O Milan entrou para jogar um mata-mata e impôs sua mentalidade para derrotar o PSG
O Milan foi para a trocação durante o primeiro tempo e teve bem mais firmeza quando virou o placar, algo fundamental à vitória no San Siro

Pouco importava que o San Siro recebesse uma partida de quarta rodada da fase de grupos da Champions League: para o Milan, o duelo contra o Paris Saint-Germain valia feito um mata-mata. O incensado Grupo F tem providenciado várias decisões nesta temporada. E os rossoneri precisavam corresponder, ainda sem vitórias na campanha, especialmente depois da dura derrota no Parc des Princes durante o compromisso anterior. Desta vez, a torcida milanista se satisfez. Viu um time agressivo, focado e muito ciente da necessidade do resultado. Encontrou do outro lado um PSG até aceso de início, mas pouco inspirado quando precisava reagir. Deu Milan, com todos os méritos numa virada por 2 a 1 que reaviva o time no torneio.
O primeiro tempo foi bastante equilibrado. Contou com uma trocação durante os 45 minutos. O Milan tinha a iniciativa, mas o PSG respondia na mesma moeda e abriu o placar. O empate foi instantâneo e os rossoneri construíram boas possibilidades de virar, embora os parisienses também tenham parado no travessão. Já na segunda etapa, um gol rápido fez o jogo ficar nas mãos do Milan. A equipe protegeu muito bem o resultado e fez uma atuação impecável na defesa, contra um PSG que não conseguiu mais se achar. Loftus-Cheek jogou muita bola no meio-campo, Theo Hernández e Rafael Leão se combinaram bem na esquerda, Giroud foi decisivo como de costume. Atrás, Tomori e Maignan também lideraram a resistência. Do lado do PSG, os elogios não são no mesmo nível. Mesmo com Donnarumma se saindo bem diante da pressão criada na volta a Milão, o ataque não compensou, em noite pobre para Dembélé e sobretudo Mbappé.
As formações
O Milan vinha sem invencionices no 11 inicial, escalado por Stefano Pioli. Mike Maignan era o goleiro. A defesa tinha Davide Calabria confirmado na lateral direita e Theo Hernández na esquerda, além de Fikayo Tomori e Malick Thiaw no miolo de zaga – com a indisponibilidade de Pierre Kalulu. A trinca de meio-campo reunia Tiijani Reijnders, Yunus Musah e Ruben Loftus-Cheek, este também de volta após ausência por contusão. Christian Pulisic e Rafael Leão abriam nas pontas, com Olivier Giroud centralizando as ações na frente.
Já o Paris Saint-Germain também repetia a base recente do 4-3-3 utilizado por Luis Enrique. Tratado como traidor na volta ao San Siro, com direito de notas falsas com seu rosto impresso atiradas em campo, Gianluigi Donnarumma ocupava o gol. Achraf Hakimi e Lucas Hernández eram os laterais, com Marquinhos e Milan Skriniar no miolo da zaga. O jovem meio tinha a trinca Warren Zaïre-Emery, Manuel Ugarte e Vitinha. Ousmane Dembélé, Randal Kolo Muani e Kylian Mbappé desenhavam o ataque.
Mais de 20 finalizações só no primeiro tempo
A partida esquentou logo cedo. Aos dois minutos, Rafael Leão testou Donnarumma pela primeira vez e o goleiro defendeu sem problemas, mas ouviu as sonoras vaias. O Milan buscava o protagonismo, com velocidade pelos lados do campo e mais iniciativa ofensiva. Uma grande chance pintou aos seis, com um passe limpo de Rafael Leão que Loftus-Cheek isolou na finalização, livre. A questão é que o PSG não era apenas passivo dentro de campo e tentava igualar em suas posses de bola. Mbappé deu o aviso num chute da entrada da área que Maignan defendeu. Na sequência, um escanteio rendeu o gol dos franceses.
Foi uma pane defensiva do Milan que permitiu o tento, aos nove minutos. A cobrança de escanteio chegou para Marquinhos, no primeiro pau, que desviou. Skriniar mergulhou sozinho na segunda trave e guardou de peixinho. Os milanistas ao menos não mudaram a atitude depois do tento. Sabiam que precisavam da vitória. Musah tentou o empate imediato e a bola foi em cima de Donnarumma, no meio do gol. Já aos 12, as redes balançaram para os rossoneri. Num avanço rápido pela esquerda, Giroud parou em Donnarumma. Rafael Leão ficou com rebote e emendou uma linda puxeta, que terminou no barbante. Durante a comemoração, o atacante pediu silêncio à própria torcida.
O jogo não parava. O PSG voltou a martelar pouco depois. Maignan foi bem ao se antecipar a Mbappé, antes de Hakimi tentar um chute cruzado sem direção. O relógio sequer atingia os 20 minutos, mas dois times eram muito diretos em suas ações – e nem sempre tão encaixados na defesa. Somente depois disso é que a partida cairia um pouquinho de ritmo. Entretanto, Mbappé voltaria a assustar numa escapada em velocidade, após enfiada na medida de Kolo Muani. O centroavante deu um toquezinho na saída de Maignan, mas direcionou mal o chute e errou por muito o alvo.
O que não se perdia era a capacidade dos times no ataque. Dembélé deu um susto imenso no Milan aos 27, numa batida colocada que balançou o travessão. Na resposta instantânea do Milan, Giroud de novo achou um espaço pelo lado esquerdo da defesa e mandou uma pancada na parte externa da rede. Donnarumma reapareceu em cena aos 32, numa falta potente de Tomori, mas diretamente no centro da meta. Rafael Leão e Pulisic também arremataram para fora. O time da casa ia muito bem nas recuperações no meio-campo, o que permitia as transições rápidas. Loftus-Cheek era imprescindível no setor.
O PSG teve um respiro um pouco maior na reta final da primeira etapa, com posse de bola ofensiva. Porém, nada suficiente para romper a marcação mais encaixada do Milan. Os parisienses pendiam para o lado direito do ataque e Mbappé fazia uma partida apagada até então. Além disso, a equipe se limitava a chutes de média distância. Maignan foi muito sólido para agarrar chutes de Dembélé e Vitinha. Faltava um pouco mais de imprevisibilidade às ações dos franceses.
O PSG esbarra num paredão
O segundo tempo recomeçou numa intensidade igualmente alta. E com o Milan mais objetivo. Reijnders tentou um chute sem direção, mas logo a bola encontraria o rumo das redes, aos cinco minutos, para a virada rossonera. O primeiro cruzamento passou por todo mundo e Rafael Leão não chegou na bola. A sobra ainda ficou com Theo Hernández do outro lado, e o francês achou Giroud. Passe perfeito, na cabeça do centroavante, que testou no alto da meta. Os milanistas ficavam com a confiança lá no alto e também indicavam um nível maior de concentração. Rodavam a bola e tinham o escape de Leão para bagunçar pela esquerda.
O segundo tempo do PSG era fraco. Faltava algo a mais para o time, que era um marasmo de ideias quando atacava e sequer fazia Maignan trabalhar. Não à toa, Luis Enrique promoveu três trocas aos 15 minutos: entraram Lee Kang-in, Fabián Ruiz e Gonçalo Ramos, para as saídas de Ugarte, Vitinha e Kolo Muani. Era um time mais ofensivo. Entretanto, não fosse Donnarumma, o cenário tinha se tornado pior aos 18. Numa cobrança de falta direta de Theo Hernández, o goleiro voou para espalmar a bola com endereço. Mais uma troca no PSG ocorreu na sequência, com Lucas Hernández dando lugar a Nordi Mukiele.
A primeira finalização certa do PSG no segundo tempo demorou 24 minutos para acontecer. Mbappé apareceu e tentou um chute sem tanto ângulo, mas Maignan fechou bem a trave para repelir. O Milan estava interessado em administrar a vantagem, e não que os parisienses acelerassem. Não parecia haver senso de urgência do lado francês, embora a defesa milanista também merecesse os créditos pelo bom posicionamento, trancando a área. O esforço dos italianos impressionava, até por condicionar o jogo ao seu interesse.
O Milan demorou bastante a fazer suas primeiras trocas. Rude Krunic e Noah Okafor deram novo gás ao time aos 39, nos lugares de Musah e Rafael Leão. A nova peça do ataque não demorou a fazer barulho, com duas participações de Okafor em sequência. Já exigiu uma boa defesa de Donnarumma, antes de mandar uma bola por cima do travessão. O terceiro milanista parecia mais próximo do que o segundo do PSG. Faltava uma individualidade aos parisienses, pela forma como Mbappé e Dembélé estavam encaixotados.
O PSG só tentou algo diferente no fim. Primeiro, com Lee. O sul-coreano balançou e chutou no canto, mas Maignan fez uma defesa providencial com a ponta dos dedos, em bola que ainda pegou na trave. Milagre que fazia a diferença. Bradley Barcola virou uma cartada desesperada de Luis Enrique, no posto de Skriniar, enquanto Pulisic permitiu que Alessandro Florenzi reforçasse a defesa milanista. A chance de ouro do PSG nos acréscimos caiu nos pés de Dembélé, a partir de um lindo passe rasteiro de Marquinhos. Sozinho, o atacante errou o domínio. Já no restante do tempo, os parisienses bateram na parede. Baita segundo tempo defensivo do Milan.
Como fica a tabela
O PSG permanece na zona de classificação do Grupo F. Os franceses somam seis pontos, agora na segunda colocação. O Borussia Dortmund lidera com sete pontos, após o triunfo sobre o Newcastle. Já o Milan está vivíssimo graças à sua vitória. Os rossoneri chegam aos cinco pontos, em terceiro. O Newcastle fica para trás, com quatro pontos. Na próxima rodada, o PSG entra em campo no Parc des Princes contra um pressionado Newcastle. O Milan atuará de novo no San Siro, contra o líder Dortmund.