Sólida na defesa, Inter anula e controla o Benfica para sair da Luz com vitória e levar boa vantagem a Milão
Mesmo atuando em Lisboa, Inter se defendeu bem, criou chances e leva uma vantagem de 2 a 0 para Milão, ficando perto de garantir um italiano na final
O Estádio da Luz estava lotado para ver um Benfica que causava muita expectativa e que chegava como favorito neste duelo de quartas de final da Champions League. Em campo, o que se viu não foi isso: a Internazionale foi até Lisboa e foi de fato melhor que os encarnados com uma defesa sólida e criando mais chances para sair com um imenso 2 a 0 no placar.
A vitória veio uma ótima atuação defensiva, com um meio-campo dos mais eficientes e com uma imensa capacidade de impedir o jogo do Benfica, ao mesmo tempo que conseguiu jogar e ser mais perigoso. Nenhum benfiquista poderá dizer que o seu time mereceu mais do que o resultado mostra. Os encarnados, que foram muito mais time que a Inter em toda a temporada, não conseguiram mostrar esse nível logo quando mais precisou. Perdeu merecidamente.
Maldição?
A vantagem conquistada coloca o time italiano muito mais perto da semifinal e faz o Benfica precisar de um pequeno milagre em Milão para seguir o seu caminho e quebrar a maldição de Béla Guttmann, que teria dito que o clube não conquistaria um título europeu nem em 100 anos. Em 1962, data do último título do Benfica, o técnico húngaro teria pedido um aumento para a diretoria, que recusou. Ele, então, deixou o clube dizendo que eles não seriam campeões da Europa em 100 anos. E lá se vão 61 anos.
A maldição é disputada, porque os relatos são controversos a respeito da sua existência. Contudo, sendo verdade ou apenas uma lenda, tornou-se uma superstição que continua sendo lembrada. Sendo verdade ou não, o Benfica ficou um pouco mais distante de quebrá-la depois da derrota nesta terça-feira.
Escalações
Os times chegaram em momentos muito diferentes na temporada. Ainda que o Benfica tenha perdido o clássico contra o Porto na última sexta-feira, o time lidera o Campeonato Português e está com uma boa vantagem para chegar ao título. O time tem sete pontos de vantagem para o Porto e, além disso, tem jogado um ótimo futebol, não só na liga, mas também na Champions League.
A Inter, por outro lado, vem de um momento horrível na Serie A, com cinco jogos sem vencer e atualmente fora da zona de classificação à próxima Champions League, em quinto lugar. O time tem jogado mal, perdido muitos pontos e o futuro do técnico Simone Inzaghi está em xeque. Um time cheio de problemas que chegou ao Estádio da Luz para tentar um bom resultado e um desempenho perdido.
O técnico Roger Schimidt escalou o Benfica no 4-2-3-1, com Gonçalo Ramos no comando do ataque, municiado por Fredrik Aursnes, Rafa Silva e João Mário, este o principal destaque da equipe. O brasileiro David Neres começou o jogo no banco. Na defesa, Felipe Morato formou a dupla de zaga com António Silva, já que o argentino Nicolás Otamendi, um dos líderes da equipe, estava suspenso.
Já a Inter, de Simone Inzaghi, foi a campo na formação de sempre: o 3-5-2, que defendendo se tornava um 5-3-2. Edin Dzeko foi mais uma vez o escolhido para formar o ataque com Lautaro Martínez, com Romelu Lukaku no banco de reservas. O meio-campo foi formado por Marcelo Brozovic, Nicolò Barella e Henrikh Mkhitaryan, já que Hakan Çalhanoglu continua machucado.
Primeiro tempo
O esperado era que o Benfica tomasse a iniciativa para buscar o gol e isso foi visto, mas o time português não conseguiu envolver a Inter. Assim como na sua última visita a Portugal, nas oitavas de final contra o Porto, a Inter mostrava uma postura defensiva bastante sólida e segura. Raramente o Benfica conseguia trocar passes muito perto da área.
Foram 20 minutos com o Benfica tentando chegar ao ataque, mas sem conseguir grandes sucessos nessa disputa territorial. Aos poucos, a Inter conseguiu se recuperar no jogo, ganhar terreno e passou a ameaçar, especialmente nas descidas pelo lado esquerdo, com Federico Dimarco.
A Inter começou a ficar mais perigosa e, por duas vezes, chegou perto. Primeiro, Barella fez um passe por cima procurando por Edin Dzeko pelo alto, mas a bola saiu um pouco mais alta do que deveria. Depois, Barella fez outro lançamento pelo alto, desta vez para Dimarco pegar de primeira, chutando para o meio, e Lautaro Martínez furou, bem marcado.
O fim do primeiro tempo dava a sensação da Inter estar mais perto do gol do que o Benfica, que passou de um domínio estéril no começo da partida para ver oi time italiano dominar as ações ofensivas da partida.
Segundo tempo
Aos seis minutos do segundo tempo, a Inter conseguiu abrir o placar. Em uma jogada pela esquerda, o zagueiro Alessandro Bastoni avançou pelo lado esquerdo, aproveitando o espaço deixado pela defesa com a movimentação de Dimarco, e cruzou para a área, onde Barella aproveitou para dar uma cabeçada certeira, no canto, e abrir o placar: 1 a 0.
Vieram mudanças na Inter aos 17 minutos. Simone Inzaghi trocou os dois atacantes de uma só vez: sacou Lautaro Martínez e Edin Dzeko e entraram Joaquín Correa e Romelu Lukaku. Além disso, entrou também Robin Gosens no lugar de Federico Dimarco, um ala por outro ala.
Embora Dimarco fosse um dos melhores da Inter no jogo, aparentemente a mudança era para manter o time fisicamente inteiro pelo lado esquerdo, o mais usado pelo time. O Benfica também mexeu com a entrada de David Neres no lugar de Florentino Luís, tornando o time ainda mais ofensivo.
Nada funcionava para o Benfica. A Inter seguia dominante no jogo, trabalhando bem as jogadas pelo meio, controlando o meio-campo e ainda sendo mais perigoso do que os encarnados. O time da casa tentava, mas o meio-campo da Inter não dava espaços e a defesa estava fechada.
As coisas se complicaram ainda mais para o Benfica aos 33 minutos. Denzel Dumfries cruzou da direita para a área, o meia João Mário se jogou para bloquear a bola, que tocou no seu braço esquerdo, que estava acima dos ombros. Inicialmente, o árbitro não viu, mas o VAR chamou o árbitro.
Ao rever o lance no replay, o árbitro Michael Oliver voltou a campo e apontou a marca da cal: pênalti. A cobrança foi feita por Romelu Lukaku. O belga bateu com precisão, rasteiro, no canto esquerdo do goleiro, e marcou: 2 a 0 para a Inter em pleno Estádio da Luz.
O Benfica tentou colocar uma pressão, que não aconteceu. No último lance do jogo, o Benfica conseguiu o seu único lance de real perigo: uma bola de Gonçalo Ramos de pé esquerdo, mas defendido com facilidade por André Onana.
Os nerazzurri levam uma vantagem enorme para Milão. Os 2 a 0 permitem que o time italiano até perca por um gol de diferença que ainda assim estará na semifinal. Se conseguir eliminar os benfiquistas, isso garante a presença de um time italiano na final da Champions. Isso porque o vencedor de Inter x Benfica enfrentará quem avançar entre Milan x Napoli. Desde 2017 não há um italiano na final, quando a Juventus perdeu do Real Madrid. E desde 2010 não há um italiano campeão, sendo a Inter justamente a última equipe do país a levantar a taça.