres, embora com o desenvolvimento mais tardio. É o caso do West Ham, surgido em 1895 como Thames Ironworks, dentro da indústria naval no Rio Tâmisa. Durante os primeiros anos, a equipe se concentrou ao redor da força de trabalho da fábrica. Porém, não demorou a adotar o regime profissional na virada do século e a se firmar como uma fonte de talentos locais. Em julho de 1900, o time seria rebatizado como West Ham United.

Ainda demorou para o West Ham pintar na elite do Campeonato Inglês, no entanto. Na época, os clubes profissionais e também amadores no sul da Inglaterra se concentravam na chamada Southern League. Era uma competição à parte da Football League, embora, a partir dos primeiros anos do Século XX, também tenha servido como uma espécie de divisão de acesso. Os Hammers conquistaram duas promoções em seus três primeiros anos de existência, fazendo parte da primeira divisão da Southern League a partir de 1899/00. Era uma equipe de meio de tabela, que teve como melhor colocação um terceiro lugar até a pausa para a Primeira Guerra Mundial. Foi um período importante para os Irons fincarem suas raízes, sobretudo com seu estádio em Upton Park.

A partir de 1919, com a retomada do futebol após a Primeira Guerra Mundial, o West Ham passou a integrar a segunda divisão do Campeonato Inglês. E uma temporada bastante especial aconteceu em 1922/23, não apenas porque os Hammers garantiram o acesso inédito à elite. O destino do clube estaria ligado a Wembley desde os primórdios do estádio. Os Irons, afinal, mesmo sendo uma equipe da segundona, chegaram à final da Copa da Inglaterra de 1923 – um feito inédito, que, por tabela, também oferecia a honra de estarem presentes na inauguração do novíssimo estádio. A diminuta torcida do West Ham compareceu em peso entre as centenas de milhares de torcedores que se dirigiram a Wembley. Como azarões na decisão contra o Bolton, os Hammers também atraíram o apoio de boa parte daqueles que estiveram nas arquibancadas e torciam para outros times. Todavia, os londrinos perderam a famosa “Final do Cavalo Branco” por 2 a 0.

O West Ham permaneceu por nove temporadas consecutivas como um time de primeira divisão, mas sem passar da sexta colocação e quase sempre figurando na metade inferior da tabela. O rebaixamento no Campeonato Inglês aconteceu em 1931/32 e os Irons permaneceram na segundona durante toda a década de 1930, antes que a Segunda Guerra Mundial voltasse a paralisar o futebol. E o status também não se transformou com a retomada das competições a partir de 1946. Entretanto, mesmo como um clube de segunda divisão, os Hammers permitiram o desenvolvimento de um ambiente diferente nos anos 1950. Era uma agremiação aberta a novas ideias e que buscava se colocar na vanguarda.

Com a chegada do técnico Ted Fenton, antigo jogador do clube, o West Ham passou a investir mais no trabalho formativo de talentos. “The Academy”, como era conhecida a base do clube, ganhou fama nacional pelos repetidos sucessos nas competições juvenis. Outro personagem central era Wally St. Pier, companheiro de Fenton nos tempos de jogador dos Irons, que depois se tornaria um dos olheiros mais certeiros do futebol inglês, com uma capacidade enorme para descobrir promessas. Além disso, Fenton tentava reproduzir métodos de treinamento e de preparação física mais usuais no futebol da Europa continental do que propriamente no da Inglaterra. Fomentava muitas discussões internas sobre táticas e incentivava seus jogadores a se tornarem treinadores.

Quem puxava a fila dentro do elenco do West Ham, neste sentido, era o centromédio Malcolm Allison. Jogador dos grenás a partir de 1951, Big Mal costumava dar lições aos companheiros sobre seus aprendizados e visões táticas, enquanto virou uma espécie de tutor a vários pratas da casa, que podiam se aprimorar com seus ensinamentos. A carreira do defensor precisou ser interrompida de maneira precoce na temporada de 1957/58, após contrair uma tuberculose e retirar um dos pulmões. Entretanto, suas aulas ressoariam entre os mais jovens e ele mesmo se tornaria um dos treinadores mais célebres do futebol inglês, embora sem dirigir os Irons.

Sob as ordens de Ted Fenton, o West Ham conquistou o acesso de volta à elite do Campeonato Inglês em 1957/58, depois de 26 anos fora da primeira divisão. O elenco já aproveitava muito bem a capacidade das categorias de base dos Hammers: mais da metade do time titular era formado por pratas da casa, enquanto novos talentos também começavam a despontar entre os reservas. A qualidade nos processos internos permitiu não apenas que os Irons conquistassem a segundona, um feito inédito por si, mas também alimentou a competitividade do time durante os anos seguintes. As condições eram ideais para que os londrinos se colocassem como uma potência.

A reestreia do West Ham como um clube de primeira divisão rendeu uma campanha de respeito no Campeonato Inglês de 1958/59. Os londrinos alcançaram a sexta colocação na Football League, um feito excelente, que já igualava o melhor desempenho durante a primeira estadia na elite. Aquela temporada também serviu para que o clube revelasse o maior de todos os seus prodígios: Bobby Moore. Nascido e criado em Essex, o defensor chegou às categorias de base dos Hammers em 1956. Virou um dos pupilos de Malcolm Allison e creditava ao veterano muito do que aprendeu sobre a leitura tática do jogo. Quando Alison precisou se aposentar, Moore herdou a camisa 6. Fez suas primeiras aparições pelo time principal dos Irons na campanha de reestreia na primeira divisão. Naquela mesma temporada, o jogador das seleções de base disputou com o clube a decisão da FA Youth Cup, a principal competição de base do país. Os londrinos perderam para o Blackburn, mas indicavam que algo diferente surgia, com sua segunda final em três anos – derrotados também pelo Manchester United em 1957.

O impacto inicial do West Ham no Campeonato Inglês, todavia, não se repetiu na temporada seguinte. O time ficou no 14° lugar da liga em 1959/60. O ponto positivo se concentrava no espaço ampliado aos jogadores da base. Bobby Moore ganhava cada vez mais oportunidades atuando na linha média dos Irons. Enquanto isso, aquela temporada também marcou a ascensão de Geoff Hurst, outro garoto de Essex que se desenvolveu na academia dos londrinos. Chegou em 1957 e se fez presente na decisão da FA Youth Cup de 1959. Naquele momento, entretanto, ainda não era o atacante prolífico que se consagraria com tripleta em final de Copa do Mundo. Jogava também na linha média e tinha dificuldades para progredir.

Já a temporada de 1960/61 marcaria uma transição maior para o West Ham. A equipe de novo fez uma campanha abaixo da crítica, com o 16° lugar na tabela do Campeonato Inglês, quatro pontos acima da zona de rebaixamento. Seria o ponto final ao trabalho revolucionário de Ted Fenton. Apesar da falta de resultados, a demissão não se justificava totalmente. Entretanto, em março de 1961, a direção decidiu mudar o comando técnico e deu uma chance a Ron Greenwood. Jogador profissional até 1956, presente no time campeão da liga com o Chelsea em 1954/55, o ex-defensor passara os cinco anos anteriores aprimorando sua formação como treinador. Dirigiu a seleção sub-23 da Inglaterra, enquanto atuou como assistente de George Swindin no Arsenal. Seria ele o responsável por dar um novo salto competitivo à frente Hammers. Passaria a trabalhar com muitos jovens, parte deles já conhecida pelo comandante desde a base da seleção.

A primeira temporada completa com Ron Greenwood já promoveu um salto momentâneo para o West Ham na tabela do Campeonato Inglês. A equipe terminou a temporada de 1961/62 na oitava colocação. A esta altura, Bobby Moore era titular absoluto dos Hammers e despontava também como um dos melhores zagueiros da Inglaterra. Estreou pela seleção principal em 1962, pronto para disputar sua primeira Copa do Mundo. Geoff Hurst ganhava minutos em campo e começava a fazer sua transição para atuar como atacante, algo que se concretizaria especialmente na temporada seguinte. E a “Santíssima Trindade” dos Irons se completou com a promoção de Martin Peters. O meio-campista era um dos talentos mais cortejados de Londres durante sua adolescência, passando pela base do Chelsea, antes de assinar seu primeiro contrato com o West Ham aos 15 anos. Sua estreia aconteceu na reta final daquela campanha de 1961/62.

A importância de Ron Greenwood não se resumia à capacidade para lidar com jovens talentos que surgiam como profissionais. O treinador também tinha uma ênfase diferente na sua mentalidade em relação a Ted Fenton. Costumava priorizar um estilo de jogo mais técnico e refinado, com movimentação intensa e trocas de posições, em dissonância com o embate físico mais costumeiro no futebol inglês da época. Isso auxiliou não apenas a criar uma aura ao redor do West Ham pela maneira como se portavam, como também potencializou a qualidade de quem vinha das categorias de base. Além do mais, quando esse processo chegou ao ápice, os Irons se mostravam mais capacitados para bater de frente com os recursos de adversários da Europa continental.

Ron Greenwood também precisou lidar com a perda de bandeiras do West Ham. O atacante John Dick se despediu de Boleyn Ground em 1962, como um dos maiores artilheiros da história dos Hammers após nove anos na equipe. Também seria um momento de adeus para John Lyall, uma das principais promessas da base, que precisou se aposentar com apenas 23 anos por um problema crônico no joelho – já naquela época, passaria a trabalhar como treinador das categorias de base, em compensação.

O West Ham terminou o Campeonato Inglês de 1962/63 num pouco chamativo 12° lugar. Entretanto, um sinal de que algo especial se aproximava aconteceu na Copa da Inglaterra: a campanha até as quartas de final foi a melhor do time em sete anos. Caíram para o Liverpool, mas deixando pelo caminho nas oitavas o Everton, que se consagraria como campeão da Football League. A imagem dos Irons começava a se transformar, com Bobby Moore capitão e Geoff Hurst artilheiro. Ainda em 1963, a conquista da chamada International Soccer League, superando uma série de adversários estrangeiros nos Estados Unidos, também valorizava o trabalho.

As glórias bateram na porta do West Ham pra valer em 1963/64. Ron Greenwood iniciava a era de ouro do clube. O desempenho no Campeonato Inglês seguia morno, com um 14° lugar distante de provocar qualquer suspeição. Entretanto, o estilo de jogo aplicado em Boleyn Ground e o caráter de seus destaques formou uma equipe de veia claramente copeira. Os Hammers tiveram bom papel na Copa da Liga Inglesa, alcançando as semifinais, eliminados apenas por um forte Leicester City que ficaria com a taça. O caneco dos Irons pintou mesmo na Copa da Inglaterra, com a volta a Wembley depois de 41 anos. Ao longo da campanha, os londrinos despacharam Charlton, Leyton Orient e Swindon Town – todos adversários da segundona. Um feito maior aconteceu nas quartas de final, com os 3 a 2 sobre o Burnley, campeão nacional quatro anos antes. Já na semifinal, realizada no enlameado campo de Hillsborough, o West Ham emplacou o triunfo por 3 a 1 sobre o forte Manchester United, treinado por Matt Busby e campeão nacional um ano depois.

O West Ham chegou à decisão da FA Cup como favorito. O Preston North End podia ser um clube tradicionalíssimo, mas disputava a segunda divisão na época, terminando aquela temporada sem o acesso – na terceira colocação. As expectativas sobre os Hammers se cumpriram, mesmo que a duras penas, com uma suada vitória de virada por 3 a 2. O Preston esteve em vantagem por duas vezes no primeiro tempo. Doug Holden abriu o placar aos dez minutos e, apesar do empate com Johnny Sissons no minuto seguinte, Alex Dawson voltou a botar os alviazuis à frente aos 40 minutos. O novo empate dos Irons seria obra de Hurst, aos sete do segundo tempo, numa cabeçada que bateu no travessão e depois no rosto do goleiro Alan Kelly até entrar. Já o gol do título foi anotado aos 45 da etapa final, numa cabeçada agora de Ronnie Boyce, no contrapé do arqueiro. Diante de 100 mil pessoas, Bobby Moore aparecia pela primeira vez no lugar que lhe parecia de direito: a tribuna de honra de Wembley, para receber um troféu como capitão de sua equipe.

A influência das categorias de base do West Ham já estava expressa naquele time vencedor da Copa da Inglaterra. Dos 11 titulares em Wembley, sete tinham sido formados na academia dos Hammers. O centromédio Ken Brown era o mais antigo deles, ao se profissionalizar em 1952. Os demais despontaram a partir de 1958, a começar por Bobby Moore. Dentre aqueles que vieram de fora, o lateral direito John Bond ainda tinha chegado com apenas 18 anos, do futebol amador. O goleiro Jim Standen (Luton Town), o ponta Peter Brabook (Chelsea) e o centroavante Johnny Byrne (Crystal Palace) eram os outros titulares trazidos de outros clubes. Já dentre todos os demais jogadores utilizados na temporada, só um não era prata da casa: o ponta Alan Sealey, contratado do Leyton Orient aos 18 anos.

Tal preponderância das categorias de base do West Ham também fazia com que muitos dos jogadores do grupo titular se conhecessem faz tempo. Eram amigos não apenas dentro de campo, mas também vizinhos e outros tantos cresceram juntos na infância. Tal qual o famoso Celtic de 1966/67, era uma equipe forjada nos arredores de Boleyn Ground, com atletas crescidos num raio de poucos quilômetros ao redor do estádio – sobretudo em áreas na parte ocidental de Londres. Esses laços contribuíam até mesmo para um senso maior de pertencimento aos Hammers e de companheirismo. A convivência não se limitava ao centro de treinamentos ou aos vestiários.

Como relembrou o atacante Brian Dear, em entrevista recente ao Telegraph: “Nós éramos principalmente de Barking, Dagenham, East Ham. Éramos rapazes locais. Eu morava a cinco minutos a pé do estádio. Ronnie Boyce e eu estudávamos juntos quando tínhamos sete anos, jogando futebol desde cedo. É incrível que isso tenha acontecido e havia uma ótima atmosfera na equipe. Não havia figurões. Era um ótimo momento para jogar futebol. Muitos de nós morávamos em Hornchurch, onde uma nova vizinhança havia sido construída, e costumávamos ir à casa uns dos outros no fim da tarde para tomar uma xícara de chá. O futebol era tão modesto em comparação ao que se tornou agora – íamos ao pub depois da partida e qualquer um podia pagar uma cerveja para você. Eram bons tempos. Éramos como uma família”.

A mesma base seria preservada pelo West Ham para a temporada 1964/65. Nem a presença na Recopa Europeia fez Ron Greenwood buscar contratações. O treinador manteve o mesmo elenco e os mesmos destaques para a empreitada continental. Aquela era a primeira participação dos Hammers numa competição da Uefa. Criada quatro anos antes, como uma disputa entre os campeões das copas nacionais, a Recopa criava sua própria tradição e ganhava prestígio na década de 1960. Contribuiu bastante a grandeza de seus campeões: Fiorentina, Atlético de Madrid, Tottenham e Sporting tinham ficado com os primeiros canecos. O título dos Spurs, aliás, tinha sido o primeiro de um clube inglês nos torneios da Uefa. Os Irons iam em busca de retomar o domínio.

A temporada do West Ham em 1964/65 se abriu com o título compartilhado da Community Shield, após o empate por 2 a 2 com o Liverpool, então campeão da liga. Mas não que tenha sido um ano empolgante dentro das competições nacionais. Os londrinos foram eliminados logo nas primeiras fases da Copa da Inglaterra e da Copa da Liga Inglesa. Já pelo Campeonato Inglês, apesar de alguns momentos em que os Hammers se aproximaram da parte de cima da tabela, a nona colocação não era nada tão diferente daquilo que a torcida estava acostumada. A novidade era a campanha na Recopa Europeia. Foi nesta competição que o time de Ron Greenwood mergulhou de cabeça.

O West Ham iniciou sua caminhada na Recopa Europeia nos 16-avos de final, contra o Gent. Os alviazuis ainda eram desconhecidos no cenário continental, depois de seu primeiro título na Copa da Bélgica. Não era uma equipe de grandes estrelas, na qual o veterano goleiro Armand Seghers ficava como exceção entre aqueles que se projetaram pela seleção. Os Hammers atravessaram o Canal de Mancha de balsa, com a partida de ida sendo tratada como grande evento pelos belgas – incluindo apresentação de bandas marciais e tudo mais antes do pontapé inicial. Apesar do esforço defensivo do Gent, os Irons voltaram para casa com a vitória por 1 a 0. Ronnie Boyce marcou o gol no início do segundo tempo.

Já o reencontro em Boleyn Ground se tornou desnecessariamente perigoso para o West Ham, com o empate por 1 a 1. O time de Ron Greenwood teve boas chances para abrir o placar, mas desperdiçou todas elas. Aos 33 minutos, o Gent conseguiu devolver o resultado da ida com um gol contra de Martin Peters. Ao menos o empate dos Hammers não demorou, dez minutos depois, com um tento do centroavante Johnny Byrne. Ainda assim, não era o início de campanha que fazia os ingleses tão cotados na Recopa. Times como o Zaragoza e o 1860 Munique avançavam com goleadas no agregado.

O nível do desafio aumentou para o West Ham nas oitavas de final. O Sparta Praga disputava pela primeira vez uma competição da Uefa, mas tinha sua fama internacional como potência da Europa continental desde a década de 1920. Aquele era um momento no qual os grenás voltavam ao topo da Tchecoslováquia, após um jejum de títulos nacionais que perdurou por nove anos. O técnico Vaclav Jezek, além de promover o ressurgimento do clube, uma década depois dirigiria a seleção tchecoslovaca na conquista da Euro 1976. O grande nome da equipe era o atacante Andrej Kvasnak, presente nas Copas de 1962 e 1970. De qualquer forma, o elenco estava recheado de figuras da equipe nacional, em todos os setores: Vladimir Taborsky, Jiri Tychy, Vladimir Kos, Josef Vojta, Tadeusz Kraus e Vaclav Masek eram outros costumeiros nas convocações.

O West Ham ainda tinha um desfalque sensível para lidar naquele momento da temporada. Bobby Moore vivia o ápice da carreira, eleito o melhor jogador do futebol inglês na temporada 1963/64. Entretanto, o zagueiro passou alguns meses afastado da equipe. Segundo a versão divulgada à imprensa na época, o capitão tratava de uma lesão na virilha. Na realidade, Moore havia descoberto um câncer nos testículos. O craque passaria por uma cirurgia para remover o tumor e não precisou realizar outros tratamentos, já que a doença foi contida. Tal situação, porém, não viria a público na época. Só alguns companheiros dos Hammers tinham conhecimento da doença, revelada apenas décadas depois, com o falecimento do beque.

Desta vez, o West Ham disputou a primeira partida em Boleyn Ground. O Sparta Praga conseguiu impor uma marcação dura, mas os Irons buscaram a vitória por 2 a 0 no segundo tempo. John Bond abriu o placar com um chutaço do meio da rua aos 12 minutos. Depois que o marcador foi inaugurado, o jogo dos ingleses fluiu melhor. O segundo tento pintou aos 37 minutos da etapa final, numa ótima troca de passes que resultou na conclusão de Alan Sealey. Era um baita resultado antes da viagem à Cortina de Ferro.

Na volta, o West Ham enfrentou um ambiente bem mais intimidador no lotado Estádio Letná. Apesar disso, os Irons saíram vivos, mesmo tomando a virada por 2 a 1. O Sparta pressionou bastante de início, mas o West Ham segurou a barra e abriu o placar aos 14 minutos, num cruzamento de Johnny Byrne para a conclusão de Johnny Sissons. Os tchecoslovacos poderiam ter igualado antes do intervalo, mas o goleiro Jim Standen pegou um pênalti. Somente na segunda etapa é que os anfitriões reagiram. Vaclav Masek empatou aos 23 e Ivan Mraz virou aos 43. Tarde demais, contudo, para impedir o avanço dos londrinos no placar agregado.

Naquela época, a fase final das competições europeias só acontecia a partir de março. Desta maneira, o West Ham precisou esperar três meses entre a volta das oitavas e a ida das quartas. Seria um tempo precioso para a recuperação de Bobby Moore, de volta ao time no momento decisivo. E o adversário seguinte no torneio continental também seria duro. O Lausanne era um dos clubes mais tradicionais da Suíça e atravessou um período condecorado na década de 1960. Seu treinador era o austríaco Karl Rappan, responsável por idealizar o célebre “Ferrolho Suíço”, à frente dos alvirrubros em três Copas do Mundo e também sete vezes campeão da liga local por diferentes clubes. Não surpreendia, assim, que quase todo o time titular dos alviazuis tenha passado pela seleção suíça. Ely Tacchella, Heinz Schneiter, André Grobéty, Richard Dürr e Norbert Eschmann tinham disputado duas Copas do Mundo cada. O ataque ainda contava com o holandês Pierre Kerkhoffs, artilheiro do time trazido do PSV e também com convocações à Oranje.

A partida de ida aconteceu no Estádio Olímpico de la Pontoise, na Suíça. O West Ham mais uma vez deu um grande passo, com a vitória por 2 a 1 fora de casa. O primeiro gol foi anotado por Brian Dear, uma novidade na escalação, aos 33 minutos. O prata da casa assumiu a titularidade no lugar do lesionado Eddie Bovington e teve que providenciar seu passaporte de última hora antes de embarcar para o jogo. Já no segundo tempo, uma grande jogada de Johnny Byrne permitiu aos Hammers ampliarem. A comemoração só não foi maior porque o Lausanne descontou com Robert Hosp, a dez minutos do fim.

O reencontro em Boleyn Ground contou com casa cheia. E os torcedores viram uma partida disputada no mais alto nível, com a vitória apertada do West Ham por 4 a 3. O Lausanne foi de peito aberto em busca da classificação. Geoff Hurst acertou a trave duas vezes no início da partida, mas os visitantes saíram em vantagem aos 37 minutos, numa cabeçada de Kerkhoffs. Seriam cinco minutos de pura tensão nos Hammers, até que o empate viesse aos 42, com um gol contra de Tacchella. Pois a tranquilidade se tornou maior antes mesmo do intervalo, com o talismã Brian Dear aproveitando um rebote para virar.

O Lausanne voltou a empatar no início do segundo tempo, graças a Charly Hertig. Entretanto, o West Ham conseguiu resistir aos maiores temores e sempre deu um passo à frente. O terceiro gol, aos 15 minutos, foi o primeiro de Martin Peters na competição. E quando os alviazuis voltaram a empatar aos 35, com Norbert Eschmann, Brian Dear apareceu no final para recobrar a tranquilidade, com o gol da vitória por 4 a 3 aos 44 minutos. A empolgação com o que os Irons faziam se tornava cada vez maior.

Nas semifinais, o West Ham começou a medir forças com os reais favoritos. E o Zaragoza se mostrava como o candidato mais genuíno à taça. Os Maños atravessavam o período mais glorioso de sua história, com uma linha ofensiva denominada de “Os Cinco Magníficos”. A equipe aragonesa teve dois títulos da Copa do Rei e dois vices de 1962/63 a 1965/66, assim como havia faturado a Copa das Cidades com Feiras em 1963/64 e teria outro vice em 1965/66. O time dirigido por Roque Olsen, argentino vencedor da Champions pelo Real Madrid nos tempos de jogador, estava bem mais acostumado às disputas internacionais. A estrela era o atacante Marcelino, autor do gol do título da Espanha na Euro 1964. Outro campeão europeu no ataque era Carlos Lapetra, enquanto Severino Reija e Juan Manuel Villa eram reservas daquela Fúria. Já o destaque estrangeiro era o ponta Canário, jogador da seleção brasileira nos tempos de America do Rio e depois essencial no Real Madrid penta da Champions em 1959/60.

Ron Greenwood se preparou especialmente para o desafio que o Zaragoza impunha. O treinador chegou a viajar para a Espanha e assistiu a um jogo dos Maños contra o Las Palmas. Detalhista ao extremo, o treinador preparava análises aprofundadas para os seus jogadores antes de cada partida. Faria adaptações específicas em sua equipe, enquanto privilegiava um estilo de jogo mais leve, para bater de frente com a qualidade dos espanhóis. As expectativas foram correspondidas com casa cheia em Boleyn Ground para o primeiro embate. Quase 35 mil pessoas viram os Hammers darem um passo fundamental em busca da decisão, com a vitória por 2 a 1.

O Zaragoza até começou melhor e criou as primeiras chances, mas o West Ham não bobeou e abriu o placar aos oito minutos. Brian Dear continuava iluminado e concluiu nas redes com uma cabeçada cruzada. Aos 24 minutos, os Hammers já ampliavam a diferença. Johnny Byrne apresentou sua categoria ao matar no peito e acertar o chute rasteiro na caída da bola. Foi uma grande exibição dos ingleses no primeiro tempo, sobretudo pelas intensas trocas de passes, algo pouco usual entre os clubes ingleses no período – mas que mostrava a forma de pensar de Ron Greenwood. Depois disso, os Irons baixaram o ritmo e tentaram proteger sua vantagem. Os Maños voltaram com força para a segunda etapa e Canário descontou, num chute que teve a colaboração do goleiro Jim Standen.

A partida de volta, em La Romareda, se prometia difícil o suficiente. Uma multidão lotou as arquibancadas, esperançosa pela reviravolta. E o West Ham teria um grande problema com a ausência de Johnny Byrne. O centroavante tinha sido o artilheiro da temporada anterior e seguia como máximo goleador dos Hammers em 1964/65, com 30 tentos somando todas as competições. Entretanto, o atacante lesionou o joelho num amistoso entre Inglaterra e Escócia no meio de abril. Virou um desfalque imenso para a reta final da temporada. O ponta Alan Sealey assumiu a titularidade rumo ao reencontro com o Zaragoza. Apesar de todos os riscos, o empate por 1 a 1 garantiu a passagem dos londrinos para a final da Recopa.

Seria uma partida de ataque contra defesa, diante do assédio constante do Zaragoza, que botava dez homens no campo ofensivo. Bobby Moore tinha uma atuação excepcional para liderar a zaga e o West Ham resistia à pressão inicial. Todavia, os Maños tiveram a oportunidade de abrir o placar. Aos 22 minutos, Lapetra anotou o gol que igualou o placar agregado. O mérito dos Hammers foi não se desesperar, até que o empate saísse no segundo tempo. Numa troca de passes, Johnny Sissons mandou a bola para as redes aos nove minutos. O Zaragoza não desistiu e seguiu em cima, reclamando ainda de um pênalti não marcado pelo árbitro Leo Horn. Todavia, sem anotar o segundo gol, o timaço dos Cinco Magníficos ficava pelo caminho.

O West Ham teve uma semana a mais de descanso rumo à decisão. A outra semifinal precisou de uma partida extra. O Torino venceu por 2 a 0 no Estádio Olímpico de Turim, mas tomou o troco com os 3 a 1 do 1860 Munique no Estádio Grünwalder. Sem pênaltis previstos na época, o jogo de desempate aconteceu no Letzigrund, de Zurique. Não só Ron Greenwood pegou o avião rumo à Suíça, mas o West Ham partiu com a delegação completa, inclusive os jogadores, para assistir à vitória dos alemães-ocidentais por 2 a 0. Outro detalhe é que, na pré-temporada, os Hammers também tinham visto um amistoso do 1860 em Londres, contra o Chelsea. “Não é sempre que o técnico tem a chance de levar seu time para assistir ao adversário em ação. Do ponto de vista dos jogadores, isso nos deu uma percepção inestimável das forças individuais e das fraquezas do time que enfrentaríamos”, refletiu Hurst, ao site do clube.

O 1860 Munique era mesmo um adversário que merecia total respeito naquele momento. Os Leões também atravessavam seu ápice histórico, num período em que eram superiores ao próprio Bayern de Munique na cidade. A Copa da Alemanha de 1963/64 foi o segundo título nacional da equipe, que faturou a Bundesliga pela primeira (e única) vez em 1965/66. O austríaco Max Merkel era um treinador qualificado, que tinha sido campeão nacional com o Rapid Viena e passado também por um forte Borussia Dortmund, antes de assumir os bávaros em 1961 – depois, seria campeão por Nuremberg e por Atlético de Madrid. Já a equipe vinha recheada de nomes relevantes daqueles primórdios da Bundesliga. Capitão do 1860, Rudolf Brunnenmeier era um dos principais artilheiros em atividade no país e chegou à seleção. Peter Grosser, Hans Rebele, Hans Küppers e Alfred Heiss foram outros a passar pela Mannschaft. A defesa ainda contava com os iugoslavos Stevan Bena e Petar Radenkovic, este entre os melhores goleiros em atividade na Europa naquele momento. Tinha sido prata olímpica com a seleção e ganhou por duas temporadas consecutivas o prêmio de melhor arqueiro da Bundesliga.

Se por um lado o 1860 Munique tinha seus predicados, por outro o West Ham também merecia respeito. A equipe continuava com sua espinha dorsal muito bem entrosada. A formação titular na decisão da Recopa reunia apenas jogadores que estavam pelo menos desde 1962 no elenco profissional. Além disso, eram nove atletas formados nas categorias de base, com toda a preponderância da Academia em Boleyn Ground. Jim Standen abria a escalação no gol. Bobby Moore era a grande referência na defesa, que alinhava também Joe Kirkup, Jack Burkett e Ken Brown – este, outra bandeira do clube e o mais antigo do elenco, com 13 anos de estrada. Martin Peters era o grande diferencial no meio-campo, pela maneira como se movimentava e facilitava o trabalho dos companheiros com sua qualidade técnica. Alan Sealey, Ronnie Boyce e Johnny Sissons o acompanhavam. Mais à frente, Geoff Hurst fazia um trabalho mais tático e não surpreendia a falta de gols na Recopa. Quem aproveitava bem os espaços era Brian Dear, artilheiro da campanha.

Se o time de Ron Greenwood por si já colocava o West Ham num patamar altíssimo, a sorte também auxiliou o clube na ocasião. A final da Recopa acontecia em partida única e em campo neutro, previamente escolhido pela Uefa. Contudo, daquela vez, o cenário não seria tão neutro assim: a decisão estava marcada para Wembley. Um ano depois da conquista da Copa da Inglaterra, Bobby Moore voltava a puxar a fila dos Hammers no sagrado estádio inglês. Os londrinos realizaram a reta final de sua concentração no Hotel Hendon Hall, que ficava de frente para Wembley. Entraram no clima desde as vésperas do duelo. Além disso, as arquibancadas claramente estavam a favor. Dos 97,8 mil presentes nas tribunas, a maioria absoluta torcia pelos Irons.

Aquela final da Recopa Europeia é classificada pelos próprios ingleses como um dos maiores jogos realizados em Wembley. Foi uma partida cheia de alternativas e chances de gol, disputada num ritmo frenético pelas duas equipes. “Nunca o dinheiro dos torcedores foi tão bem gasto. Essa foi uma noite na qual o verdadeiro entusiasta do jogo, que vive nas arquibancadas mesmo durante o inverno, finalmente estava no lugar legítimo no teatro nacional do esporte. Raras vezes antes Wembley pôde ouvir um barulho tão rico e vibrante do início ao fim. A partida que vimos na última noite foi mais que um triunfo para o West Ham. Foi um triunfo para o próprio jogo de futebol”, escreveu o jornal The Times, em seu relato posterior.

O placar de 2 a 0 para o West Ham nem traduz tão bem tal excelência. A partida em ritmo alucinante já começou com tudo. E os Irons eram superiores em sua blitz. Johnny Sissons perdeu grande chance de cabeça dentro da área, pouco antes que os Hammers tivessem um gol anulado com Brian Dear. Petar Radenkovic também provou sua grande forma, com uma defesaça em pancada de Geoff Hurst e outra diante de Ronnie Boyce. Os lances fluíam especialmente pelo lado esquerdo, mas faltava um pouco mais de precisão nas conclusões grenás, com grandes oportunidades desperdiçadas. Mas não que o 1860 Munique apenas assistisse ao jogo dos adversários. Os bávaros também buscavam o ataque e chegavam com perigo, mesmo dando menos trabalho ao goleiro Jim Standen durante a primeira etapa. No melhor lance, Rudolf Brunnenmeier bateu por cima.

O segundo tempo se tornou ainda mais franco. O West Ham continuava mais perto do gol, com uma bola de Sissons na trave e um gol anulado de Alan Sealey por claro toque de mão. Porém, o 1860 Munique também se aproximava do tento. Standen começou a aparecer bem mais, com saídas providenciais nos pés de Brunnenmeier, Peter Grosse e Hans Kuppers. Não que Radenkovic estivesse a salvo na meta dos Leões, excepcional para repelir os chutes de longe. A partidaça não arrefecia.

O placar saiu do zero apenas aos 25 minutos do segundo tempo. Boyce teve grande participação no lance, ao roubar a bola na intermediária ofensiva e avançar, com uma sequência de dribles para abrir a defesa alemã-ocidental. Deu o passe para Sealey, que dominou com liberdade pelo lado direito da área e soltou uma pancada no alto da meta de Radenkovic. Dois minutos depois, os Hammers já ampliaram. Num contragolpe, Radenkovic cometeu falta fora da área sobre Brian Dear para evitar o tento. Na cobrança, Bobby Moore executou o lançamento com muita categoria. Peters ajeitou dentro da área e Sealey fuzilou no barbante.

Os minutos finais ainda contaram com um recital do West Ham, por mais que o 1860 não desistisse e partisse para cima. A goleada poderia ter vindo, diante dos espaços oferecidos aos ingleses. Sissons mandou uma bola no travessão, Brian Dear teve um gol anulado, Radenkovic realizou uma defesa à queima-roupa, a zaga fez um corte providencial na pequena área. O último lance ainda viu uma tentativa de bicicleta de Peters na área, mas o chute saiu torto. Era uma noite para não mais se esquecer.

“Foi um jogo magnífico e, se o West Ham demorou muito para dar seu golpe fatal, foi a única falha que encontrei em seu futebol. O futebol era ousado e imaginativo; seus contra-ataques eram sempre mais claros que os do 1860 Munique. Foi uma performance polida do West Ham, ainda que a partida tenha pegado todo mundo pelo pescoço desde o início. […] Ao longo de toda a campanha, o West Ham jogou um futebol inteligente e intelectual, e podemos esperar que reflexos disso sejam mais amplos no jogo britânico”, analisava o The Times.

Bobby Moore, mais uma vez, recebeu elogios especiais por sua atuação naquela partida. Foi o ápice da classe do defensor, que avançava para armar o time e providenciar seus lançamentos sempre que possível. As combinações com Martin Peters à frente eram uma das armas do West Ham. E o capitão teria seu segundo ato na tribuna de honra em Wembley. Subiu novamente as escadas do templo sagrado para receber o troféu da Recopa Europeia. Um gesto que se repetiria pela terceira vez, um ano depois, após a final da Copa do Mundo. Era o ápice de um dos maiores zagueiros da história, e numa redenção marcante após superar o câncer nos testículos.

E se o capitão do West Ham faria muito mais em sua carreira, o herói da Recopa em Wembley viveu a maior noite de sua vida com ares fugazes. Alan Sealey era um mero coadjuvante na ponta direita dos Hammers. Não à toa, só tinha marcado três gols naquela temporada inteira, antes de anotar os dois tentos contra o 1860 Munique. Sua trajetória no clube não duraria mais do que isso: aqueles foram justamente seus dois últimos gols com a camisa grená. Durante a pré-temporada seguinte, enquanto jogava críquete com os companheiros, o atacante sofreu uma fratura na perna. Ficou mais de um ano parado e mal conseguiria retomar sua carreira com os londrinos. Disputou só mais cinco partidas e sequer marcou novos gols. Passaria depois brevemente pelo Plymouth Argyle, antes de rodar por clubes amadores no fim da década de 1960.

Sem Alan Sealey, o West Ham ainda chegaria às semifinais da Recopa Europeia em 1965/66. Os Hammers passaram por Olympiacos e Magdeburgo, antes da queda diante de um forte time do Borussia Dortmund – que se sagraria campeão na decisão contra o Liverpool. O prêmio paralelo do clube na sequência daquele ano ficaria com a conquista da Copa do Mundo. O papel central de Bobby Moore, Martin Peters e Geoff Hurst na nova taça em Wembley é um orgulho imenso para os Irons. Foram três gols de Hurst e outro de Peters na final contra a Alemanha Ocidental, além da braçadeira de Moore. Não à toa, a imagem do trio está imortalizada em forma de estátuas. Há uma escultura clássica em Boleyn Ground com os campeões do mundo segurando a Jules Rimet e outra mais recente foi inaugurada no Estádio Olímpico de Londres, com o troféu da Recopa. Os londrinos exaltam como aquele feito do clube teve reflexos ainda maiores para o futebol inglês como um todo.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
Botão Voltar ao topo